The Other World

Entre o Prazer e o Medo

Kuon

O que aconteceu entre nós parece uma ilusão, um sonho que se desfaz ao menor movimento. Meu coração está disparado, batendo forte como se quisesse saltar do meu peito e se lançar diretamente no Sr. Mascarado. Sinto um turbilhão de emoções conflitantes — confusão, desejo, medo e, acima de tudo, uma sensação de perda. Não consigo acreditar no que aconteceu. Não acredito que quase nos beijamos. Meu rosto queima ao pensar nisso, e meu estômago se encolhe num frio estranho.

- O que estava rolando entre vocês?

A May está deitada ao meu lado, e sua voz cortante me traz de volta à realidade. Seus olhos, tão curiosos e penetrantes, parecem querer arrancar algo de mim, uma verdade que eu não sei nem como começar a contar. Como explicar o que se passou no meu coração, no meu corpo, se eu mesma ainda não entendo?

- Nada, apenas fizemos as pazes. Me sinto um pouco melhor agora que está tudo esclarecido.

Eu me esforço para parecer tranquila, mas minha voz trai minha ansiedade. May sorri, mas não de forma totalmente convincente. Ela sabe que estou escondendo algo.

- Tudo bem se não quiser falar. Amanhã vou arrancar isso dele. Olha, se ele te machucar ou passar dos limites com você, me avise.

Eu congelo por um instante. O que ela quer dizer com "passar dos limites"? Fico tentada a questionar, mas não tenho coragem de falar, de expressar a confusão que sinto dentro de mim. Meus pensamentos estão em outro lugar, longe da conversa. Eles estão presos naquele momento com ele, perto demais de mim, com a sensação do seu toque ainda queimando minha pele.

- Como assim, passar dos limites?

May sorri, e uma sensação desconfortável se instala no fundo da minha garganta.

- Tipo... fazer isso.

Ela se aproxima de mim com um sorriso travesso e coloca as mãos em meu peito, fazendo com que meu corpo reaja de forma automática. Meus olhos se abrem em choque, e meu rosto explode em um calor incontrolável. O toque dela é suave, mas algo nele me faz sentir uma estranha sensação de alívio, como se uma tensão que eu nem sabia que carregava fosse liberada. Mas ainda assim, isso não é o que eu desejo. Não é o que me move.

- Não pode fazer isso então?

Ela ri, como se fosse uma brincadeira. Como se o que estamos fazendo aqui, nesse quarto, fosse simples e sem consequências. Mas dentro de mim, sinto uma tempestade. Parte de mim quer afastá-la, outra parte está em silêncio, deixando que a tensão se acumule.

- Só se você quiser.

As palavras dela ecoam em minha mente, mas eu não sei o que fazer com elas. O que estou sentindo é confuso, contraditório, e eu só quero fugir dessa sensação de vulnerabilidade. No entanto, quando a May continua com seus toques, um estranho tipo de tranquilidade se instala em mim. Não é o que eu esperava sentir, mas é real, e é meu. Por um momento, me permito relaxar.

Vejo que May está quase adormecendo ao meu lado. Eu, no entanto, não consigo fechar os olhos. Minha mente está presa naquele momento, com o Sr. Mascarado. Ele iria me beijar? O que ele sentiu? Será que era real? Será que esse desejo, essa atração, era só minha, ou ele também estava sentindo o mesmo?

Meus dedos tocam a nuca, onde seus toques ainda ardem, onde sua boca me provocou de formas que eu não sabia ser possível. Sua pele, seu cheiro, tudo nele estava perfeito, irresistível.

Espero que tenhamos mais momentos assim.

Sussurro para mim mesma, enquanto meu corpo ainda vibra com a lembrança dos seus toques e sussurros. Meu coração bate mais rápido, e eu fecho os olhos, esperando que, ao dormir, meus sonhos tragam ele para mim, para que eu possa sentir tudo novamente.