Ele sabia

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Damon não voltou para casa aquela noite e eu não consegui dormir revirando na cama desconfortável

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Damon não voltou para casa aquela noite e eu não consegui dormir revirando na cama desconfortável. Não vi mais Sam também, mas sabia que ele estava num dos quartos. Minha mãe chegou um pouco depois da minha choradeira na varanda, com os lanches em mãos e ele não quis descer pra comer, disse a ela que depois comeria e eu só suspirei desanimada, ele  tava tentando me  evitar então seria rápida pra ele poder descer logo, claramente o motivo dele não querer comer era porque eu estava ali e eu daria o espaço que  ele  precisava.
Comi sem fome, só porque eu realmente precisava e também não queria deixar nenhum deles preocupados. Castiel, minha mãe e Elaijah estavam ao meu redor como se cuidando de mim e eu só queria deixá-los tranquilos em pelo menos uma coisa. Eu não conseguia parar de pensar que os corpos dos meus amigos estavam em algum cômodo da casa e não queria perguntar onde porque não queria vê-los, não naquele momento pelo menos e se eu soubesse onde estavam me forçaria a ir até eles. Eu dormi um pouco quando o sol começou a aparecer e quando acordei e olhei no celular pra ver o horário eram 8:15 da manhã, eu fique na cama porque estava desanimada demais pra fazer qualquer outra coisa e eu não queria encarar o dia ainda sabendo que tínhamos um funeral pela frente. Minha mãe apareceu lá pelas 9 horas me trazendo algo pra comer e quando olhei as panquecas na bandeja só conseguia lembrar daquele dia na casa da Bonnie que Damon fez as panquecas com carinha de vampiro, aquilo me deu um nó na garganta e não consegui comer, depois que minha mãe me deixou sozinha eu chorei baixinho enrolada nas cobertas. Bonnie estava tão feliz com Damon, tão apaixonada e  eu apareci como uma  praga  e  destrui a vida deles. Lá pela 10:47 quando meu celular tocou pela terceira vez eu atendo sem vontade nenhuma. Claramente a pessoa não desistiria então a contragosto atendi com a voz rouca.

- Oi amor... _ meu coração acelerou e pulei sentada no mesmo segundo.

- Dean!? Você tá bem? Quando vem pra casa? Eu vou matar o desgraçado do Crowley. Como você pôde fazer um acordo com aquele escroto? Você comeu? Tá se sentindo bem?_ eu me atropelava ao falar ao mesmo tempo me desenrolando da coberta e ficando de pé procurando minhas pantufas velhas. - Eu tô indo pra aí agora. Onde você tá? Vai ficar tudo bem amor, nós vamos resolver isso. Você  tá  machucado? Eu vou matar  o Crowley, eu juro.

- Helena. Helena calma. Respira, para um pouco. _ ele comanda e eu paro no meio do quarto, uma pantufa no pé esquerdo a outra sabe-se lá onde, descabelada e ansiosa. Eu respiro fundo fechando os olhos tentado ordenar os pensamentos.

- Certo. Eu tô calma.  _ suspiro alto.- Você tá  bem? Onde você tá agora? _ sento na beirada da cama.

- Eu não vou dizer. _ arregalo os olhos ficando tensa.

-Tá brincando né? _ falo um tom mais alto ficando em pé novamente. - Me diz agora onde você tá. Eu tô indo pra aí. _  jogo a  pantufa  longe  e  vou até  minha mochila  pegar  roupas  limpas.

- Não vou dizer e você não vai fazer nada. Acabou aqui Helena a gente perdeu. _ eu paro com a  mochila  na  mão.  Não mesmo, nem fodendo, não mais. Eu não perderia ele de novo assim sem lutar.

- Uma ova. _ jogo a  mochila  no chão possessa. - Você pensa que eu vou desistir? Deixar você virar um demônio completamente. Eu me esforcei pra caralho pra isso não acontecer. Não deu certo adimito....

- Então desista. _ ele me corta. - Você já não perdeu gente suficiente? Quem mais vai morrer pra ajudar a gente? _ aquilo doeu, era como se ele estivesse apertando uma ferida aberta.

- Dean... _ sussurrei incrédula, seu tom frio como gelo. Ele queria me magoar, mas porque? Fechei os olhos e respirei fundo, apertando o celular na orelha o silêncio pesava entre nós.

- Eu vi você beijando meu irmão. _um frio gelado atravessa o meu corpo, fico muda. Eu não conseguia formar nenhuma palavra. - Eu não fiz, nem falei nada porque tinha muita coisa acontecendo e salvar a sua vida era prioridade mas... Você me traiu Helena. Com o meu irmão. No fundo eu já sabia que tínhamos acabado. Quando eu decidi sobre a marca, eu sabia  que  te perderia, que ali podia ser o nosso fim mas não quis acreditar. Mas depois, quando vocês me trouxeram de volta... _ ele ri sem humor. - E vi vocês tão próximos... _ ele suspira alto e fica em silêncio e eu chorava baixinho, sabia o que ele tava fazendo, sabia o quanto decepcionado ele estava.

- Eu errei Dean. _ molho os lábios secos com a língua. - Eu sinto muito... Me  perdoa, não consegui te contar. Mas foi um erro, Sam e eu já resolvemos isso. Me perdoa Dean. Eu não sei o que aconteceu comigo. Eu tava me sentindo... eu não sei.. Eu sinto muito. _  de novo o silêncio.  _  ele  viu. Ele  tinha  visto. Como eu pude fazer  aquilo? Eu não o merecia.

- Eu não estava lá quando você precisou, ele sim eu entendo. Mas não consigo te perdoar. De qualquer maneira não vamos mais nos ver, era esse o meu ponto.

- O quê?! _ sussurro apavorada.

- É a última vez que a gente se fala Helena. Você pode seguir em frente com quem quiser, eu não ligo mais. Acabou.

- Dean... _ ele desliga na minha cara. E eu fico ali uns minutos com o celular ainda na orelha sem me mover. Eu estava em choque, destroçada, perdida. Não podia ser, ele me largou de vez. Terminou tudo porque não quer ou vai voltar, porque não consegue me perdoar. Era isso? Era  tudo culpa  minha, outra  vez. Era  a  praga, a  maldição que  eu era  estragando tudo. Eu passei não sei quanto tempo tentando ligar de volta mas só caia na caixa postal. Jogando o celular longe fui as pressas até o quarto do Sam e bati na porta ansiosa e desesperada. Ele abre a porta com aparência de quem tava dormindo o rosto inchado e o cabelo bagunçado. - Ele me ligou. _ digo ofegante. - Ele terminou tudo e desligou. _ ele me encara surpreso e arruma os cabelos para trás com as duas mãos.

- Quando ele te ligou? Agora? _ ele me dá passagem e entro no quarto indo direto pro aparador ao lado da cama pegando a garrafa de whisky e dando um longo gole que me fez fazer uma careta enquanto minha garganta queimava, senti vontade de vomitar com o gosto amargo.

- Não. Eu tava tentando ligar de volta mas só cai na caixa postal. _ fecho a garrafa e jogo em cima da cama. - Rastreia ela Sam, por favor. _ vou até ele e seguro suas mãos nas minhas implorando. - Ele disse que essa seria a última vez que a gente se falava. E ele... _ engulo em seco. - Ele sabe que a gente se beijou. _ ele arregala os olhos. - Ele viu Sam. _ não contenho as lágrimas que descem silenciosas. -  Ele  disse que  essa  era  a  última  vez, ele não vai mais  voltar  Sammy.

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