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Acordo ouvindo algumas vozes baixas em volta de mim e alguém mexendo no meu braço.

Me mexo devagar, sentindo uma dor forte na cabeça, e mesmo tentando abrir os olhos sentia uma dificuldade em fazer.

— oi Victoria, calma e não tenta se mexer muito. - olho para o lado vendo uma mulher com o sorriso gentil me segurando.

— o que ? - pergunto sentindo a minha garganta doer.

— calma, você se lembra o que aconteceu? - pergunta se sentando na cadeira ao lado da cama.

Respiro fundo me lembrando de tudo que aconteceu. Do homem entrando em casa, dele me batendo, dele tocando o meu corpo.

Prendo a respiração por alguns segundos chorando ao me lembrar, e as minhas memórias se embaralhavam depois que ele me fez bater a cabeça no chão.

— sim, me lembro um pouco. - falo com a voz falha.

— a polícia quer falar com você, se importa? - pergunta ainda me olhando. — se quiser eu fico aqui com você, ou posso chamar seu namorado para acompanhar.

— meu namorado? - tento me lembrar se estava namorando, mas não me vem ninguém na mente.

— sim, o Renato. Ele é bonzinho, tá aqui com você desde a hora que chegou. - fala

Meu coração acelera na hora, por saber que ele esteve comigo. Ele gosta de mim ainda

— pode chamar ele por favor? - peço enquanto ela me ajuda a beber um pouco de água.

— claro. Posso deixar a polícia entrar também? - pergunta de forma gentil

— pode sim - falo apertando um botão que inclina minha cama um pouco pra cima, me fazendo ficar sentada.

Espero alguns minutos, lembrando de tudo que aconteceu, até ter meus pensamentos interrompidos por dois toques na porta, em seguida vejo o rosto do Renato me olhando com a expressão de preocupação.

— Vivi, posso entrar? - fala baixo e eu assinto o vendo abrir mais a porta e entra no quarto com dois policiais atrás.

— bom dia? - falo baixo após me darem bom dia.

— Victoria Gallardo, certo? - um policial pergunta com um bloco na mão e eu assinto.

Sinto um aperto na mão e vejo que o Renato estava do meu lado, segurando minha mão com carinho.

— bom Victoria, primeiramente a gente fica feliz em te ver viva. Gostaríamos de fazer algumas perguntas, tudo bem por você? - a policial me pergunta e eu apenas assinto novamente.

— certo, você conhecia o senhor Jorge de Almeida Cavalcanti?

— conhecia, ele uma vez me assediou dentro do ônibus e eu o denunciei.

— ele teve algum contato com você desde o dia que foi preso?

— não, nenhum. - nego, apertando a mão do Renato.

— você acredita que ele teve alguma intensão de ir na sua casa?

— toda intensão. Ele disse que me vigiou o dia todo e estava me esperando chegar em casa, depois do trabalho.

— agora, pode nos dizer exatamente tudo que ele falou para você, se não for incômodo?

Olho para ambos e em seguida para o Renato que aperta a minha mão e assente.

— ele disse que eu destruí a vida dele, que a esposa dele foi embora e os filhos também e que iria acabar com a minha vida, assim como acabei com a dele. - falo com a voz falha.

— ok, por hoje é só, desejamos boa recuperação pra você. - o homem fala e eu assinto sorrindo um pouco forçada.

Vejo ambos irem embora, deixando um clima pesado no quarto.

— Vic, me desculpa ter chegado tarde e não ter te acompanhado até em casa, ou ter feito algo? - Renato fala chamando minha atenção pra si.

— não tem problema, eu liguei porque estava na discagem de emergência. Fiquei com medo de não dar tempo de nada, muito obrigada por ter me salvado. - seguro suas mãos, olhando nos seus olhos.

— eu te amo Victoria, daria a minha vida por você ! - segura meu rosto aproximando de mim.

Reparo seu olhar em mim e acabo deixando uma lágrima cair.

— está muito feio?

— o que está feio? - pergunta

— bem, o meu rosto... - aponto o fazendo negar rápido.

— só um pouquinho inchado e roxo, mas com um bom cuidado e pomadas, vai se curar rapidinho Vivi, eu quero saber como você está de verdade.

— como assim?

— o seu coração, você por dentro Vi. - fala mais baixo me olhando nos olhos, me fazendo desviar.

— eu me sinto morta por dentro, eu fico lembrando de tudo e eu tenho vontade de morrer. - falo mais baixo.

— ei, não fala assim Vivi. Chegamos a tempo de impedir que ele fizesse algo pior, eu consegui e eu sei que você provavelmente não se lembra. Eu estou aqui com você, e quero te ver bem.

— obrigada Re.

— não foi nada. Hm Vic? Me desculpa pela briga que tivemos em casa? Eu estava com ciúmes de você e do Caio

— não tem problema. Eu e ele terminamos seja lá o que era aquilo, somos só amigos agora. - nego segurando suas mãos grandes.

— volta pra mim? Eu me sinto tão sozinho sem você do meu lado. Eu sinto falta de te abraçar, de te beijar e estar com você. - fala rápido, me fazendo o olhar.

— mas e a Ellen? - estranho.

— ela era só um caso, não é como se eu amasse ela com a minha vida. A mulher que eu amo é você, e é com você que eu quero passar minha vida.

— entendo. Agora não é o momento de conversarmos sobre isso, mas eu posso pensar?

— claro vida. Leo e Dani estão aqui pra te ver, acho que o Coronado veio também. - fala brincando com os meus dedos.

— você pode prender meu cabelo pra mim pelo menos? - peço.

O vejo se levantar e pegar um elástico de cabelo meu e junta todo meu cabelo e faz um coque alto, assim como eu ensinei ele uma vez.

— pronto, quer mais alguma coisa?

— não obrigada, pode deixar os meninos e a Dani entrarem. - sorrio fraco e ele assente indo até a porta.

Ele sai por alguns minutos e logo volta com os três. Dani vem rápido até mim e me abraça e deixa um ursinho na cama pra mim.

— amiga, como você tá?

— vou ficar bem. Tive sorte dessa vez, não é? - tento brincar com a situação a fazendo me repreender.

— deixa de bobeira. Foi Deus que fez o Renato atender o telefone, graças a Deus. Eu quando fiquei sabendo tive tanto medo por você, eu amo você amiga. Não me deixa não. - fala marejando os olhos enquanto me abraça.

— pode deixar que vaso ruim não quebra. - sorrio e olho Léo e Felipe que também seguravam algum presente pra mim.

Abro os braços devagar pedindo um abraço deles e ambos vem até mim e me abraçam com cuidado.

Ficamos um tempo conversando até dar a hora de visitas ir embora e eu ficar completamente sozinha no hospital.

Perto da noite, após eu jantar a Irene disse que veio passar a noite comigo, o que me deixou bastante alegre.

Eu tenho pessoas que me amam de verdade

Uma Nova VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora