Mãe

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De canto de olho vejo a garota gentil cutucar Elaijah e apontar pra mim tentando ser discreta mas falhando completamente. O mesmo solta um leve pigarro colocando a mão na boca em punho endireitando a postura vindo em nossa direção. Fiquei tão focada conversando com Damon que deixei de lado a ligação de Klaus, procuro Dean com os olhos mas ele não está mais na sala nem Castiel ou Sam, franzo as sombrancelhas estranhando a ausência deles.

- Helena... Eu gostaria de te apresentar uma pessoa. _ Elaijah coloca uma mão nas costas dela como se a incentivando a se aproximar mais, é quase palpável sua ansiedade, ela não tira os olhos de mim. - Essa é Victória... _ ele direciona um sorriso caloroso a ela. - Uma amiga de longa data. _ ela da um pequeno sorriso nervoso a ele e se volta para mim estendendo a mão. Sorrio para a mesma gentil, não entendo qual o papel dela nessa história toda mas ao invés de aceitar sua mão estendida a ignoro e a abraço e por um momento seu corpo reteza surpreso mas logo ela relacha e retribui o abraço por mais tempo do que o necessário e acaricia meus cabelos carinhosamente. Eu estranho mas ao mesmo tempo é como se me fosse famíliar... Como se já tivessemos passado por isso antes.

- Lena será que podemos conversar a sós? _ ela se pronuncia com a voz embargada como se fosse difícil falar naquele momento, me soltando devagar e chamando de um apelido que ninguém nunca chamou, se quer tenho um apelido na verdade. Apertando os olhos confusa mas curiosa concordo.

- Podemos ir para o meu quarto, teremos privacidade lá. _ ela acente com a cabeça depois de dar um olhar a Elaijah cheio de significados que eu não soube decifrar. - D. _ me volto para Damon e aperto levemente seu braço o chamando gentilmente, ele me encara cabisbaixo. - Você pode por favor colocar Katherine num dos quartos e ficar com ela enquanto converso com Victòria? Depois eu fico com ela pra você descansar um pouco. _ ele acente com a cabeça e vai em direção a ela a pegando no colo facilmente. - Vamos? _ aponto com a mão em direção ao corredor e ela me segue.
                        
                          ***

No quarto o silêncio é constrangedor. Ela está sentada nos pés da cama passando as mãos nas coxas num ato que reconheço como nervosismo, eu faço isso quando minhas mãos estão suadas. Ainda estou em pé perto da cômoda a analisando curiosa quando ela pigarra e começa a falar incerta.

- Eu... Hãã... _ se levanta  num salto, torcendo as mãos em nervosismo. - Bom... _ puxa o ar pesado. - Não tem um jeito certo de dizer isso. _ sorri amarelo. - Eu acho eu... _ a encaro confusa e desconfiada. Ela se aproxima devagar  sem tirar os  olhos dos  meus. - Eu quero te mostrar uma  coisa. _ levanta as mãos  incerta em direção ao meu rosto e me afasto, é involuntário foi como um susto. - Eu posso te tocar? _  ela  pergunta  gentil com as mãos ainda no ar, franzindo as sombrancelhas eu concordo mesmo não entendendo nada.  Ela  coloca os dedos  gelados em cada lado do meu rosto. - Olhe bem nos meus  olhos Helena... _ eu o faço. - Eu preciso que você  se lembre de mim agora  meu amor. _  seus  olhos são hipnotizantes  e sua voz  é como um doce carinho. - Lembre de tudo minha filha. _ e como uma avalanche, todas  as minhas memórias dela  são acionadas.

Me  lembro da primeira vez que  eu a vi aos cinco anos  quando eu caí de bicicleta perto de casa e foi ela quem me ajudou a levantar e secou minhas lágrimas. Da primeira vez que  ela  me pediu pra  ser forte porque  eu era  uma Pirce e as garotas  Pirce são mais fortes que  uma rocha, eu não entendi muito bem porque  eu não era uma Pirce eu era Saltzman e foi o que eu disse a ela  e ela  sorriu e disse.

- Então seja durona  como uma Saltzman filha e nada vai te derrubar. _ e eu o fiz mesmo quando essas palavras foram apagadas da minha memória eu sei que  fui uma Saltzman durona, porque eu sempre lutei pelo que eu queria.  Me lembro dos  abraços e afagos, das despedidas e pedidos  pra  que eu fosse uma  lutadora  que  eu lutasse pela minha vida  com unhas e dentes  e agora  eu entedo porque  ela  sempre agiu como se tivesse uma ameaça iminente e sempre deixava um conselho sobre eu fazer algo pra  me proteger, por  isso eu treinava para ser uma  caçadora. A cada dois ou três anos ela me visitava no natal ou no meu aniversário e aí me fazia  esquecer que se quer a vi. A última vez  que  ela  fez isso foi um pouco antes do meu tio morrer.

- Filha... _ estávamos  do lado de fora  na varanda  da casa sentadas na escada. Tio Rick estava na cozinha fazendo a janta, mas era mais uma desculpa pra nos deixar sozinhas do que sua preocupação com o jantar  eu sabia. Eu a encarei cansada  toda vez que  ela  aparecia me fazia lembrar de tudo e eu a reconhecia.

- Mãe...  Olha  eu sei o que você vai falar...  _ solto o ar frustrada. - Vai ter que apagar minhas memórias antes de ir eu entendo mas... Todos  esses anos.... _ eu não conseguia  formar  as perguntas coerentes em minha mente, mas eu precisava de respostas. - Você  é vampira  eu sei, entendi que não pode ficar por causa disso mas... Tem algo mais mãe eu sei que tem não sou mais criança e não tenho mais  medo de perguntar. O que eu quero dizer é que....

- Você quer  saber porque apago suas memórias... _  ela  me corta  e nossos  olhares se cruzam os  seus intensos  cheios de segredos que  ela  não quer revelar. Ficamos  segundos  assim apenas  nos olhando até que ela suspira  ao ver lágrimas se formando eu meus olhos.

- Eu não posso te contar ainda  meu amor. _ abaixo a cabeça derrotada. - Mas eu prometo a você. _ ela se aproxima se sentando mais perto e aperta  minhas mãos que estava unidas em meu colo. - Que logo não vou mais  fugir. Eu prometo a você  minha filha  vamos  poder ficar juntas de novo e eu não vou mais embora. _ seu tom é firme cheio de emoção.

- Você  promete mesmo?_ minha voz  embarga tudo que eu sempre quis  era tê-la por  perto. Que ela  pudesse ficar e me ver crescer, amadurecer. Toda vez que  ela  trás  minhas memórias de volta  penso nisso.

- Eu prometo Lena . _ ela diz com confiança. - Eu prometo que  viveremos  como mãe e filha finalmente e eu não irei embora, não mais. Só preciso que você tenha um pouco mais de paciência. _ seus olhos  brilham com lágrimas  não derramadas. - Eu te amo minha  filha.

É minha última lembrança...  E então estou de volta  ao meu quarto encarando a adolescênte em minha frente que  me devolve  olhos  ansiosos cheios  de expectativa. Sorrio emocionada para ela.

-  Oi mãe...  _ ela  sorri aliviada e devolve com a voz  embargada.

- Oi meu bebê...

                   
                          *****
Fofo!!! Só o que tenho pra  dizer.

Supernatural / Epic LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora