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Estava em casa arrumando tudo pelo dia de folga que ganhei, quando sinto uma pontada na cabeça me fazendo sentir uma vontade enorme de vomitar. Corro até o banheiro e acabo deixando minha refeição anterior dentro do vaso.

Dou descarga e escovo os dentes e acabo notando que estava me escorando na vassoura que usava para varrer a varanda.

Paro um pouco e vou até a sala e ligo a televisão num volume baixo e me deito no sofá e acabo caindo no sono ali mesmo, com a casa toda aberta.

[•••]

Acordo com o meu celular tocando alto me fazendo assustar por estar em cima da minha barriga.

Olho as horas e vejo que já é quase cinco da tarde e eu apaguei no sofá. Olho o número que me liga e suspiro ao identificar o meu advogado.

— oi Dr. Carlos, alguma novidade?

— então Victoria, o juiz apurou as provas do que aconteceu aquele dia e com todos os testes feito no DNA dele com a amostra de sêmen encontrado no seu vestido, foi dado que o Reu seguinte identificado por Jorge de Almeida Cavalcanti. Segundo " A Lei 13.718/18 inseriu no Código Penal o art. 215-A, que pune, com reclusão de um a cinco anos, a importunação sexual, consistente em “Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. O acusado vai cumprir dois anos e prisão e os outros três serão pagos com serviços sociais e acompanhado por uma tornozeleira, o Juiz também decidiu colocar uma restrição de que ele não pode ter contato ou chegar perto de você a pedido meu, e o Réu vai ter que pagar uma indenização de cem mil reais para o governo em instituições para mulheres que sofrem abuso e não se recuperam. - fala me fazendo parar atônita com os olhos marejados de emoção e alívio de que a justiça tinha sido feita.

Eu já tinha passado por todo o processo de ir depor, me expor para o juiz, o delegado que me atendeu depôs e o Márcio também foi chamado, como o policial que atendeu o chamado estando a paisana.

— obrigada Dr. Carlos, muito obrigada por acreditar em mim e me ajudar nessa, o senhor fez acontecer o que muitos não tem a oportunidade de conseguir, e sem o senhor eu seria só mais uma dada como mentirosa. - falo com a voz embargada por estar chorando.

— só fiz o meu trabalho Victoria, e o Réu também vai ter que depositar cinquenta mil para você pelos traumas causados, como ele não pode e não vai ter nenhum acesso a nada seu, o depósito vai ser feito na minha conta e eu passo pra você, descontando os honorários, pode ser? - pergunta.

— claro que pode doutor. Muito obrigada mesmo. - falo fungando.

— tá certo, foi um prazer poder estar com você e te defender nesse infeliz caso, e espero te reencontrar, mas não nessas circunstâncias. - fala me fazendo rir e afirmar.

Depois de um tempinho desligo o telefone e consigo apenas chorar de felicidade pela justiça ter sido feita.

Pego a minha chave de casa e a do carro, fecho as janelas de casa e pego o meu cartão e saio de casa.

Passo no açougue e compro algumas peças de carne para assar e dou partida para a casa dos meninos, e acabo pegando um pouco de trânsito mas chego e vejo que já tá na hora dos funcionários irem embora.

Desço mais apressada e encontro os meninos jogando GTA RP e fumando um narguilé.

— gente gente, alguém me ajuda a trazer um tanto de carne que eu comprei pro churrasco hoje? - falo ofegante e todos me olham estranhando.

— opa churrasco, mas por que você tá fazendo churrasco vivi? - Léo pergunta já levantando e eu entrego a chave do carro para o Renan e o Boquinha que se ofereceram para pegar.

— uma comemoração que eu vou contar daqui a pouco pra vocês. Mas hoje eu quero comemorar que a justiça foi feita! - falo animada e vou até o Renato o abraçando com força o deixando sem entender nada.

Vejo o Márcio e corro até ele o abraçando, fazendo ele rir.

— obrigada Márcio, por ter deposto a meu favor e por ter me ajudado naquele dia. - falo e me solto com os olhos marejados.

— não é nada Vic, você é como uma irmãzinha pra mim. - sorri e os meninos entram com as sacolas na mão e o Léo vem atrás também segurando sacolas.

— Boca, assume esse hoje? - aponto para as carnes e o mesmo só faz o sinal do joinha.

Depois que tudo já estava organizado e a carne estava assando já, estava abraçada com a Dani enquanto conversava com o Renan sobre trilha.

— vida, vai falar o motivo da comemoração? - Renato fala se sentando enquanto bebe uma Heineken.

— bom, o meu advogado me ligou hoje e o homem que fez aquilo comigo foi preso, condenado a cinco anos, vai ficar dois anos na prisão e três com serviço comunitário e de tornozeleira, uma ordem de restrição que ele não pode chegar perto de mim e nem tentar contato e pagou uma indenização pelos danos causados a mim, e mais uma indenização para uma instituição de mulheres que passaram pelo mesmo e não conseguiram se recuperar do trauma. - falo explicando direitinho e todo mundo prestava atenção.

— isso é bom demais, fico feliz por você ter conseguido que a justiça resolvesse. - Thiago fala e eu assinto emocionada.

— nada vai mudar o que aconteceu, mas pelo menos isso foi resolvido e eu quero colocar uma pedra em cima de tudo que aconteceu e viver feliz. - falo sorrindo.

— tô feliz por você vida, parabéns por essa vitória. - Renato fala me abraçando e me tira do chão me fazendo rir.

Passamos o resto da tarde juntos e a Tamiris tinha vindo pra cá, assim como as irmãs dos meninos.

Festejamos até certa hora e logo depois todo mundo foi embora e eu também depois de prometer pro Renato que ia o chamar pra dormir em casa ou viria dormir aqui com ele.




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