Mais uma de amor

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Mara fazia um chá enquanto ouvia o desabafo da híbrida chorosa em sua sala. Catra estava nervosa e trêmula, seu tom de voz estava irritado e magoado, entendia o porquê, sabia que era algo sensível de lidar, então esperou que ela contasse tudo e terminasse de extravasar. Já era noite, Hope estava no quarto com Sofia lutando para fazê-la dormir, achava fofo como a esposa todas as noites tentava e tentava fazer a bebê dormir em seus braços e a menina simplesmente abria os olhos e sorria para ela, uma imagem de esquentar o coração, suspirou apaixonada. Sofia não dava trabalho nenhum, mas por algum motivo não dormia nos braços de Hope, só nos seus. A mais velha ficava chateada com isso, e insegura de sua filha não gostar dela, mas a verdade era que achava que Sofia ficava tão animada no colo de Hope que sempre queria aproveitar a mãe mais um pouquinho antes de dormir, já que com Hope era sempre uma bagunça. Assim que a felina se acalmou e o chá fervor, voltou a sua atenção a ela.

– Então vocês estão naquela fase? – Mara perguntou da cozinha, depois de ouvir tudo o que Catra acabar de contar.

– Que fase? – Catra perguntou.

– Aquela que todos os casais passam após o nascimento do primeiro filho – Mara voltou da cozinha com duas xícaras de chá na mão, se sentando com Catra no sofá – Acredite, todo mundo passa por isso... o cansaço, choro do bebê, esgotamento físico e mental, falta de sexo, sobrecarga...

– Isso não é motivo – Catra rebateu franzindo o cenho – Eu também me sinto assim e nem por isso...

– Nem por isso o que? Tentou se reaproximar dela? – Mara a cortou com paciência – Ou ela chegou realmente a fazer algo que você não queria? – questionou e Catra negou – É normal a outra parte se sentir excluída e tentar recuperar de volta o que tinham antes, não só o seu mas o estilo de vida e convívio dela mudou também.

– Eu não sou responsável pela frustração dela. – Catra rebateu. Mara sorveu o chá e concordou com a cabeça, entendia o nervosismo da felina. Colocou a xícara de volta ao pires na mesa de centro.

– Hope fez a mesma coisa! – confessou a amiga. Catra ergueu as orelhas pontudas, prestando mais atenção e processando tudo – Eu também levei tempo para digerir – riu da cara da gata – Logo no início, uns dois meses depois do nascimento da Sofi, Hope teve esse mesmo comportamento, talvez não exatamente igual, mas ela também tentou algo, como eu estava no meu resguardo ainda, eu neguei, e não me sentia nem um pouco à vontade em fazer nada. Sofi merecia inteiramente minha atenção – Catra concordou, entendia essa parte muito bem – Eu me senti magoada e ferida, como você está agora, porque não entendia como a mulher da minha vida pode tentar algo assim comigo sem a minha vontade, ainda mais nesse momento de fragilidade – Catra sentiu os olhos marejarem novamente, era exatamente como ela se sentia – Mas é exatamente por isso que está se sentindo assim Catra, você está frágil no momento, e é normal também. – sorriu docilmente.

– Por que ela não entende que agora não é o momento? – Catra retrucou – Que May precisa de todo cuidado possível?

– Vocês cuidam da May em tempo integral, mas quem cuida de vocês? – rebateu a pergunta fazendo Catra pensar – Eu conversei com a Razz depois que tudo aconteceu, ela me disse que é normal o seu ou sua parceira se sentir deixada de lado, essa exaustão e preocupação, carência... ainda mais nos primeiros meses, sentir como se fosse nos perder. Esse comportamento também atribui a falta de qualquer interação física ou emocional com seu cônjuge... Catra vocês tem se falado sem ser sobre algo que envolva a May? – a felina abaixou os olhos, culpada. Mara suspirou, sabia como era negligenciar tudo em volta e apenas focar na filha, mas não precisa ser assim Catra tinha que entender que nem sempre as coisas vão girar só em torno disso, que ela tem que voltar a ter a vida dela – Eu sei que é difícil e parece que não vamos conseguir conciliar nosso tempo com nada além de cuidar do bebê. Mas tenho certeza que Adora também sente o mesmo, feliz por estar com a filha, mas culpada por não ter tempo e também preocupada com você, com a relação de vocês. Pelo que você conhece da Adora, ela seria capaz de te machucar propositalmente? – perguntou.

ACCIDENTAL (G!P) (CATRADORA)Onde histórias criam vida. Descubra agora