Inatingível

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"O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."
(Carlos Drummond de Andrade)

— Mamãe! — Ezgi exclama através da tela do celular

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— Mamãe! — Ezgi exclama através da tela do celular. Eda está deitada no meu colo, enquanto o meu motorista dirige em passos de tartaruga de acordo com as recomendações médicas. — Tia Ceren me mostrou o som do coração do meu Tum Tum. — Enquanto a minha menininha está alheia a toda situação, eu permito que as lágrimas escapem um pouco mais.

A adrenalina que o filme de terror proporcionou ainda está se espalhando por todo o meu corpo e o pavor, a insegurança continuam esmagando o meu peito. Eu poderia ter perdido minha mulher — o amor da minha vida e o meu filho em uma manhã.

— Sim! — Eda tenta manter a voz firme, mas os nossos sentimentos estão se chocando por poder ouvir a Ezgi novamente. — Estou morrendo de saudades suas, meu amorzinho! — Afirma. — Seu pai já pediu para que Ali a trouxesse para os meus braços? — Acaricio os braços de Eda ao passo que confirmava com os meus seguranças a vinda de Ezgi.

— Sim, mamãe! Tia Ceren está organizando minha mochila! — Seus olhinhos estão brilhando. — Papai! — Chama-me — Ganhei um pote de sorvete de chocolate e guardei um pouco para vocês que são — Ela pausa e afasta o celular. — Meu mundo inteirinho! — Eda não segura mais as lágrimas e joga a responsabilidade em minhas mãos, como se eu pudesse impedir que meus olhos marejassem. — Quero que meu irmãozinho goste do meu sorvete! — Assinto com um nó na garganta. — Mamãe, daqui a pouquinho eu chego para beijar vocês e meu Tum Tum.

— Estamos ansiosos, meu anjinho! — Digo e recebo um beijo pelo celular. — Amo você, até logo! — Ela desliga a chamada quando escuto a voz de Ali chamar Ceren.

Enxugo as lágrimas de Eda e coloco-a no meu colo, acaricio suas mãos trêmulas e beijo seu rosto molhado. Tento passar segurança em cada toque, amor quando inalo seu cheiro, calma enquanto aliso sua barriga e beijo nosso Tum Tum.

— O nosso amor é suficiente, Serkan! — Diz ao encostar o seu nariz no meu. — Passamos anos sozinhos, tendo que enfrentar os piores pesadelos sem ter um ao outro, porém agora é diferente! — Ela beija meu queixo. — Eu sei que você fará o possível para que eu descanse — Assinto. — Cederei, pois tenho que pensar no nosso Tum Tum. Mas, o que passamos naquele banheiro. — Reivindico sua boca, ela abre espaço e nossas línguas se encontram, implorando por acalento.

— Você tinha uma arma na sua têmpora! — Digo quase sem fôlego. — Você não imagina o medo que eu senti de perder vocês.

— Exato! Nossos medos se coincidiram, passamos o mesmo trauma! — Ela faz uma massagem no meu pescoço. — Não vamos fugir ou amenizar os sofrimentos sozinhos, promete? — Pergunta e deposito um selinho em seus lábios. — Eu prometo que quando minha mente retornar para aquele momento repugnante, eu irei abraçá-lo e ficar em seus braços até que a dor passe.

Intensos e quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora