Capitulo 1

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Billie Eilish On

Meses após nossa viagem ao Havaí tinha se passado, e já tínhamos chegado em dezembro de novo. Muita coisa havia acontecido, lancei um álbum, ganhei prêmios novos e iniciei uma nova turnê.

E agora após um longo fim de semana de shows, cheguei em casa para fazer uma surpresa para minha namorada com um jantar.

Tudo estava ocorrendo extremamente bem, até que comentei que tinha perdido muito dinheiro pelo cancelamento da turnê passada e que teria que dar tudo de mim na nova turnê.

Pensei que teria o apoio da minha namorada, por estar extremamente cansada, exausta e desgastada. Mas não, Jade começou a jogar na minha cara que não tinha pedido para que eu cancelasse a turnê e perdesse dinheiro por conta dela.

- É sério que vamos discutir sobre isso de novo? - eu perguntei. - Eu só comentei porque achei que teria seu apoio, eu estou exausta. Não precisa jogar na minha cara que não pediu para que eu cancelasse a porra da turnê!

- Ah, claro! Você sabe que cancelou porque quis.

- Jade, podemos voltar a comer? Eu só queria estar aqui, jantando com a minha namorada. - suspirei cansada.

Jade me olhou e voltou a comer, bufando.

- Odeio brigar, mas você sempre quer brigar por coisa que já aconteceu. Custa parar? - questionei, levando o garfo com macarrão a boca.

- Custa Billie. - disse. - Desde quando eu acordei não conversamos sobre o que aconteceu, por isso nosso relacionamento está uma merda.

Abri a boca surpresa, não imaginava que a definição do nosso relacionamento pra ela era uma merda.

- Wow, uma merda? Não esperava por essa. - ri sarcasticamente, bem chateada.

- Tudo ficou estranho, Billie. Principalmente depois de você me pedir um filho. - falou bebendo um gole de seu suco.

Suspirei me segurando para não chorar.

Jade estava mudada, e isso doía demais.

- Okay, se não quer ter um filho comigo, tudo bem. Agora usar um sonho meu para brigar, já é demais. - me levantei novamente, pegando meu celular - Eu tenho mil e um motivos para jogar tanta coisa na sua cara, mas mesmo assim não faço. Não faço porque te amo e sou grata por te ter de volta. Mas pelo visto você não sente mais o mesmo.

- Billie, isso não é ver... - tentou falar baixinho, mas a interrompi.

- Me pergunto todos os dias do porque você disse que não queria um Caio dois ponto zero na sua vida. Sempre quis saber o porque você disse aquilo, do porque chegou a cogitar que eu era igual, ou que fosse fazer algo igual a ele. Mas mesmo assim deixei pra lá, porque te amo. - eu funguei.

- Billie, por favor...

- Por favor?! Eu passei por tanta coisa sem você aqui, e quando você acordou, não teve nem a consideração de perceber que cancelei aquela porra pra ficar com você. Além de que não conseguia cantar sabendo que você poderia morrer a qualquer momento. - aumentei o tom de voz. - Satisfeita?

- Me desculpe Billie, não falei por querer. - ela falou, se levantando e dando um passo até mim.

- Vou ir dormir na minha mãe. - eu disse, indo ao quarto, pegando minhas coisas e indo embora.

[...]

- Você precisa entender que ela perdeu meses da vida dela, por estar deitada numa cama de hospital, Billie. - minha mãe murmurou, fazendo carinho em meu cabelo.

Assim que cheguei em casa chorando, minha mãe já sabia que teria sido por mais uma briga, e me seguiu até o quarto. Deitou comigo, e ficou uma hora em silêncio até que eu conseguisse contar o motivo de mais uma das diversas brigas.

- Eu entendo, mãe. Entendo perfeitamente. - disse. - Mas ela poderia tentar me entender também.

- Jade sabe que você se culpa pelo acidente dela? - neguei desviando o olhar. - Foi horrível te ver daquele jeito filha. Te ver se culpando por algo que não tinha o mínimo controle.

Desde que Jade acordou, não conversei com ela sobre o que eu senti e passei nos meses em que ela ficou naquela cama. Porque ela estava mal, precisava de mim, e nada mais importava.

- Eu pedi um filho pra ela, mãe. - admiti. - Bebi mais do que devia por conta de briga, e falei que queria um filho.

Minha mãe ficou em silêncio por alguns segundos, onde só se ouvia meus soluços baixinhos e a respiração pesada.

- E o que ela disse? - questionou quebrando o silêncio.

- Pelo visto ela não quer um filho meu. Hoje ela disse que nosso relacionamento ficou estranho, principalmente depois de eu pedir isso a ela. - suspirei. - Sei que não deveria ter bebido, e que ela tem o direito de não querer um filho. Mas poxa mãe, precisava jogar tudo na minha cara, e usar isso como desculpa para rotular nosso relacionamento como uma merda.

As lágrimas teimavam em cair, assim como a dor no corpo e o cansaço ficavam cada vez pior.

- Jade está diferente, Billie. Ainda acho que vocês precisam sentar e conversar sobre tudo, desde antes do acidente até agora. - concordei - Se for para continuar com essas brigas sem sentidos que só estão machucando as duas, você sabe o que fazer.

- Pensei em dar um tempo. Não por mim, e sim por ela. Sinto que ela precisa desse tempo sozinha. - falei - Mas eu não consigo, e não quero.

Estava pensando sobre pedir um tempo ou terminar a alguns dias, mas eu simplesmente não conseguia.

Só de imaginae que ela ficaria mal e choraria por minha culpa, e que além de tudo eu ficaria sem ela, dava vontade de chorar.

Mas só de pensar que nosso relacionamento chegou a esse ponto, caia a ficha de que teria que fazer alguma coisa. Seja ela conversar e tentar resolver, ou terminar de vez.

- Billie, você precisa pensar em você. Tudo isso é só por ela. Sei que voltou mais cedo da turnê por ela.

- Eu amo ela, mãe.

Jade On

- Você o que?!? - Isabela gritou do outro lado da linha assim que terminei de contar o que aconteceu.

- Ela me pediu um filho, e eu usei isso como desculpa e falar pra ela que nosso relacionamento está ruim. - suspirei. - Eu sou uma pessoa péssima. Quem faz uma coisa dessas?

- E você quer ter um filho com ela? - questionou incerta.

Acendi um cigarro, o levando a boca e dando a primeira tragada do dia.

- Acho que vou pro Brasil. - mudei de assunto.

- Você? vir ao Brasil? Vovó vai terminar de te esganar. - Isabela riu.

- Não disse que iria pro Rio. Preciso de um tempo sozinha, pensei em ir viajar um pouco com a Sofia. - falei ouvindo Isabela bufar. - É uma péssima ideia, eu sei.

Isabela tinha dezoito anos e conseguia pensar antes de agir melhor do que eu que tinha vinte.

- Estou ficando sem paciência, Jade. Para de arrumar desculpas paralelas e fugir. Toma vergonha na porra da sua cara e vai conversar com a sua namorada. Porque se você não for, eu vou.

𝐧𝐞𝐰 𝐠𝐢𝐫𝐥𝐟𝐫𝐢𝐞𝐧𝐝 𝐈𝐈 • 𝐛𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞 𝐞𝐢𝐥𝐢𝐬𝐡 Onde histórias criam vida. Descubra agora