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Eu já estava trabalhando de casa, tinha uma semana por causa da vergonha de sair com o rosto todo machucado. Já tinha quase um mês de tudo que aconteceu e só agora que meu rosto ficou apresentável de novo, e hoje voltaria para a casa e gravaria com os meninos e também iria em uma lenda nova com o Renato e os elite.

Assim que entro na propriedade vejo os seguranças sorrindo pra mim, me fazendo buzinar pra eles e sigo para uma vaga disponível.

Assim que estaciono, me olho no espelho vendo se a minha maquiagem estava boa e se tinha tampado mesmo minhas olheiras.

Respiro fundo e pego um mentos na bolsa e saio do carro sentindo uma nostalgia enorme de estar de volta em casa.

O meu tratamento estava indo muito bem, e eu estava mais estável psicologicamente falando. Eu estava mais tranquila, e eu tinha aprendido a controlar as minhas emoções e não ficar chorando tanto, como eu fazia antes...

Ajeito meu short jeans enquanto ando pelo local e vou cumprimentando todos os funcionários que me abraçam e me perguntam se estou bem e coisas assim.

Entro em casa e desço na cozinha pulando os degraus, assustando a Deth e a moça da limpeza.

— Victoria, meu Deus menina. Que saudades! - Deth fala vindo até mim me abraçando, me fazendo sorrir e retribuir.

Logo a moça da limpeza me abraça também me fazendo a agradecer o carinho. Deixo a minha marmita na geladeira e subo pra sala de edição, assustando a Paulinha que já tinha chegado.

— Vic, não sabia que voltava hoje. Que saudades que eu tava. - fala me abraçando, me fazendo rir.

Tínhamos nós falado no outro final de semana na casa da Irene.

— deixa de ser boba, mulher. Bora trabalhar que eu voltei pra te atazanar. - sorrio animada a fazendo rir.

Me sento no meu lugar de sempre e início o programa e já começo o meu trabalho de editar vídeos e algumas thumbs.

Assim que a Dani chega, a ajudo em algumas planilhas e contratos e logo sou dispensada, já que o horário já tinha dado.

Desço as escadas, ouvindo os meninos conversando no lounge, enquanto o Gabs toca violão e eles conversam e cantam.

— ooi, posso sentar com vocês? - pergunto me aproximando.

— vem cá Vivi, senta comigo aqui! - Léo fala indo um pouco para o lado.

Me sento do seu lado e o sinto passar o braço pelo meu ombro e me oferece a mangueira do narguilé, me fazendo negar.

— tá, qual música vai ser agora? - Gabs pergunta olhando pra todo mundo.

— toca Sozinho do Caetano Veloso aí. - Renato fala após tragar.

— essa eu canto, gosto dessa música! - Eduardo fala e assentimos enquanto o Gabriel começa a tocar a música.

— Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois. - Eduardo canta me fazendo olhar para o Renato que não tirava os olhos de mim.

— Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho. - Gabs completa.

Engulo à seco e pego um amendoim na vasilha que estava na mesa, sentindo o olhar do Renato queimando em mim

— Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho, às vezes, cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém — Eduardo volta a cantar.

— Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha? - cantarolo baixinho junto com Eduardo e volto meu contato visual para o do Renato, notando que ele também acompanhava a música, cantando baixinho.

— Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora. - canta dessa vez me olhando, fazendo o meu corpo tensionar.

—Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora? — mordo o lábio notando que o Renato tinha sim escolhido essa música de propósito.

Os meninos repetem as últimas estrofes e assim finalizam a música, me fazendo respirar fundo.

Noto o quanto ele estava chateado e assim que os meninos começam a cantar graveto da Marília Mendonça, eu sinto como se fosse o estopim. Cada música falava um pouco do meu relacionamento com o Renato.

No caso, ex relacionamento.

Os meninos estavam cantando a música animados, mal sabiam...

— Você virou saudade aqui dentro de casa
Se eu te chamo pro colchão, você foge pra sala
E nem se importa mais saber o que eu sinto
Poucos metros quadrados, virou um labirinto. - todo mundo canta junto.

Noto que o Thiago estava gravando stories e o Gui também. Mas não importava, quando o Renato cantou essa parte olhando nos meus olhos e eu entendi a mensagem.

De acordo que todo mundo canta a música, vejo o Renato levantar visivelmente chateado e sobe pro quarto. Me fazendo ir atrás.

Isso não pode e não deve ficar assim...

Entro no seu quarto atrás dele e vejo que ele estava deitado de barriga pra baixo, disfarçando que estava mexendo no celular.

Sento na beirada da sua cama e deixo a mão nas suas costas, sentindo sua respiração irregular.

— o que foi hem? - pergunto baixinho e deito ao seu lado, vendo que ele vira a cara, passando a mão de forma brusca debaixo dos olhos.

— até parece que não sabe Victoria. - fala baixo com a voz falha, fazendo meu coração acelerar.

Aquela sensação de nervoso estava presente. Eu sabia sim do que ele estava falando, mas queria ouvir dele.

— me fala.

— cara, eu te amo pra caralho. Por que a gente ainda tá separado? Eu tô aqui todos os dias com você, eu movo céus e terras por você Victoria. Eu quero você comigo, eu quero ser seu, meu coração não tá calmo longe de você, me dói estar longe. Eu me senti péssimo vendo você e o Caio juntos, eu senti como se tivesse te perdido e eu senti como se estivesse engolido pedras Victoria, eu te amo e quero estar com você, eu estou esperando seu tempo, mas eu quero estar com você. - fala rápido sentando na cama, me fazendo repetir seu ato.

Respiro fundo segurando pra não chorar. Eu não preciso chorar certo?

Me aproximo e deixo as mãos no seu rosto, aproveito para limpar suas lágrimas e sorrio fraco o olhando.

— eu nunca deixei de ser completamente sua, Renato. - seguro a sua mão e coloco no meu peito o fazendo sentir meu coração acelerado. — só por você que meu coração fica assim, porque eu sou perdidamente, completamente, apaixonada por você. - confesso o fazendo ficar calado me olhando.

Sorrio ao ver a sua feição de chocado e me aproximo, sentindo sua respiração contra o meu rosto.

Uma Nova VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora