Dona Zilda fechou a porta do quarto de Lucas com cuidado, temendo que ele acordasse, mesmo após o passe que lhe aplicara.
Mais tarde, ela sorriu quando percebeu a presença de Otávio esperando por ela próximo à cozinha, de onde ela saía com uma carinha satisfeita.
_Então não conseguiu controlar a ansiedade!_ela sorriu apoiando a mão agora no braço dele, ao contrário do que fizera com Lucas.
_Dona Zilda, eu não faço outra coisa a não ser esperar por ele desde que a senhora anunciou que ele viria!_confessou Otávio.
Andaram pelos corredores onde ofereciam os cuidados paliativos. O local mais parecia um grande lar e não tinha semelhança alguma com um hospital convencional.
Tirando o corredor onde ficavam os quartos, o restante do prédio fora organizado pra ser como uma casa normal: copa, cozinha, banheiros, um pátio amplo, sala de televisão.
Doutor Otávio Augusto Pontes já não era mais o famoso oncologista, muito menos ainda usava o uniforme de médico.
Naquele momento, usava uma calça jeans surrada e bem confortável, camisa de malha branca, usava chinelos de couro e quem o visse jamais o associaria ao antigo médico vaidoso, arrogante e ambicioso.
Mais de um ano havia se passado após o primeiro encontro de Otávio com dona Zilda, que agora incorporava em Marlene, a médium que também morava ali.
Ninguém ali se dizia interno na instituição criada por doutor Otávio. As portas estavam sempre abertas e eles poderiam ir embora a hora em que quisessem, pois não era objetivo do médico prender ninguém ali...ele só queria ajudar.
Quando dona Zilda veio falar com ele que deveriam abrir aquela unidade de saúde de cuidados paliativos que abrigaria pessoas portadoras de doenças que lhes ameaçavam a continuidade da vida carnal, Otávio não acreditou que conseguiria colocar aquele projeto de pé.
_Dona Zilda, a senhora me desculpe, mas não me sinto habilitado a levar adiante um projeto tão grandioso assim!_Otávio dissera, já ciente de que não era mais o antigo oncologista arrogante e tão seguro de si.
_Bobagem, filho! Você foi escolhido a dedo pelo plano espiritual e eu estou aqui pra te ajudar!_ela o incentivara na época.
Certamente, tudo fora encaminhado pelo plano espiritual, pois encontraram o prédio perfeito em excelente estado para que Otávio comprasse. As pessoas não precisaram ser convidadas a se hospedarem ali, como ele gostava de falar. Elas simplesmente foram chegando, uma a uma e agora já eram trinta e cinco, atualmente. Eram pessoas de diferentes idades e que eram portadoras de inúmeras doenças terminais.
Otávio não precisou pedir uma segunda vez a ajuda do prefeito, que falou com os vereadores, que entraram em contato com outros políticos, empresários, patrocinadores a fim de que tudo fosse sendo encaminhado para que a clínica logo se tornasse uma referência no país. Era com recursos de apoiadores que ele podia aceitar, inclusive, pessoas que comprovadamente não podiam pagar a estadia ali.
Dona Zilda viera até ele através de Marlene mesmo antes dela receber o diagnóstico daquela doença terminal.
Longas foram as conversas entre os dois, varando noites, adentrando pela madrugada a fim de que nenhuma informação faltasse ao antigo oncologista.
O agora administrador do lugar, tornara-se um profissional sério que entendia que estava ali não para curar as pessoas, mas para ajudá-las a ter uma morte digna, sem dor, amparadas por alguém que lhes desse amor e conforto em seus momentos finais no plano carnal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita Gay
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES-Dois homens lutando para viverem juntos sucessivas vidas, mas sempre sendo impedidos por forças negativas... Um amor posto à prova sucessivas vezes e que agora terá a sua última chance para finalmente acontecer! Duas almas...