É difícil, admito, te ver nessa penumbra no ápice do dia.
É difícil te encontrar no nosso mundo além do real mas passar as tardes no seu vazio.
É difícil, principalmente, saber que o limite do nosso amor é esse muro de vidro construído sobre a divisão da linguagem.
Toco nesse vidro e sinto o seu cabelo em minhas mãos, o calor da sua pele, sinto o seu perfume de madeira e lavanda como o sinto em todo por do sol e, outra vez, encontro o meu coração laceado pela sua corrente de ouro e eu juro
Condenar a minha alma por toda a eternidade,
A te amar cegamente.
E eu chuto e bato e grito diante dessa janela de separação com lágrima após lágrima borrando a sua imagem separando-te mais de mim e berro mais e soco esse vidro e a corrente em meu coração aperta.
Com a mão em seu rosto, deslizo aos meus joelhos e encaro-te pela barreira,
Completamente destruído, olhos quentes, rosto molhado, e soluços inquietantes,
E eu te olho,
E eu te desejo,
E eu te amo,
E nos encontramos, outra vez, separado pelo castigo da linguagem.
Na gaiola do sonho.
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Telegramas
PoetryEm um monólogo da mente, descobrem-se as verdades que a racionalidade não a permite conhecer. Dividido em três partes, Telegramas é uma viagem do psíquico pelo espectro do autoconhecimento. Do tormento à libertação, da condenação à esperança, da dor...