Capítulo 14 - Você e essa sua magia de Prata.

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  Os óculos de leitura agora emolduravam o rosto da menina que fazia biquinho enquanto escrevia um rascunho detalhado de todas ideias que tinha durante o discurso apaixonado de um dos membros de sua equipe de criação. As ideias muitas vezes vinham como cores, formas, luzes e até como sabores, Ava gostava de anotar todas elas, sem exceção.
Ela só percebeu os movimentos na sala atrás de si quando o barulho de chaves tintilou no ar.

_Ei ei ei, onde você pensa que vai? – Ava saiu da cadeira meio desajeitada, aos tropeços. Ash revirou os olhos.

_Ah, cacete. Agora isso. Eu tô em cárcere privado e não me avisaram? – Ele tentou dar dois passos pro lado, mas Ava acompanhou os movimentos encarando com olhos decididos e braços cruzados.

_Tecnicamente sim. Pode considerar isso, se for te impedir de sair daqui atrás de outra briga idiota. – Ash coçou a nuca suspirando frustrado. Uma completa pilha de nervos. – E além do mais, você ouviu o que o advogado disse. Nada de brigas ou agressões. Você precisa se controlar pra não usarem isso contra você.

_Esse cara não é bom.

_Que?! Porque?

_Eu já enfiei a porrada no maldito, não adianta falar isso agora. – Ele suspirou e tentou sair outra vez. Ela precisou apoiar as mãos no peitoral dele dessa vez, só assim ele parou.

_Ava... é sério. Preciso sair, tenho que pegar umas coisas em casa.

_Fechado até segunda ordem. Outra medida que o advogado pediu pra tomarmos. – Ash sibilou mais xingamentos, mas ela não iria ceder. – Tudo que você precisa está aqui. Podemos pedir comida se quiser e além disso você ainda está de repouso.

_Não seja ridícula, sai da minha frente. Eu não tô morto. Não tô sentindo mais nada.

_Seu nariz ainda está inchado e seus olhos marcados. Seus machucados começaram a criar cascas agora, não vou deixar você se machucar outra vez. Pode sossegar a bunda aqui.

_Caralho, Ava... – Os olhos vermelhos enquanto ele coçava praticamente o rosto todo. – Você não ta me entendendo, eu preciso sair ou vou acabar ficando louco aqui dentro trancado igual a um bicho.

_Você não está trancado. – Ele a encarou com fogo nos olhos. – A chave está por ai. Você só não pode saber onde ela está ...por enquanto. – agora ela cruzava os braços. – Além do mais, o que você precisa tanto assim fazer na rua?

Com um suspiro tenso e mandíbulas trincadas ele recuou, a jaqueta de couro preta dos Ramones voltou pro tapete e Ash se jogou outra vez no sofá afundando em frustração. Ava o encarava ainda, desviou segundos pro computador que estava em reunião, agora com o microfone silenciado.

_Você não tem que sair pra trabalhar ou fazer as unhas, sei lá? - ela franziu o cenho.

_Estou de volta ao trabalho remoto devido a circunstâncias "especiais" e minhas unhas estão muito bem, obrigada. – ela se sentou no braço do sofá olhando as próprias mãos. – É serio... o que foi? Só mais uns dias e você pode voltar pra casa. O advogado foi bem claro quando a questão, eles podem classificar isso como invasão a proprie-

_Eu moro lá, caralho. – ele rugiu a interrompendo.

_...Propriedade privada. É, mora sim, mas lá é seu trabalho também. E sua empresa, então. – Ela suspirou. Odiava ver ele assim, parecia um animal triste pelo enclausuramento. Nada pior do que tirar a liberdade de um lindo e selvagem lobo do ártico. – Me desculpe, não posso te deixar sair ainda. Preciso cuidar de você aqui, garantir que não vai se meter em mais confusão. Além disso, sei que iria direto pra porta do Idiota do Mosquito pra terminar de socar – ela imitou a voz rouca e profunda do garoto agora. – " a cara feia daquele desgraçado do caralho".

A Melhor parte de mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora