O mundo estava diferente. Há cinco anos metade da vida na Terra havia desaparecido em um estalar de dedos mas, agora, todos haviam voltado tão repentinamente quanto sumiram.
Necessitando de amparos, o mundo conta com o Conselho de Repatriação Globa...
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Alemanha • 2016
— Devo dizer que você fica uma gracinha com esse avental, Sargento. — Anna morde o lábio o inferior para evitar a risada.
Eles estavam fazendo bolinhos pela última hora, usando uma receita na internet de procedência duvidosa e improvisando com os ingredientes que não tinham em casa. Boa parte da cozinha estava suja de farinha de trigo de quando Bucky abriu o saco com força demais e desperdiçou um terço dela.
— Você achou? — Ele olha para si mesmo, morde a bochecha para não sorrir e manter o personagem, mas se torna difícil quando um “vovó número #1” está estampado no avental cheio de corações coloridos que ele usa. — Me sinto muito atraente usando isso.
— Ah, você está, vovó!
Bucky joga a cabeça para trás em uma risada compartilhada com Atkinson, os olhos franzidos pelo sorriso largo são algo que Anna nunca pensou presenciar, mas ela gosta da vista e da sensação de conforto que lhe invade.
— Por que tem um avental de avó? — ele pergunta depois de um tempo.
— Foi Lila quem me deu, é a filha do Clint.
— E por que eu estou usando e não você?
— Porque eu não gosto de aventais e achei que você ficaria bonitinho em um.
— Quer dizer que estou assim unicamente pelo seu divertimento?
— Isso aí!
— Sou o que para você? Seu bobo da corte particular? — Ele finge estar ofendido.
— Eu não nomearia assim, mas se não for um problema para você eu tô tranquila. — Anna dá de ombros, agindo como se fosse uma discussão séria.
— Você é um ser humano terrível, Atkinson.
Ela deixa a gargalhada escapar, se aproximando em um passo para manter o equilíbrio. Anna arruma a bagunça na mesa em um silêncio confortável com Barnes e põe as formas de bolinhos no forno, voltando a ele de novo enquanto esfrega uma mão na outra a fim de tirar o trigo desperdiçado.
Bucky não percebe que a garota estava mais próxima, concentrado demais em desfazer o nó que o próprio havia armado na fita do avental que pendia em seu pescoço. Anna sorri para a cena, perguntando-se quando — alguns meses atrás — aquilo seria possível.
Quando ergue sua cabeça a procura dela, espanta-se com a proximidade repentina. Seus olhos reagem mais rápido do que a mente quando escorregam do rosto bonito para o corpo de Atkinson. A blusa frouxa de mangas da cor vinho, os braços cruzados e o short preto que cobria parte das coxas da garota. Quando volta para os olhos dela, ele tem um sorriso desajustado nos lábios.
— Pode me ajudar? — A mão metálica repuxa a fitinha vermelha para dar ênfase. — Sinto que se insistir mais um pouco nisso vou rasgar seu avental de vovó.
