Capítulo 4 - O velho livro de histórias.

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Ava entrou se sentando no banco do carona do carro emprestado, a cara de poucos amigos combinava muito bem com os braços cruzados em volta do corpo. Ela estalou a língua quando ele tentou falar alguma coisa e olhou pra fora da janela. Ash deu a volta no carro e finalmente entrou.

_Bom dia, crianças! Estão todos prontos? – Ele abriu um sorriso batendo palma e ligando o carro. – Que viagem feliz vai ser essa... "Uhul, Ash! Você é demais. Obrigada pela incrível ajuda em salvar meu relacionamento estranho." Obrigada por ser tão foda, lindo e gostoso...

_Cala a boca. Porque trouxe ele? – Ava fechou mais cara, como se isso fosse possível e encarou Ash sem a menor intenção de olhar pro banco de trás.

_Ah porque, ele tava se sacudindo muito e parecia que queria fazer xixi. Não queremos mijo no tapete da sala de estar, não é? Bom garoto... Oh, grunhindo pra mim. Quer ir a pé, Dani Boy? – Daniel xingou no banco de trás quando Ash deu a partida finalmente saindo com o carro.

 Ele seguiu pela cidade movimentada, passava por alguns lugares cumprimentando animado alguns conhecidos em calçadas e motos. Era surpreendente como ele conseguia conhecer tanta gente e de tantas diferentes personalidades. Talvez ele realmente tivesse o carisma que tanto falava, ou talvez seus negócios com concertos de motos antigas estivesse lhe rendendo algum tipo de fama. O silêncio de dentro contrastando com a animação em ver alguns amigos dele lá fora.

 Levou pouco mais de 15 minutos para que eles chegassem a via expressa principal, pegaram a saída 7. Os carros passando lá fora, o vento entrando pelas janelas abertas e duas pessoas emburradas encarando as janelas dos seus respectivos lados, essa era a visão que Ash tinha. Ele encarou Daniel pelo retrovisor e estreitou os olhos questionadores, Daniel ergueu os ombros como quem responde uma pergunta sem palavras; Ash sacudiu a cabeça e observou Ava, que ainda estava na mesma posição desde que saíram de casa, o rosto tenso.

_Sabe, é uma felicidade pra mim também estar na companhia de vocês dois, meus queridos amigos. Mas contenham o amor por mim, desse jeito eu nem consigo dirigir. – Silêncio. Ash suspirou e contou os cinco minutos sequentes de silêncio no relógio do painel como se fossem cinco anos. – Pelo amor de Deus, Ava! Desfaz essa cara. Fala alguma coisa, qualquer coisa... me xinga.

Os olhos tensos dela se viraram pra ele agora, que se encolheu por reflexo no volante.

_Porque trouxe ele? – a voz baixa dela fez Daniel engolir em seco no banco de trás.

_Ah, ele... quis vir, Ué. Não é um bom motivo?. – Ela estreitou os olhos fazendo a espinha de Ash se arrepiar. – Tá, tá... beleza. Quer conversar sobre isso? Vamos conversar então. Eu achei que seria melhor fazer quando estivéssemos voltando, pra não te sobrecarregar, mas se quer fazer agora, beleza. Vamos lá.

_Por favor, senhor inteligência. Esclareça pra mim. – a voz o fazendo desviar da estrada e olhar pra ela com olhos em fúria do lado dele.

_Não fala assim, comigo. Eu sou sensível a sua versão brava, pode ir parando. Eu vou explicar...

_Eu achei que deveríamos conversar, amor. – a voz baixa veio do banco de trás, tentando se encaixar na conversa do banco da frente. Ao ouvir a palavra Ava sacudiu a cabeça querendo não acreditar naquilo. Ash sibilou pra ele calar a boca pelo retrovisor.

_Oh, seguinte é esse, Ava. – Ash limpou a garganta e se endireitou no banco. – Eu... fui conversar com o Daniel ontem. – Ela arregalou os olhos encarando Ash incrédula. – É. Eu fui. Eu meio que me senti culpado pelo lance daquele dia, e não queria atrapalhar você ou te machucar por conta de coisas que eu te fiz fazer... Então, eu fui atrás do Daniel e conversei com ele. – ela estalou a língua sem querer acreditar no que ouvia. - Em paz, relaxa. Ele tentou me morder mas eu levei petiscos e um spray com água, eu sou um bom adestrador.

A Melhor parte de mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora