O pesadelo acabou!

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Uma hora antes do acordo.

Ezgi

Há tanto tempo que o medo não me perturbava, sinto-me segura nos braços dos meus pais: o carinho da minha mamãe e a proteção de papai, meu príncipe, não permitem que esse sentimento prevaleça.

Porém, nesse momento estou com medo. Medo do escuro, daquele monstro que me retirou dos braços quentes do meu papai e também do choro do meu irmãozinho.

Ele está chorando desde o momento que abri os meus olhos doloridos. O quarto está sem nenhum resquício de luz. Estico minha mão direita e tento não esbarrar em nada enquanto o procuro.

Ele está deitado em um berço improvisado, o coloco em meu colo, assim como minha mamãe ensinou. E começo a cantarolar baixinho, as músicas que papai costuma cantar para nós dois.

— Vai ficar tudo bem, leãozinho! — Digo com um aperto no peito e com a sensação de que esse pesadelo está longe do fim. — Papai e mamãe já devem estar nos procurando. — Ele deve sentir minha angústia, pois o choro não é amenizado, na verdade é triplicado.

— Não aguento mais escutar o choro dessa criatura! — O monstro diz, e eu consigo ver seu rosto carrancudo com um feixe de luz. — Vou acabar com isso agora! — Afirma e eu abraço o meu irmãozinho, na tentativa de protegê-lo.

Ele se afasta de nós e começa a bater o pé no chão e meu coração estremece.

— Serkan Bolat! — Diz e um pouquinho de esperança sacode meus ombros. O meu papai está a uma ligação de distância. — Não lembrava o quanto é insuportável o choro de crianças.

Eles conversam por alguns minutos e depois escuto seus passos se aproximando. Encolho-me com Aslan em meu colo, agora um pouco mais calmo.

— Garota! — Ele toca meu ombro. — Tem alguém querendo falar com você. — Seguro o celular e prendo a respiração ao escutar a voz de minha mamãe.

— Mamãe! Papai! — Exclamo, enquanto fito os olhinhos brilhantes do leãozinho, por conta do choro.

Meu anjinho! — Ela está chorando e não consigo ser corajosa nesse momento, então deixo as lágrimas escaparem. — Como vocês estão?

— Estamos bem, mamãe! O leãozinho está com fome, eu acho, ou apenas com medo, assim como eu! Quando vocês irão vim nos buscar? — Beijo mais uma lágrima solitária que escapa por sua bochecha.

Nós estaremos aí em breve, minha princesa! — A voz doce do meu pai ecoa — Continue sendo corajosa e cuidando do seu irmãozinho. Nós amamos vocês. — Não tenho tempo de responder, pois o monstro arranca o celular do meu ouvido.

— Espero que seu papai não cometa nenhuma idiotice! — Afirma, ante de sair batendo os pés.

— Nosso papai é inteligente, leãozinho, ele é o presidente de uma grande empresa — Tento acalmar o meu irmãozinho com uma nova história. — Ele jamais faria uma idiotice, principalmente quando as pessoas que ele ama estão em perigo.

Eu espero.

— Nós também amamos vocês! — Digo e espero que as poucas estrelas no céu levem esse recado até eles.

Agora.

Eda

Após escutar a doce voz da minha pequena e o balbucio do meu leãozinho, meu coração ficou ainda mais destroçado e temeroso. Porém, sinto uma pontinha de esperança, como sempre, ela é a minha fiel escudeira.

Intensos e quebradosOnde histórias criam vida. Descubra agora