Diamante Negro 🔞

William Thompson

Sem correção

Em Paris, William Thompson, saía do banho, enrolando a toalha na cintura. Elevou a mão para retirar o vapor do espelho e por alguns instantes, analisou sua bela e máscula fisionomia cor de ébano no reflexo.
Quem o visse assim, tendo todo os seus desejos sendo realizados, cercado pelo luxo, usando roupas de grifes famosas e hospedado numa suíte presidencial do Hotel Prince de Galles, localizado na luxuosa Avenue George V, Paris,  jamais imaginaria pelo que tinha passado na infância.

Nunca houve em sua vida uma figura paterna, a qual pudesse se espelhar com bons exemplos, mas mesmo assim, tinha aprendido desde pequeno a cultivar bons hábitos e ter prazer pelos estudos graças às pessoas que lhe educaram no orfanato. Tinha total consciência que só estudando muito e mostrando seu talento com os números, ele, um Afrodescendente, poderia ocupar espaços importantes na sociedade.
Filho de uma mãe solteira, negra e viciada em drogas, estar ali usufruindo de tudo o que o dinheiro pudesse comprar não aconteceu como ele havia planejado, metodicamente, durante o tempo em que se debruçara sobre os livros da universidade. Sua vida mudara da água para o vinho, e diga-se de passagem, para o mais nobre e caro néctar dos deuses, quando recebera a carta de um advogado, informando-lhe que um tio avô, havia lhe deixado toda a sua herança. Foi desta forma que William Clarke, passou a usar o sobrenome Thompson e ser um dos homens mais ricos da Suíça e Inglaterra, listado pela revista Forbes por três vezes seguida.
Quando se dedicara com afinco na faculdade, sabia que um negro precisava se esforçar o triplo para alcançar seus objetivos, William sequer sonhou alguma vez, que aos 28 anos de idade, as parcas economias que possuía naquela época, para dar o ponta pé inicial ao seu sonho, seriam apenas trocados hoje, para ele.
O montante que levara anos economizando pagavam apenas três diárias numa suíte como a que usufruía agora.

Para ele fora uma surpresa descobrir que tinha sido procurado por seu avô por tanto tempo e com a sua morte, Henry Thompson, o irmão mais novo do velho, assumira as buscas até encontrá-lo. 
A imensa fortuna da família Thompson precisava do herdeiro perdido para tocar os negócios agora que o tio avô também havia falecido sem deixar filhos ou netos.

Filho de pai desconhecido na certidão de nascimento, William crescera num orfanato desde os quatro anos, e fora uma daquelas crianças que são tiradas das ruas pela assistência social porque a mãe viciada o deixava a própria sorte por dias a fio. As poucas, mas terríveis lembranças que tinha dela, eram de uma mulher negra que fedia a álcool e a cigarro, de dentes encardidos, maltrapilha e extremamente magra. Na memória, as cenas do seu comportamento quando estava sob o efeito de alguma bebida ou droga forte: as de homens que frequentavam um quarto imundo, com os quais ela fazia sexo, e que sempre   rendiam-lhe o sustento para o seu vício. Contrariando, as suas lembranças, o advogado de seu tio avô lhe mostrara uma única fotografia que destoava da mulher que conhecera como mãe. Nela, Louise Clarke aparecia acompanhada de outras garotas, com uma aparência bonita e vistosa. Will descobrira então, que ela fora uma atriz de teatro até cair no mundo horripilante das drogas e morrer de uma overdose de heroína meses após ele ter ido para o orfanato.

A batida discreta na porta da suíte fez dispersar seus pensamentos.
Ainda com o dorso molhado, atravessou o grande espaço para receber o carrinho com o café da manhã, empurrado por uma moça de uniforme vermelho e branco, bonita, que o engoliu com os olhos, ao vê-lo somente com a toalha na cintura.

William sabia que se destacava por ser um homem de beleza exótica. A genética dos ancestrais africanos fizera seu trabalho com perfeição.Ninguém diria que o homem, que agora, voltava-se para frente do espelho tinha também sangue de brancos correndo em suas veias. Alto, seu corpo musculoso e esguio emanava energia. Seus olhos escuros profundos e enigmáticos escondiam bem os traumas da infância infeliz e solitária. Apenas uma pessoa, a qual guardava na lembrança com muito carinho, sabia das dores pelas quais havia passado.