CAPÍTULO 22

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Otávio sentiu um aperto no coração ao ver o amigo chorando daquele jeito e, diante da aparência abatida dele, só pode imaginar que ele viera ali para se internar!

_Ai, meu Deus, Paulo...Você não veio aqui pra se internar, não é?

_Não, não vim me internar, Otávio._o empresário apressou-se em esclarecer.

Lucas, assim como Otávio, já estava aflito pra esclarecer aquele mistério, mas Paulo parecia ainda em dúvida se deveria ou não contar o que estava acontecendo.

_Paulo, por favor, por que não diz logo  do que estamos falando exatamente?_insistiu Otávio._Se você me procurou é porque acha que eu posso ajudá-lo. Se estiver ao meu alcance, tenha certeza de que farei o que for preciso pra te ajudar, pois tenho uma dívida enorme com você que vem me apoiando todo este tempo! Pode se abrir comigo, caro amigo.

Paulo respirou fundo e decidiu finalmente se abrir para Lucas e Otávio:

_Otávio, você se lembra do meu filho Joaquim Francisco?

Otávio puxou pela memória e lembrou-se que o amigo tinha sim um filho lindo que ele fora visitar quando o garoto nasceu. Quantos anos tinha aquilo? Certamente o garoto já era um homem.

_Lembro, claro que me lembro! Nossa, o Joaquim Francisco deve estar um homem, atualmente!

_Dezoito anos.

_Dezoito anos já?_surpreendeu-se Otávio._Como o tempo voa! Como ele está?

O pai respirou fundo antes de responder:

_Nada bem, meu amigo...Meu filho tem uma doença incurável, Otávio, que, como você costuma dizer,  lhe ameaça a continuidade da vida!

Otávio examinou os papéis que Paulo lhe estendeu e viu que realmente era um caso sem solução. Era um câncer muito raro e agressivo.

_Meu Deus! Eu sinto muito, Paulo!_disse Otávio com sinceridade.

Otávio ainda estava confuso,  não entendendo o porquê tanto investimento financeiro por parte de Paulo,  se o amigo poderia simplesmente ter chegado ali e ter internado  o filho dele.

_Já rodei o mundo inteiro procurando uma cura...Ele já fez tratamentos que você talvez nem conheça ainda...mas nada consegue aliviar o sofrimento do meu filho, Otávio!_desabafou o pai agoniado._Você não pode calcular o que é ver o seu único filho morrendo sem que você possa fazer nada! Um pai nunca deveria sobreviver ao próprio filho...isso é cruel demais, meu amigo!

Otávio percebeu que os melhores especialistas do mundo haviam sido consultados e todos os prognósticos coincidiam. Realmente, o rapaz parecia não ter muito tempo de vida.

_Pode ver como a situação é gravíssima..._reforçou Paulo arrasado.

_Realmente, o quadro não é nada bom, meu amigo...lamento muito, Paulo...

Ainda assim, Otávio acreditou que com tanto dinheiro, não seria preciso o seu amigo apelar pra ele pra receber o seu filho num lugar simples como aquele e que inclusive precisaria passar por reformas. Também havia aqueles internos que ali estavam justamente por não terem recursos para pagar a internação em outra instituição...inclusive moradores de rua, como Aldo.

Fazer caridade aceitando ajudar as pessoas que não pudessem pagar fora uma exigência de dona Zilda e Paulo tinha consciência da presença daquelas pessoas mais simples internadas ali.

Otávio imaginou que o amigo nem estaria ali se soubesse que espécie de homem, no caso de Aldo, que aquela casa abrigara! Certamente Paulo não iria querer ter o seu filho convivendo com pessoas assim e tinha outras opções de locais para onde levá-lo, avaliou Otávio.

A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita GayOnde histórias criam vida. Descubra agora