CAPÍTULO 3

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A notícia de que o poderoso doutor Otávio Augusto Pontes havia dormido em serviço, o que provocara a morte de uma idosa prestes a receber alta,  sacudiu todo o hospital...e logo já estava nas redes sociais derrubando de vez a imagem do médico!

_A gente leva vinte anos pra fazer o nosso nome, meu filho...vinte anos! Mas se você cometer um pequeno deslize...por menor que seja, o nome da gente vai parar na lama rapidinho, pois as pessoas não perdoam!_o pai de Otávio lhe dissera certa vez e agora ele confirmava esta afirmação._A distância que elas criam  entre o herói e o vilão é mínima!

O filho da falecida  dona Zilda, antigo amigo de Otávio, acusou o renomado oncologista por negligência médica, abandono de incapaz, assassinato  e muito alterado ameaçou agredir fisicamente  o colega!  Otávio teve que suportar duas netas de dona Zilda irem berrar horrores contra ele  na porta do hospital! Seu nome também foi citado em alguns jornais como um médico negligente, arrogante...que humilhava os colegas...e não faltaram fake news nas redes sociais contra ele!

Otávio queria abrir um buraco no chão e se enfiar lá dentro, porque nem mesmo ele tinha certeza do que tinha acontecido! Será que ele sonhara com tudo aquilo que havia escutado? Mas pra sonhar, ele teria que estar dormindo e ele ainda não aceitava...de jeito nenhum...que tivesse dormido! Pra piorar, a enfermeira afirmou que havia menos de cinco minutos que ele havia entrado no quarto! 

_Como assim cinco minutos?_ele  questionara inconformado._Devo ter ficado lá dentro por quase meia hora!

_Desculpe, Otávio..._disse um dos colegas._Eu visitava um de meus pacientes num dos quartos próximos ao que você visitou. Vi você entrando no quarto de dona Zilda. Realmente, se muito, você ficou lá por cinco minutos.

Aquilo detonou com o nome dele mais ainda! Então ele simplesmente entrara, se debruçara na cama e dormira? Nada fazia sentido...nada!

Todos aqueles filmes envolvendo máquinas do tempo, dimensões, portais temporais...algo assim poderia justificar em sua mente o que havia acontecido, se ele não tivesse certeza de que tudo aquilo era apenas ficção!

Anos sem perder um único paciente e agora aquilo...daquela forma vexamosa...daquela forma humilhante...a paciente o chamando implorando por socorro e ele simplesmente chegar e adormecer, diante do já início da hemorragia dela, porque pela quantidade de sangue, ela já deveria estar sangrando quando ele entrou no quarto! 

Nada fazia sentido pra Otávio...nem o que acontecera...muito menos o que ele acreditou ter ouvido da pobre velhinha!

Dona Zilda foi a primeira paciente de Otávio que morreu com comprovado caso de negligência do médico!

Esperar o laudo médico daí a trinta dias, como era o costume, foi apenas formalidade, porque o filho de dona Zilda pessoalmente organizou uma equipe médica para examinar o corpo da mãe. Ficou constatado que a metástase do câncer já era avançada a ponto de qualquer médico iniciante tê-la detectado! Como Otávio não percebera os sinais?

_Você deixou a minha mãe morrer, seu desgraçado! Por quê...por quê? Éramos amigos...eu confiei a pessoa mais importante da minha vida ao melhor médico deste hospital e ele a deixou morrer sem prestar socorro...apenas ficou ali, dormindo enquanto ela se esvaía em sangue...Tinha o sangue dela até nas suas roupas, seu monstro!_e o filho muito abalado teve que ser contido pelos colegas quando tentou socar doutor Otávio.

Otávio ficou destruído...completamente desacreditado e tentar explicar que ele estava lúcido, assim como dona Zilda...ousar contar tudo o que ele ouvira dela...só pioraria a sua situação, com certeza!

A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita GayOnde histórias criam vida. Descubra agora