CAPÍTULO 13

330 64 24
                                    



Otávio conseguiu esconder o falecimento até o dia seguinte, para que as pessoas, todas ali também esperando a hora de partir, tivessem uma última noite de felicidade acreditando que Marlene ainda estava entre eles...apenas se  recolhera mais cedo em seus aposentos e não queria ser incomodada.

O velório foi feito ali mesmo, pois tinham uma capela velório espaçosa que dava direito de parentes e amigos a participarem da despedida da falecida. A capela encheu, confirmando o quanto Marlene era querida por todos.

_Mágico e abençoado é o segundo anterior à descoberta de uma desgraça..._disse Felipe, o grande amigo de Marlene ao lado do caixão secando as lágrimas._Fui eu quem ajudei ela a ir para o quarto ontem à noite...Estava meio indisposta, mas achei que era uma coisinha boba...Se soubesse, não teria saído do lado dela. 

Otávio garantiu a ele que a sua amiga não estava sozinha, pois ele estivera o tempo todo ao lado dela. Garantiu a todos que ela não havia sofrido em sua partida...apenas fechara os olhos com um sorriso no rosto...partindo em paz. Esses relatos eram positivos para dar esperanças às pessoas que estavam ali.

Cantaram as músicas preferidas de Marlene, falaram belas palavras de despedida e, quando tudo terminou, foi permitido que aqueles que quisessem fossem ao enterro, pois a família providenciara um ônibus.

Lucas pode perceber o quão especial aquela mulher tinha sido, não apenas pra ele, mas para todos ali, inclusive para Otávio.

Aos poucos, após o sepultamento, o lugar foi ficando silencioso...um momento de respeito onde as pessoas se reuniram em seus quartos...ou nos cantos do pátio...mas todos conversando baixinho...ainda sentidos.

Otávio viu Lucas sentado num banco sozinho, quando quem conversava com ele pediu licença pra conversar com um amigo. Aproximou-se do rapaz, tocou o ombro dele e identificou-se. Sentou-se ao lado de Lucas.

_Eu sinto muito pela sua perda._Lucas disse ao médico.

_Todos nós perdemos, Lucas, inclusive você. Um dia você saberá o quão importante Marlene e também dona Zilda foram em sua vida.

_Eu sei disso. Se não fosse ela me trazer até aqui, provavelmente eu estaria encarcerado num quarto dos fundos na casa de alguém que assumidamente não me queria ali.

Lucas ficou arrependido por estar levantando um assunto que poderia parecer que ele estava se vitimizando num momento tão delicado da vida do médico.

_Me desculpe. Acho que não é um bom momento pra falar de mim...

Otávio olhou para aquela pessoa tão frágil ao seu lado e acreditou que não deveria mais esperar. Quanto mais tempo adiasse, menos chances teria de conquistar Lucas e fortalecer o amor entre os dois, a fim de se blindarem contra Cassius.

Por que dona Zilda falara tão pouco sobre aquele reencontro com o maldito assassino? Ele não se conformava!

Será que também Cassius já sabia de quem ele fora em suas vidas passadas e agora, obstinado já os procurava pra novamente tentar matá-los? Seria isso mesmo?

_Não...pelo contrário, Lucas._Otávio falou sem demora._Desde que você chegou, ainda não sentamos pra falarmos sobre você. Poderíamos fazer isso agora?

Lucas ficou confuso e inseguro diante daquele convite:

_Você quer fazer  perguntas sobre mim...sobre o tratamento...porque eu já respondi ao questionário e também uma psicóloga veio falar comigo...Talvez, agora que dona Zilda se foi...você queira que eu vá embora...É isso?

A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita GayOnde histórias criam vida. Descubra agora