O mundo estava diferente. Há cinco anos metade da vida na Terra havia desaparecido em um estalar de dedos mas, agora, todos haviam voltado tão repentinamente quanto sumiram.
Necessitando de amparos, o mundo conta com o Conselho de Repatriação Globa...
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Alemanha • 2016
Mesmo após dois dias do seu primeiro beijo, nenhum dos dois parece cansado de repetir aquilo inúmeras vezes — em qualquer oportunidade. A realidade que entraram ainda é desconhecida, confortável demais e cheia de uma luz que os esquenta. Sorriem aonde antes as lágrimas eram presentes, e compartilham da mesma felicidade aonde a angústia dominava.
Atkinson está do lado de fora, deitada no pano que havia levado para a área verde, a cabeça apoiada em almofadas e um livro antigo na mão. Está lá desde que acordara, e mesmo horas depois, o sol ainda não está forte o suficiente para expulsá-la. Seu estômago, por outro lado, ronca em protesto para recolher suas coisas e caçar algo para comer.
Não precisa de esforço quando Bucky chega, ele se senta próximo ao corpo dela, com um pote de vidro cheio de frutas cortadas em cubinhos. Dois palitinhos espetados em morangos esperando por ela.
Anna abaixa o livro, seu coração dando pulinhos idiotas quando vê o sorriso largo no rosto de Barnes e o brilho no azul dos seus olhos. O sorriso que se espelha no rosto dela é tão automático que ela quiser sente.
— Está a tempo demais aqui fora, Girassol.
— Sentiu minha falta?
Atkinson senta e Bucky aproveita para lhe roubar um beijo rápido e estalado.
— Senti. — Ela sorri. — Achei que fosse estar com fome. — O soldado traz o pote para deixar entre eles. — Peguei um pouco de todas as frutas que tinham guardadas. — Algo parece passar pela sua cabeça, Anna nota porque a marquinha entre suas sobrancelhas se torna mais evidente quando ele as franze um pouco. — Existe alguma que você não gosta?
— Não suporto pêssego — exaspera ela. — Mas amoras e kiwi são minhas favoritas.
Bucky espeta um pedaço da fruta verde para levar a boca da garota. Ela sorri e aproxima para abocanhar, fecha os olhos por segundos e murmurando o quanto é bom.
— E você? — pergunta, a cabeça inclinada para trás e os olhos vidrados sobre ele.
Barnes mal pode acreditar que aquilo é real. Os raios de sol batem contra ela, iluminando-a quase como um ser celestial. Os cabelos da cor de caramelo estão mais claros e brilhosos e as bochechas coradas pelo tempo fora dão um ar mais gracioso, combinando com os lábios avermelhados. Atkinson nunca estivera tão bonita.
— Acho que não tem alguma fruta que não goste. Mas as preferidas são morangos.
Como ele fizera, Anna espeta a fruta vermelha para levá-la a boca dele. Eles comem em silêncio, pequenas perguntas e respostas que os permitem se conhecer melhor ocasionalmente. É tão boa a sensação — a calma e paz que os rodeia quando estão juntos. Os últimos dias pareceram um paraíso, o refúgio do qual nenhum dos dois faz questão de ir embora.
