CAPÍTULO 35

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Otávio assustou-se com o vulto parado na porta da sala: Quim!

_Não pense que as suas drogas estão fracassando, doutor...Eu tenho as minhas próprias reservas ali comigo e tenho certeza de que é isso que vai me permitir ter tempo de fazer o que preciso fazer._disse Quim entrando e trancando a porta da sala atrás de si!

O médico, em choque por aquela aparição completamente surreal, ficou paralisado e com os olhos arregalados não acreditando no que estava vendo.

_Mas você estava completamente inconsciente quando eu passei no seu quarto...

Quim respirou entediado:

_Tem certeza que eu vou ter que passar o resto da minha vida explicando para você o efeito de algumas drogas digamos...top de linha? Sem contar que já deu pra perceber que eu sou excelente ator, claro!

Quim guardou a chave da porta no bolso,  sentou-se numa cadeira e puxou o laptop de Otávio onde ele tinha toda a documentação daquela instituição. O médico fez menção de deter o garoto!

_Calma, Otávio, que eu não vou fuçar a sua vida, não, eu prometo._Quim já digitava rapidamente demonstrando ter certeza do que iria fazer._Nada do que você tem salvo aqui me interessa...só quero me vingar de três desgraçados que acham que me venceram e que vão levar a melhor! Eles acham que eu ainda sou o Joaquim Francisco que chorava escondido por carência de pai e mãe...

Otávio não precisou ser gênio para saber que ele falava do pai, do meio irmão e da amante do pai.

O médico estava confuso admitindo que  no fundo ele também tinha sentido vontade de castigar toda aquela família que parecia querer se vingar do garoto covardemente agora que ele se encontrava tão frágil e vulnerável.

_Nem ouse sentir pena de mim, ou eu te mato, Otávio!_ameaçou Quim continuando a mexer no laptop com uma segurança que Otávio ficava atordoado em ver.

Otávio não conseguia se decidir sobre o que fazer...deveria impedi-lo? Deveria deixá-lo se vingar daqueles que lhe viravam as costas?

Ele não iria usar de violência física contra Quim, disso Otávio  tinha certeza!

_Não sou vítima...não sou santo...não sou digno de sua pena..._Quim falou torcendo a boca com repulsa.__Meu pai deve ter te contado que eu não vim a este mundo a passeio e sim...já roubei uma loja de bebidas importadas e também um carro numa concessionária...Destruí a fachada de uma prefeitura desenhando um pau enorme e duas bolas...Ai que saudades do tempo em que eu ignorava que estava morrendo!

Otávio desejou gritar que não queria ouvir nada daquilo, pois não estava ali para ser juiz e muito menos algoz, mas Quim não lhe deu tempo de fazer nada e continuou sem tirar os olhos da tela do aparelho:

_Tive armas várias vezes enquanto era menor, pois roubava da coleção do meu pai..._Quim riu._Nossa, o velho ficava possesso e era hilário! Tentei matar a puta que mora com ele...também tentei estuprar o meu irmão quando ele tinha doze anos, só pra ver aquela cara branca ficar vermelha de dor e aqueles olhos azuis de anjo, como o meu pai dizia, quase saltarem das órbitas sem saber por que o irmão negro estava metendo o dedo onde não era chamado!

Otávio mais uma vez desejou gritar que não queria odiar aquele rapaz...não queria sentir nojo por causa  daquilo que ele estava dizendo...Era tudo monstruoso demais!

_Claro que aquilo foi abafado, porque poderia manchar a imagem da empresa, ou mesmo a imagem  do Paulinho que tinha um furinha que parecia um  botãozinho rosa...

A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita GayOnde histórias criam vida. Descubra agora