Noah

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A passos largos, atrasada, Cindy adentrou o prédio da escola.
A responsável pela ala da creche, veio de imediato, com a cara amarrada ao seu encontro.
__ Nesta escola temos regras, srta Collins! Chegou quarenta minutos fora do horário para pegar Noah. Já é a terceira vez, neste mês, que isso acontece!
Infelizmente, vou ter que avisar a assistência social destas situações,  conforme às normas exigidas pelo estado.

Cindy sentiu-se encurralada como um rato tendo um gato à espreita junto à toca.

__ Mil perdões, Sra McLoad, infelizmente não consegui sair no horário do trabalho. Eu lhe imploro, não faça a notificação! Eles podem tirar Noah de mim!
Eu estava trabalhando, estou fazendo o meu máximo!

__ Muitas me dizem a mesma coisa quando esquecem os filhos aqui.
A responsável a analisou de alto abaixo.
__ Espero que não esteja usando drogas. Essa sua magreza é de assustar!

Com os olhos amedrontados, Cindy explicou-lhe:

__ Oh, não! Como pode pensar algo assim ao meu respeito? Sabe bem que trabalho para pessoas muito ricas e a governanta da mansão é muito exigente, jamais me aceitaria numa condição dessas. Quando atraso é porque sou pressionada a ficar servindo o chá da tarde aos patrões. A casa está novamente sem copeira. Não posso me recusar, por ameaça de perder o emprego. Por favor, tente entender!

Com cara de quem pouco acreditava, ela avisou, caminhando pelo corredor.

__ Noah está dormindo. Estava bastante inquieto hoje.

__ Ele não tem dormido bem à noite.- afirmou.

__ Teve um estado febril   no início da tarde.

__ Ele está com febre? - Cindy alarmou-se.__Por que não telefonaram para a mansão dos Fletchers?

__ Telefonaríamos, querida, se achássemos necessário. Crianças têm febre...e era somente uma quentura leve.

__ Onde ele está?

__ Na sala do soninho. Administramos o antitérmico indicado na ficha dele e o isolamos.
Infelizmente, se o estado de seu filho persistir não poderá trazê-lo à creche, sem saber se é algo contagioso ou não. - disse abrindo a porta, dando passagem a Cindy.

Atravessando o ambiente, ela ajoelhou-se ao lado do colchonete, onde o corpinho frágil repousava.
O pequeno Noah abriu os olhos claros quando a mãe afagou seu bracinho moreno. Ele não sorriu como sempre fazia e Cindy afastou carinhosamente os cabelos da testa suada.
__ Olá, meu amor!

__ Mamãe, dói aqui.- apontou a cabeça e esfregou os olhos.

Instintivamente, ela colou os lábios na testa para sentir a temperatura do pequeno.
Felizmente, a febre havia cedido devido ao remédio.
__ Já vamos dar um jeito nela. Precisamos colocar o gorro, ok?- propôs aceitando o acessório que a Sra McLoad lhe oferecia.

O garotinho sem reclamar indagou:

__ Está muito frio lá fora?

__ Sim, querido, está. E já é escuro.

Com dor no coração por ver o filho tão sem brilho, ela o agasalhou e  o suspendeu no colo com todo cuidado. Aceitando em seguida, das mãos da diretora a mochila com os pertences dele.

__ Quero ir para casa...- pediu manhoso, cabeça recostada em seu ombro.

__Vamos, anjinho, nós vamos para casa.

__ Dói, mamãe!!- começou a choramingar.

__ Tudo bem, meu amor, tudo bem.- alisou as costas cobertas pelo agasalho grosso de lã escura.__ A mamãe já vai aliviar a sua dor.

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