A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita Gay

CAPÍTULO 7

As noites mal dormidas foram minando as forças do atendente da loja de roupas...

Lucas já não tinha mais prazer em trabalhar na loja e era só mais um dos atendentes que fingia amar o que fazia, fingia apreciar os clientes que mimava para convencer a comprar alguma coisa...friamente de olho na comissão, mesmo que minguada...mas que fazia alguma diferença no final do mês.

As horas se arrastavam enfadonhas...os dias se arrastavam cansativos...os meses se arrastavam sem grandes perspectivas para o futuro...

Aquele era pra ser apenas mais  um dia longo e cansativo em que muitos clientes entravam, olhavam, experimentavam e não levavam nada...Um dos clientes havia feito com que ele descesse todas as blusas e calças, experimentara uma por uma e depois, ao se despir, embolou as roupas e as devolveu de qualquer jeito a Lucas que num esforço enorme apenas oferecia mais outra peça sem nada reclamar. O sujeito parecia não ter pressa, muito menos desconfiômetro e depois de torturar o atendente,  saiu dizendo que nada lhe agradara naquela loja, muito menos o preço!

Lucas queria gritar que se era um preço menor que ele queria, por que havia experimentado todas aquelas roupas, pedindo sempre as mais caras da loja,  mesmo sabendo que não iria comprá-las?

Pior do que ser feito de bobo foi ter que aturar o irmão do freguês atrevido  tirando fotos de cada novo look que o outro vestia. Ficou claro que os dois só queriam abusar de sua paciência pra tirarem fotos com as roupas que eles vendiam.

_Você tem que por mais maldade nas coisas, Lucas..._Jaqueline veio ajudá-lo a dobrar e guardar a pilha de  roupas, pois já era hora da loja fechar._Tá na cara que ele só vestiu as roupas pro irmão fotografar e com certeza deve ser pra postar em alguma página na internet, exibindo-se com as roupas mais caras da loja. O filho da puta deve estar querendo ostentar pra alguma garota, ou garoto, vai saber...

_Então era isso...safados!_resmungou Lucas revoltado._Agora vou ter que ficar aqui até depois do horário guardando todas estas roupas...Vou sair atrasado! 

_Calma, belo...com a minha ajuda, a gente vai encurtando a sua hora extra, ok?!_ela lhe sorriu solidária.

Quando saíram, cada qual para o seu lado, Lucas agradeceu a Deus  por ir embora andando, porque assim poderia relaxar e não iria descontar a raiva que sentia dos dois clientes sacanas  nos pais.

Ele ainda estava puto da vida! Uma inquietação o dominava naquele dia...algo o incomodava, aquela sensação desagradável como se tivesse esquecido alguma...ou como se precisasse fazer algo...mas não sabia o que era, só percebia que alguma coisa não estava bem e imaginou que era mais uma sequela das noites mal dormidas. Talvez já estivesse imaginando coisas, ou seria a certeza de que levaria um tiro...ou uma facada...ou uma flechada...ou mesmo alguém o furaria com a ponta de uma espada quando ele adormecesse...

_Eu vou enlouquecer, meu Deus!_falou consigo mesmo no meio da rua, não se importando se alguém pensasse que ele era um louco que falava sozinho.

Decidiu enviar uma mensagem para a mãe dizendo que iria se atrasar um pouco. Percebeu que ela não visualizou imediatamente...talvez estivesse distraída...ou no banho...em algum momento ela veria a mensagem, ele tinha certeza. Iria dar umas voltas, talvez se cansasse mais ainda o corpo, desmaiasse na cama e sua mente sacana não tivesse energia pra empurrar-lhe aqueles pesadelos traumatizantes.

Tudo agora parecia uma coisa só...o índio de pele vermelha tinha os braços fortes do escravo, mas as roupas eram do soldado romano e ao fundo ele podia ouvir os estampidos dos tiros de guerra e às vezes o som característico dos presos passando as mãos pelas grades das celas...loucura total! O gozo sexual  já não era mais tão agradável, pois ele iniciava o seu sonho erótico nos braços do carcereiro...no meio do sonho ele já sentia em seu corpo as mãos calejadas do escravo...pra dali a pouco sentir no rosto a cabeleira longa e negra escondendo o rosto do índio...e lá vinha o soldado romano lhe dar um tapa estralado nas nádegas nuas!