CAPÍTULO 34

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Otávio e Lucas sabiam que seria difícil dormir aquela noite. Teriam que ser muito insensíveis para não terem sentido-se mal pela situação vivida pelo garoto. Isso, aliado ao temor de Quim fazer mal ao idoso que usara como refém, realmente abalara os nervos dos dois amantes.

Após confirmarem que Quim estava completamente apagado, decidiram que mereciam um descanso. 

O idoso que fora atacado felizmente estava bem depois do susto e, assim como todos os outros, também  já havia se recolhido ao seu quarto após tomar uma dose reforçada do delicioso chá de erva cidreira com maçã e rosquinhas de coco que costumavam servir.

Na cama, nus e com os corpos bem juntinhos,  Lucas e Otávio ficaram por um longo tempo em silêncio...apenas aproveitando um a presença do outro...o calor do outro...o cheiro do outro...o contato pele com pele que os tornava quase um só num universo só deles.

Em um dado momento, Lucas olhou para o rosto do homem amado e percebeu o quanto ele estava abatido e completamente esgotado. 

Otávio parecia se sentir completamente responsável por cada um dos internos, mas com Quim  a coisa estava beirando realmente a um sentimento de paternidade.

_Talvez se  tomasse um dos calmantes que você dá para os  seus amigos aqui internados, você conseguiria relaxar e dormir um pouco, meu querido. Teremos um dia cheio amanhã e você precisa estar forte._disse Lucas carinhosamente.

Otávio acariciou o rosto do homem amado, beijou apaixonadamente  os olhos, o nariz, a boca de Lucas não com sofreguidão, mas quase com reverência.

_Não sei o que eu faria sem você na minha vida, lindo...Eu te amo tanto, Lucas, tanto que chega a doer!_o médico sorriu apaixonado._Você me deixa completamente seguro de que tem alguém que me ama sem restrições, sem cobranças, sem impor nada...sem exigir nada...

Lucas sorriu com carinho e beijou os lábios de Otávio para que ele silenciasse aquela declaração de amor...como se não quisesse que ele continuasse...

_Você está falando do Quim e da relação dele com o pai, não é?

Otávio sorriu triste e assumiu com um gesto de cabeça  que falava sim do garoto.

_Tem como esconder algo de você?_disse o médico adorando o rosto do seu amado.

Lucas sorriu e encostou a testa na de Otávio:

_Talvez você  tenha se esquecido, mas um dia já quase dividimos a mesma cabeça...fomos irmãos siameses em uma de nossas encarnações...mesmo que por pouco tempo, mas fomos...lembra-se?

Os dois sorriram cúmplices entrelaçando os dedos das mãos.

_Não tem como esquecer..._Otávio tocou o local na cabeça de Lucas onde tinha uma marca de nascença igual a dele._Trouxemos uma lembrancinha, esqueceu?

Lucas fez o mesmo e tocou a marca de nascença na cabeça de Otávio.

_De jeito nenhum, doutor. É como se isso confirmasse que somos um do outro...Eu sou seu...

Lucas olhou fundo nos olhos do homem amado e sorriu.

_E eu sou seu._completou Otávio._E é pra sempre, amor...

_Pra sempre...

Abraçaram-se sentindo aquela troca gostosa de energias positivas recarregando as forças  perdidas.

_Você também deve estar cansado, Lucas. Talvez seja melhor eu sair um pouco e deixar você dormir..._Otávio fez menção de sair da cama.

Lucas o deteve aflito:

A ÚLTIMA CHANCE-Armando Scoth Lee-Romance Espírita GayOnde histórias criam vida. Descubra agora