A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita Gay

CAPÍTULO 36-EPÍLOGO

Os jornais se ocuparam da família de Quim por quase um mês noticiando a invasão de um hacker nas contas das empresas de Paulo! Havia tido um rombo tão grande que levou o empresário à falência!

Não foi pela morte do filho que Paulo veio a falecer pouco tempo depois, mas por ter sido abandonado pela mulher e pelo filho branco que o empresário tanto amava...

Antes de morrer, Paulo descobriu que fora vítima do golpe do filho que havia conseguido fazer aquela bagunça toda em seu último ato de rebeldia!

Otávio nunca soube como Quim havia feito aquilo...talvez estivesse tendo premonições por adivinhar a morte do pai tão rapidamente...e por isso o garoto havia conseguido dar um jeito de apenas depois da morte do empresário começassem a chegar todos os meses quantias vultuosas em forma de doações anônimas para a instituição de Otávio!

O médico sabia de onde vinha o dinheiro e não se sentiu mal por acreditar que por direito aquele dinheiro todo era de Quim e se ele havia tido aquele gesto "caridoso" no fim da vida...não havia como contrariar o seu último desejo, claro!

Os anos se passaram...o prédio onde Otávio morava com Lucas e recebia os doentes terminais e portadores de doenças que lhes ameaçava a continuidade da vida   foi reformado...ampliado e se tornou referência no mundo inteiro!

Aquele lindo trabalho com cuidados paliativos ganhou mais duas filiais pelo Brasil! O plano espiritual foi abençoando...foi frutificando...e novamente veio Marlene um dia, através de uma das idosas que partia, anunciar mais uma vez:

_Vocês precisam preparar alguém que possa continuar o trabalho de vocês quando desencarnarem.

Otávio, que estava sozinho segurando a mão de quem partia, sentiu o coração doer de pensar que talvez Lucas fosse primeiro do que ele...ou que ele iria primeiro e deixaria o seu amor sozinho...

_Não se preocupe, meu querido amigo...ainda não será tão cedo quanto possa imaginar o seu desencarne e o de seu amado._Marlene o confortou._Vocês ainda terão  uma importante missão a fazer aqui neste plano!

Otávio acreditou que ela certamente se referia aos cuidados paliativos sendo levados cada vez mais para pessoas carentes e sem recursos para pagarem a internação.

E foi numa manhã de domingo, quando Otávio e Lucas haviam sido chamados para socorrerem uma moradora de rua que estava nas últimas e não tinha pra onde ir que eles o encontraram mais uma vez: Cassius!

_Eu me recuso a deixar o meu filho pequeno aqui sozinho na rua..._disse a mulher que sofria com  um câncer no estômago._Ele só tem a mim...

O garotinho estava sujo e desnutrido e olhava para os dois homens assustado...encolhido atrás da mãe.

_Não se preocupe, senhora...Encontraremos um abrigo para cuidar do seu filho._informou Otávio.

_Não!_a mulher agarrou a criança que parecia ter menos de cinco anos._Ele é pequeno e vive apanhando de crianças maiores...não sabe se defender...Aqui na rua, pelo menos, de vez em quando alguém vê e vem em socorro dele...Num abrigo, com tantas crianças abandonadas, certamente ele passará despercebido e levará a pior.

Lucas disse a Otávio que o melhor seria satisfazer os últimos desejos da pobre mulher e assim deixaram a criança ficar ao lado da mãe pelo tempo que ela permaneceu na instituição de Otávio.

Foi o próprio garoto quem se identificou de uma maneira inusitada  num dia em que recebeu alguns bonequinhos de presente dos dois cuidadores Lucas e Otávio, já na véspera de ser entregue a um orfanato.