Revelações

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Sem correção

Sonho ruim era uma expressão bem adequada para descrever o que Cindy passou nas horas seguintes com o estado de Noah. Ficou no quarto, cuidando dele até que a luz tênue do dia de inverno tivesse ido embora junto com os empregados da casa. William deixou a mansão por umas duas horas, mas já havia retornado. Noah agora dormia, a temperatura tinha abaixado e os exames acusaram uma mononucleose, que  começou a ser tratada assim que o médico veio vê-lo outra vez.

Já passavam das 21 horas, quando William entrou no quarto, trazendo sanduíches e um copo de leite morno para ela. Cindy tirou os olhos do livro que estava lendo.

__ Tudo bem?- ele indagou baixinho.

__ Tudo. - ela suspirou saindo da poltrona perto da janela de vidraças para sentar na cama em frente.__Acho que só estou um pouco tensa. Nem a leitura me acalma.

__ Normal estar assim. O pediatra nos disse que ele ficará bem.
Achei que pudesse estar com fome.

__ Obrigada! Foi você quem os preparou?

Ele pôs a bandeja em cima da cama.

__ Ainda sei fazer sanduíches...não perdi a mão. De vez em quando, na madrugada...sabe como é...quando o sono vai embora...

__ Depois dos pesadelos...

__ É. A ansiedade me faz devorar alguns sanduíches depois desses episódios.

Cindy pegou o copo de leite e ajeitou-se em posição de Yoga em cima do colchão.
__ Não vai comer um?

__ Eu os fiz para você.

__ Não conseguirei comer tudo sozinha...Pegue um.

William se livrou dos sapatos e também sentou-se encostando as costas na parede, cruzando os tornozelos.
__ Como nos velhos tempos...

__ Nas noites de chuva ouvindo as goteiras da velha hospedaria pingar...

__ Depois que fazíamos amor...

__ E você ia na cozinha, assaltar a geladeira...

Um sorriso afetado torceu sua boca irresistível. Ela baixou o olhar e desejou que aquele olhar e sorriso não lhe recordasse os beijos ardentes que trocavam naquelas noites. Com um só olhar era capaz de imaginá-lo gloriosamente nu ali ao seu lado. Seu torso musculoso, seus ombros largos...os braços fortes a lhe estreitarem...
Ela mordeu o pão recheado de salame e queijo, mastigando devagar.
O fato de estar perto dele a perturbava, mas não podia revelar o que sentia. Por isso balançou a cabeça. Mas, apesar de ter toda a segurança material para o filho, a presença dele não lhe trazia paz. Quando William estava ali, sua vida se transformava num doce tormento, e ela sentia-se duas vezes mais viva... e duas vezes mais vulnerável à dor.

__ Se quiser depois,  tomar um banho para relaxar, eu fico com Noah. - ele rasgou aquele silêncio cheio de lembranças.

__ Vou aceitar a sua cooperação...antes que vá embora. Não quero deixá-lo sozinho nem por um segundo.

__ Quem lhe disse que vou para algum lugar?

Ela tratou de dissimular a emoção no tom da voz.
__ Não? Mas se não vamos contar sobre quem você é, não faz sentido que passe a noite de Natal longe de Elisabeth e a mãe dela.

__ Mesmo assim, vou ficar. Os empregados deixaram a ceia pronta e a mesa arrumada lá embaixo. Se Noah acordar um pouco melhor, a gente pode descer e ir preparando o terreno. Ademais, ele está doente, não seria justo largar essa obrigação só com você.

__ Tem certeza?

__ A mais absoluta de toda a minha vida.

Ela o olhou  e encontrou-se com uns olhos negros quentes que a fitavam intensamente.
"Não me olhe assim".

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