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|S e l e n a|

Minhas mãos estão suando. Não tenho coragem para me virar e encará-lo, não tenho.

— Selena. — Ele me chama calmamente, o que só me deixa mais nervosa. Porra, ele está com raiva. — O que você disse? — Sua voz está mais perto, sinto sua respiração bater no topo da minha cabeça.

— Amor... — Viro-me com calma, e quando olho em seus olhos, vejo o puro pânico com uma mistura de negação. — Aron, eu sinto muito...

— Chamou meu pai de assassino. — Ele sussurra, descrente. — Me diz que cometeu um engano.

Abaixo os olhos, engolindo em seco. Não consigo olhá-lo agora.

— Não temos nada comprovado, mas é a teoria mais válida. — Aron se afasta, parecendo baqueado. Vejo suas pernas falharem quando ele se senta na cama.

— Como sabe? — Ele não me olha, continua encarando um ponto fixo e aleatório.

— O Gabe achou umas coisas, ele acabou de enviar as novas provas para o Frank, eles vão analisar e...

— COMO VOCÊ SABE, PORRA? — Quase pulo de susto. — Meu pai é um filho da puta, Selena, mas não é um assassino. — Ele diz entre os dentes, agora me olhando. Cambaleio alguns passos para trás, ele me olha com quase ódio e se levanta. — Você não pode acusar minha família de cometer algo desse nível.

— Amor... — Tento tocá-lo, mas ele se afasta.

— Amor o caralho. — Arregalo os olhos. — NÃO FOI PARA ESSA PORRA QUE EU VIM AQUI, SELENA. — Ele grita, apontando o dedo para mim. — MEU PAI NÃO MATOU NINGUÉM, ELE JAMAIS FARIA ISSO.

— Não grita comigo. — Peço, calmamente. — Aron, eu não queria que fosse assim, mas é, seu pai é o principal suspeito agora e...

— Meu pai não é um assassino. — Ele ralha. — Sua família é. — Não, Aron... não faça isso. — Você faz parta da porra de uma máfia e vem acusar meu pai de ser um criminoso? Seus padrinhos são assassinos, eles são criminosos e você faz parte dessa merda.

— Cala a boca. — Digo em tom de aviso, começando a me irritar. — Eu entendo que está em negação e por isso eu vou relevar dessa vez, mas nunca mais fale algo deles para mim, Aron. Seu pai desvia dinheiro para tráfico e a empresa é só uma fachada, ele provavelmente matou a sua amiguinha, se você não acredita, tudo bem, mas não tem o direito de colocar minha família no mesmo balaio.

— Não tenho? — Ele ri. — E vocês não são do mesmo balaio? — Ele diz cinicamente. — O que seus padrinhos fazem aqui, Selena? Roubam para os pobres? Resgatam cachorrinhos de rua? Querem acabar com a fome no mundo? Não, eles roubam e matam para eles mesmos. Aliás, foi assim que seu pai ficou bilio... — Ele não termina, pois o tapa que desfiro em seu rosto o impede.

Sinto a veia do meu pescoço latejar pela raiva que me consumiu a cada maldita palavra que ele disse.

— Nunca mais toque na integridade do meu pai. — Praticamente rosno a frase. — Filho da puta.

Percebo uma movimentação atrás dele e vejo Alexsandro nos encarando sem expressão alguma. Aron segue meus olhos e percebo seu corpo se enrijecer.

— Você tem razão. — Meu tio diz, escorado no batente da porta e cruzando os braços. — Nós não resgatamos cachorrinhos de rua e nem acabamos com a fome no mundo. Nós matamos e roubamos... você tem razão. Mas, uma coisa que não sabe, Aron. Nós protegemos os nossos, e nós tomamos as dores um dos outros, é isso que significa família, e a garota a quem você acabou de ofender faz parte da minha. — Alexsandro descruza os braços e desencosta do batente. — Só aceitamos ajudá-lo porque ela te ama e isso era importante para ela, mas agora eu vou perguntar se ela ainda quer, e se ela disser não, você e o seu problema que se fodam. — Meu tio olha para mim e sorri. — Ainda quer ajudar esse panaca, meu amor?

O sócio do meu paiOnde histórias criam vida. Descubra agora