Espio pelos feixes do mundo exterior que penetram o vestíbulo da minha mente.
Quieto, frio, ensopado.
O mundo afora enterra-se cada vez mais em sua sombra enquanto eu, deixo-me levar pela minha.
É uma criatura sábia, a Sombra.
Ora ela compartilha em imagens e telegramas as suas verdades de tudo aquilo que observou no camarote da vivência.
Aprendo com ela, e com sua falta de experiência própria, atulhada, invés disso, de imagens parcialmente interpretadas...
Vejo humor nela, e na sua estranha sabedoria.
'Reconhecer os desaforos é o único modo de identificar a beleza,' ela me diz.
Talvez seja por isso que a luz gosta dela.
Olho pelo portal de vidro novamente, a janela dessa caixa em que me encontro, e reconheço, afora, a verdade.
A verdade que não vejo, não ouço, não penso, mas talvez um dia eu até acredite nela, porém, até lá, escrevo os meus desaforos,
em telegramas.
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Telegramas
PoetryEm um monólogo da mente, descobrem-se as verdades que a racionalidade não a permite conhecer. Dividido em três partes, Telegramas é uma viagem do psíquico pelo espectro do autoconhecimento. Do tormento à libertação, da condenação à esperança, da dor...