Pensamentos

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Uma semana atrás

– Parabéns, a senhora está grávida. – disse o doutor.

– O quê? O senhor tem certeza? – Catra diz se levantando rapidamente com uma cara assustada.

– 100% o exame de sangue é o mais efetivo que tem, você será mamãe. – ele diz sorrindo, entregando o resultado do exame para Catra.

Dois dias atrás

– Aqui não tem espaço para um bastardo, trate de se livrar disso mocinha, ou eu o farei e eu te garanto que não será nada divertido... para nenhum dos dois. – a voz grave e melódica ao mesmo tempo, a ameaçava alternando o olhar entre ela e seu ventre, falava frio e seco, olhos vazios sem vida a encarava, a gata tremeu por um calafrio intenso que passou pelo seu corpo.

Na primeira oportunidade que teve fez uma mala com alguns pertences que tinha e algumas roupas, montou em sua moto e saiu sem olhar para trás, depois de algumas horas andando sem rumo, parou a moto, precisava respirar, se sentia mal, enjoada e enojada, colocou para fora a única coisa que tinha comido no dia, seu rosto queimava, e em seus olhos já haviam uma profusão de lágrimas, olhou para o outro lado da rua reconhecendo um nome que ainda estava fresco em sua memória "Edifício Grayskull" se direcionou até o local, aproveitando que não tinha portaria apenas entrou, olhando para a porta do apartamento que sabia de quem era, pensou uma vez, duas vezes e mais, pensou muito, não era sua intenção estar ali, mas no momento era sua única alternativa, respirou fundo e apertou a campainha, ouviu a porta se abrir...

– Hey Adora.

Agora...

Catra acordou com o sol batendo em seu rosto, se espreguiçou abrindo os olhos, ao redor um lugar que não reconheceu de primeira, mas pouco depois se lembrando de tudo, olhou para o lado e não a viu, procurou no banheiro ninguém, nem no escritório, a sala e cozinha e varanda vazios, só queria ter certeza que estava mesmo sozinha, sentiu o estômago roncar e se dirigiu até a cozinha, no balcão uma nota escrita a mão.

"Fui para o trabalho, tem chá no bule, sim chá, você não pode mais tomar café, coma o que quiser, estarei de volta por volta das 19hrs, por favor me espere! Esse é meu número xxxx-xxxx me ligue se precisar de alguma coisa, Tenha um bom dia (◠ᴥ◠)

                                                                       — Adora"

"Não posso mais tomar café, não posso mais tomar café" pensou debochando, despejou todo o conteúdo do bule na pia, e encheu de água novamente colocando para ferver, abriu o armário vasculhando tudo, achando o café e colocou em cima do balcão, beliscou alguns biscoitos, abriu a geladeira tirando os ingredientes para fazer seu sanduíche enquanto a água do café fervia, terminou de preparar os sanduíches os cortando na diagonal, coou seu café, abriu o armário procurando os copos, deu de cara com uma caneca do transformers, pelo jeito a loira se amarrava nessas coisas, depositou seu café ali se agradando do cheiro, sentou a bancada e começou a comer, reparando em volta, a pequena sala, com um sofá de frente para estante da tv, e uma poltrona menor na lateral, uma pequena mesa de centro, piso de madeira escura, paredes claras, algumas coisas fora lugar mas no  geral tudo bem organizado, cozinha pequena mas não tão apertada, uma varanda com uma porta de vidro logo atrás, dava iluminação perfeita para o ambiente, mal se ouvia o som da rua, a loira tinha razão, era aconchegante, se não fosse tão pequeno seria perfeito para criar uma criança, espera, criança? criar? por que estava pensando nisso? não era algo que queria pensar, e sim se livrar, não podia lidar com isso agora.

Ter uma criança exigia muito mais do que o simples ter, tinha que criar, educar, cuidar da saúde, ter estabilidade financeira, coisas que não podia dar pois no momento não tinha nem aonde morar, e o mais importante de tudo teria que amar essa criança, seria a capaz de amar alguém assim? Uma criança precisava de amor fraternal, às vezes pensava como teria sido sua vida se tivesse tido algo assim, provavelmente não seria a pessoa que é hoje, não que fosse uma pessoa ruim porque não era, mas certamente não sofreria todo o abandono que sofreu, e não seria alguém sozinha no mundo, nunca teve mãe, não sabe como é uma, muito menos como ser uma, com certeza falharia drasticamente e seria o motivo da tristeza e raiva de alguém um dia, assim como foram para ela, não queria isso, não podia ser tão egoísta a ponto de trazer alguém no mundo para fazê-lo sofrer.

ACCIDENTAL (G!P) (CATRADORA)Onde histórias criam vida. Descubra agora