Estar de volta a Fright Zone nunca era algo que a trazia boas sensações, era como se revivesse cada segundo infernal que passou ali, mais ainda no lugar que apelidou de inferno, segundo ela, um apelido muito modesto e carinhoso, pois achava que o inferno ainda era melhor que aquele lugar.Quando Scorpia parou o carro, respirou fundo e lentamente engolindo o nó que se fazia em sua garganta, torcendo para a sensação de vômito passar.
– Enfim em casa! – Scorpia exclamou seriamente, também não gostava de estar ali.
Catra olhou para o prédio de cores acinzentadas, de poucas janelas, muros altos e portões de ferro, mais parecia uma prisão em sua concepção, A Horda, era o nome da instituição em que cresceram, um orfanato, não uma casa. Instintivamente pousou as mãos sobre o ventre, nenhuma criança deveria crescer ali, pensou.
– Isso aqui não é a casa de ninguém – disse com uma sensação estranha no fundo do seu âmago, acariciou o ventre, aquele bebê nem tinha nascido ainda mas lamentou internamente por levá-lo num lugar como aquele, tomou coragem para abrir a porta do carro – Vamos entrar!
***
Catra estava voltando para Fright Zone, o que isso supostamente deveria dizer? Que ela estava voltando para onde ela vivia antes? Para a casa dela? Por que ela voltaria? Se de todas as vezes que perguntou, Catra jamais mencionou onde morava ou dava a entender que não voltaria. Por que ela voltaria? Seria por causa das últimas semanas? Não deveria ter se afastado, não deveria ter dado espaço a ela, Catra se sentia sozinha e estava esperando um bebê de uma gravidez acidental e indesejada por ela.
Engoliu seco, sentiu o suor frio transpassar por suas mãos trêmulas, de repente tudo girou em sua cabeça e um looping de pensamentos iam e voltavam de sua mente, a arritmia em seu coração estava eloquente, pensou em levantar e pegar outro copo d'água para se acalmar, mas por algum motivo não conseguia se mover, se sentia paralisada. Culpa era sua culpa, por isso ela estava voltando.
Tinha que ter visto os sinais!
Catra mudou desde o primeiro ultrassom que fizeram, desde que escutaram o coração do bebê pela primeira vez, naquele dia a gata ficou calada o dia inteiro, até então entendia o porquê... foi quando caiu a ficha tanto para ela quanto para Catra que realmente teriam um bebê, que um ser vivo estava sendo gerado dentro dela, daquele dia em diante tudo ficou estranho, tudo esfriou e as pequenas discussões começaram a surgir, todo aquele mal estar da gata, todo choro, toda a negação e enfim seu afastamento, como da noite para o dia aquela aproximação entre elas havia se esvaído e não fez nada em relação a isso, Catra não era de se abrir muito, claramente ainda enfrentava os traumas da infância, é fácil alguém que cresceu no sistema desconfiar de tudo, Adora mais do que ninguém entendia isso. Culpa era sua culpa.
– Aconteceu alguma coisa? – Glimmer perguntou assim que entrou no escritório e encontrou uma Adora pálida e imóvel – Adora? – a chamou mais uma vez indo na direção da loira a tirando do estado de transe dela.
– Ela tá... ela, meu bebê e ela... não – levantou murmurando baixinho andando de um lado para o outro.
– Okay, o que acha de parar um pouco, respirar e me explicar o que tá acontecendo? – Glimmer se aproximou colocando as mãos sobre seus ombros tentando acalmá-la.
– Catra está indo embora! – falou exasperada, engolindo o nó na garganta.
– Como assim indo embora? Pra onde? Quando? – Glimmer perguntou querendo saber mais sobre – Adora, preciso de mais informações! – subiu um tom de voz quando viu que a irmã não parava de andar de um para o outro.
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ACCIDENTAL (G!P) (CATRADORA)
FanficAdora e Catra nunca imaginaram que uma noite casual com uma desconhecida poderia mudar suas vidas de uma hora para outra. *Avisos* Fanfic G!P (Adora intersexual) +18