39

3.3K 360 15
                                    

|S E L E N A|


Assim que me livro da cadeira e das cordas que me prenderam à ela, vou até o corpo desfalecido do homem e vejo que há uma escuta em seu ouvido.
Ignoro o buraco bem no meio de sua testa, que sangra aos montes.

Tateio os bolsos do homem e acho algumas balas e mais uma arma, pego tudo que será útil e me levanto, meio cambaleando.

Assim que me viro, a porta do porão está escancarada e dá direto em uma escada.

É muito perigoso sair por ali. Começo a sentir o cheiro da fumaça que vem lá de cima e me controlo para não me desesperar.

Vamos ... Selena... pense, pense!

A janela!

Volto para o interior do porão e pego a cadeira, colocando-a logo abaixo da pequena janela que está tapada por uma ripa de madeira. Tento puxá-la, mas não consigo.

Suspiro, não aceitando desistir.
Lembro-me do chão de madeira solto e me apresso até o canto do porão. Com as duas mãos, puxo o piso que se solta com facilidade.
Volto para a janela e começo a bater na ripa com o pedaço de madeira, a ripa começa a quebrar, mas não rápido o suficiente.

Está começando a ficar muito quente aqui e não vai demorar até o fogo me pegar. Tapo o nariz com a camisa, para inalar o mínimo de fumaça possível e tento minha última opção.

Pego as duas armas e miro na na ripa. Atiro diversas vezes e ela parece destruída o suficiente para que eu consiga terminar de quebrá-lá.

Quando finalmente ela sai, meu peito se alivia ao ver que a pequena janela tem tamanho o suficiente para que eu consiga passar se me apertar e não me importar com os arranhões que vou ganhar.

Subo na cadeira novamente e consigo colocar a cabeça para fora da janela e sugo o ar que está bem menos quente, mas ainda assim, quente.

Jogo as duas armas lá fora e tento.
Subo meu corpo. Me expremo. Me machuco. Me arranho. Mas finalmente consigo sair.

Caio na grama e começo a tossir sem conseguir parar. Minha cabeça gira e meu corpo quer desfalecer.

Não posso. Não posso desistir.
Levanta, Selena, levanta!

Com toda a força que restou no meu corpo, me coloco de pé e pego as duas pistolas.

Olho para cima e a casa inteira está em chamas. Algumas cinzas caem sobre mim, queimando minha pele.
Me afasto da casa, correndo com o máximo de velocidade que consigo, o que não significa que seja muita coisa.

Vejo as pessoas correndo também. Nenhuma parece se importar comigo ali, dentre elas. Elas só querem salvar a própria pele, assim como eu.

Vejo Paola no portão da mansão e paro. Ela vai me reconhecer.
Merda!

Para onde eu vou?

Uma movimentação estranha no final do enorme jardim chama minha atenção. Parece ser o início de uma reserva.

Eu não sei o motivo, mas algo me chama para lá.
Para a floresta.
E eu vou. Eu corro tentando me esquivar dos corpos que batem no meu e me fazem cair diversas vezes.

Não desiste, Selena!

Eu chego perto, mas apenas perto.

Meus joelhos falham e meu pulmão parece incapaz de conseguir puxar mais ar.
Minha cabeça roda. Meu fôlego se esvai e eu caio.

O sol forte queima meu rosto, mas uma sombra o cobre. Com a pouca força que me resta, abro os olhos uma última vez antes de apagar.

É ele.
Aron.
Ele me achou.

O sócio do meu paiOnde histórias criam vida. Descubra agora