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— Vic espera! - ouço o Renato atrás de mim me chamando

— oi, esqueci alguma coisa? - paro com a chave na porta do carro.

— não, eu só não vou te deixar ir sozinha a essa hora. É perigoso demais.

— não tem problema, é rapidinho até em casa. - nego o agradecendo.

— vamos no meu carro. Amanhã você vem de Uber, eu pago, sério mesmo!

— eu fico com receio sei lá Re.

— receio do que se a gente é só amigos, está tarde e você está sozinha.

— tecnicamente eu tô no carro que é setenta por cento seguro.

— você nem sabe contar porcentagem garota, vem vamos de gtr.

— tá, mas se você correr eu vou vomitar no seu carro e não tô nem aí!

— se vomitar eu limpo com a vassoura que chama de cabelo. - fala rindo e eu nego entrando no carona e já passo o cinto.

— vassoura é seus cabelo da bunda.

— já viu é?

— deus me livre dessa verdadeira visão do inferno, amém!

— para o seu governo o pai é gostosão.

— sei, até parece Renato. Eu sou gostosa, você é no máximo ajeitadinho.

— seu cu!

— o seu cabeludo. - respondo rápido.

Parecíamos duas crianças discutindo, a gente não sabia se ria ou se discutia sobre a bunda alheia.

Não demorou e logo chegamos na minha casa.

Tiro o cinto e pego minha bolsa aos meus pés e me viro de lado para o agradecer.

— obrigada pela carona, mesmo que não precisasse, eu amei andar de gtr.

— que obrigada o que, tô morrendo de vontade de mijar. Posso usar seu banheiro?

— oh, claro que pode. Quer entrar com o carro na garagem enquanto isso? Eu não confio muito nessa rua não. - sugiro o fazendo assentir.

— pode ser, mas vai ter que fazer valer eu entrar com o carro.

Fala enquanto eu saio do carro e paro pensando ao que ele se referia, ao dizer que tinha que fazer valer.

Pego a chave na bolsa e abro o portão manualmente o vendo entrar com o carro em casa.

Enquanto fechava o portão o vi entrar correndo com a chave que pegou comigo. Ele e os meninos já conheciam minha casa, porque obviamente já fiz eventos privados e os chamei, e eventos eu me refiro a uma social de dez pessoas, no máximo quinze comendo e bebendo amigavelmente.

Entro em casa fechando a porta atrás de mim por causa do frio e por mania de deixar a porta de casa fechada.

Vou até a cozinha e deixo a marmita na pia, uma vez que acabei devorando meu almoço hoje depois do treino com os meninos.

— Vic, sua lâmpada do banheiro tá queimada. - me assusto com o Renato chegando silenciosamente me fazendo derrubar o meu garfo.

— puta que pariu. Eu sei, ia pedir o Caleb para trocar pra mim no sábado, mas ele foi viajar. Eu ia trocar agorinha.

— quer que eu troque? - pergunta e eu assinto rápido.

Um dos meus maiores medos é de choque, e não mexo em eletricidade de jeito nenhum, mas nesse caso eu teria que mexer ou ficaria sem luz no banheiro.

— eu deixei a lâmpada nova na gaveta do armário, a primeira gaveta da esquerda. Precisa de escada? - pergunto o seguindo e ele nega. — eu não tenho escada mesmo. Ia te dar a cadeira

— cê é palhaça demais mulher. - fala rindo e com facilidade ele tira a lâmpada queimada e instala a outra.

— sou mas você gosta. - falo convencida enquanto vou até o meu quarto para tirar meu sapato.

Logo o mesmo está no quarto comigo e deitado na minha cama enquanto liga a televisão.

— quem disse que eu gosto de você maluca? - fala se fazendo.

O olho chocada deixando um tapa no seu braço o fazendo rir e se afastar.

— idiota você Renato. - falo o irritando.

Depois de alguns minutos se zoando eu tiro meu sapato e pego minha toalha para tomar banho.

— vou tomar banho, tudo bem? - pergunto enquanto prendo o cabelo em um coque.

— vai mesmo que tô sentido a carniça daqui. - fala rindo para me provocar.

Apenas mostro o dedo do meio e pego meu pijama e uma calcinha e vou para o banheiro.

Não demoro muito no banho, e já saio do banho vestida e com o cabelo em um coque alto.

— Rê, quer comer? Tem comida pronta, vou esquentar pra comer. - pergunto parando na porta do quarto enquanto o mesmo vê televisão.

— quero, sua comida é boa e foi por isso que eu entrei. - fala me fazendo rir.

— oportunista. - nego e vou para a cozinha e pego o saco de batata para fritar congeladas e pego os bifes que estavam separados em uma vasilha na geladeira.

Coloco a comida para esquentar enquanto frito os bifes e as batatas. O Renato acabou se juntando a mim na cozinha para me ajudar.

Depois de pronto fiz minha marmita e deixei na geladeira e fui jantar com o Renato na mesa mesmo.

— está animada para ser caçadora?

— eu estou com medo das críticas. Eu vejo como vocês são felizes, mas também vejo quando são atacados a troco de nada e eu tô com medo de me atacarem e acabarem atingindo aonde mais dói. Vocês sabem que minha insegurança é o meu corpo e que eu me sinto mal na maioria das vezes se ouço algum comentário. Tenho medo disso me afetar psicologicamente.

— olha, se quiser desistir eu e os caras entendemos. Mas vai ser uma oportunidade única para você crescer mais profissionalmente.

— eu não vou desistir, só estou com medo do que o futuro guardou pra mim.

— que bom que não vai desistir, porque eu tô pagando que vou entender, eu não. Não deixo você sair, tá proibida senhorita Victoria Gallardo.

— até parece que manda em mim, atrevido. - falo rindo e voltamos a comer enquanto comentamos sobre algumas coisas.

Nesse meio ele me conta o porquê dele e da Dhara não estarem mais juntos. Nunca fui próxima da mesma, já conversamos em festas, quando ela ia lá na casa eu conversava com ela no tempo livre. E quando eles terminaram eu preferi nem perguntar pra ele, e muito menos a ela.

— mas você está melhor né? - pergunto enquanto o olho comer mais.

— eu já superei, mas eu só queria as vezes uma pessoa pra estar comigo independente de tudo, eu quero me casar e ter filhos, quero construir minha família e eu sinto falta de carinho.

— fica tranquilo nego, logo você arranja alguém. - sorrio e bebo um pouco de coca e o sirvo.

Ficando conversando mais um pouco e logo o mesmo pegou a blusa de frio no meu quarto e o guio até a garagem e abro o portão para o mesmo ir embora.

— tchau Re, obrigada pela carona e pela oportunidade que me deu. - o abraço.

— não foi nada, já sabe que qualquer coisa pode ligar pra mim ou para os caras que vamos te ajudar hem. Cuidado! - fala virando o rosto para beijar minha bochecha.

Porém no mesmo momento eu decidi fazer o mesmo e por segundos ficamos com os lábios encostados em um selinho.

Não conseguimos reagir e foi em como um flash ele foi embora, e eu acabei trancando a casa e fui dormir, ou pelo menos tentar sem sentir culpa pelo beijo, ou quase beijo.

Uma Nova VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora