Me escondo nessa vivacidade da escuridão como se ela fosse a minha única amiga
Dia após dia sinto a sua falta
E o nascer do sol toca o meu luto a frente
E na sua queda, desencadeia o meu lamento novamente.
E choro e berro e afogo-me e sinto um peso no meu peito ao respirar e ele se espalha na minha garganta numa infestação de desespero e eu soluço e choro berro mais como um ciclo sem fim de agonia e tudo volta outra vez e outra mais outra estou sem ar consumido de dor e à minha frente vejo enfim a paz do nada a maresia do silêncio e tudo de repente
Para.
As lágrimas. O barulho. O tempo.
Mas não a dor.
Pois a dor é o bicho da alma, e ela a acompanha como um cão fiel,
A alma vaga a eternidade, na luz, no silêncio, no sonho, e a dor a segue, alerta.
Me deparo com ela, a olharia nos olhos mas é difícil, ela vive num estado de penumbra, como se zombasse de mim.
Mas eu a vejo, e a encaro, como se pudesse reduzi-la com um simples olhar.
Mas ela prevalece,
Pintando tudo a minha volta na sua mesma tinta,
E logo não vejo mais nada.
Não vejo realmente mais nada.
Num piscar de olhos, tudo está em vão,
Na penumbra que jurei uma vez nunca mais visitar.
Mas cá está ela, na minha escuridão.
E tudo dói.
E não vejo nada.
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Telegramas
PoetryEm um monólogo da mente, descobrem-se as verdades que a racionalidade não a permite conhecer. Dividido em três partes, Telegramas é uma viagem do psíquico pelo espectro do autoconhecimento. Do tormento à libertação, da condenação à esperança, da dor...