Vida Cruel

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Sem correção

__ Impossível!
A governanta, vestida com um sóbrio tailleur  preto, Srta Hatcliff, fitou Cindy com desprezo.
__Você ganha por hora trabalhada. Quanto mais trabalha, maior é seu salário.

__ Sim, compreendo. Só que realmente estou precisando. É uma questão de saúde. O lugar em que moro é úmido e frio, e está cheio de mofo.Não tenho como ficar lá por todo esse inverno. Preciso ao menos de um adiantamento de salário para pagar a multa do contrato de aluguel e me mudar. Noah adquiriu problemas respiratórios e tenho passado as noites em claro. Tenho suportado trabalhar mais do que qualquer ser humano é capaz e também não tenho liberdade de horários para fazer mais horas porque Noah sai, impreterivelmente, às cinco e meia da tarde da creche e preciso estar lá para buscá-lo.

__ Pois sim, quantas lamúrias! - bufou a megera que se achava a dona da mansão e não tinha um pingo de consideração com nenhum dos empregados.

__ Quando alugou esse lugar deveria ter notado isso.- disse alisando com ar de indiferença os punhos do tailleur.

__ Naquele momento, era o que podia pagar. No entanto, tenho gastado tanto com medicações para Noah que já não está mais compensando o preço barato do aluguel.

__ Não irei incomodar a madame Fletchers com esse pedido descabido e lamúrias de empregados! Custa-me bem menos trabalho, arranjar outra faxineira!

__ Srta Hatcliff, entenda por favor, está ficando muito difícil, para mim, viver com tão pouco! Não considero um pedido descabido, pois muitas das vezes, faço coisas que não são da minha função. Estou sempre disposta ajudando em qualquer um dos afazeres da casa. - disse Cindy humilhada.__Tenho certeza que se me permitir falar com a Sra Fletchers...
A frase morreu diante dos olhos furiosos da governanta.

__ Ora, cale-se! A Sra Fletchers está ocupadíssima com os preparativos do noivado  da Srta Elisabeth!
Sou paga para administrar essa casa e não para levar problemas dela aos patrões. Tudo o que diz respeito aos empregados, sou eu quem resolvo. Tenho carta branca para agir. Jamais deixarei que incomode a madame dona da mansão! Se atrever-se a falar com ela, eu a colocarei no olho da rua!!
Você não é a única nesta cidade, que precisa de emprego. Tenho sobre minha mesa, uma pilha de currículos. Contente-se com o que ganha e pare de exigências!

Cindy insistiu:
__ Não é uma exigência, é um pedido. - Cindy estava muito tensa, pois com tantas dívidas na farmácia, em poucos dias não teria mais crédito.

__Um pedido recusado, então. - a governanta dirigiu-se à porta do seu pequeno escritório, abrindo. __ Não tem do que se queixar aqui. Até permissão para trazer seu filho eu lhe dou quando precisa trabalhar fora dos horários estipulados no contrato.

Cindy tentou seu último argumento para convencê-la.

__ Sim, não reclamo de nada, mas é o mínimo que poderia fazer por mim, pois as copeiras estão sempre pedindo demissão por sua cau...- pôs a mão na boca para frear a fala intempestiva.

A governanta a fuzilou com um olhar mortal, fazendo Cindy tremer. Pensou que as próximas palavras seriam para despedi-la pelo atrevimento.

__ Sinta-se uma privilegiada!Tenho quebrado as regras desta casa com você, permitindo algumas coisas. Vou fazer que não ouvi a sua afronta.
Volte ao trabalho! A suíte da Srta Elisabeth precisa estar impecável para sua chegada na sexta-feira! Ah, não esqueça os metais! A última vez que os limpou, ficaram manchados. Quando acabar a faxina irei examinar tudo. Não ouse fazer um serviço meia boca!

Cindy nada mais disse, deixando os braços caírem em sinal de derrota. Srta Hatcliff não sabia o que era ser mãe e muito menos ter empatia com alguém. Não era à toa que todos a detestavam na mansão. Era, sim, uma bruaca mal amada, do útero seco e por isso descarregava toda a sua frustração oprimindo os empregados. Não havia mais o que argumentar. Nenhuma “moça em suas condições” teria sido bem vinda numa casa daquelas.

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