Capítulo 18 - Romã, um fruto proibido no submundo.

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_Isso não ta dando certo. – ele disse impaciente tentando a todo custo se encaixar no minúsculo espaço que lhe sobrava, costa à costa com ela.

_Claro que não, você é enorme e essa cama é minúscula.

_Porque sempre parece que tu tá falando do meu pau? – Ava precisou morder a boca pra não rir mais alto agora. – Quer saber de uma coisa, que se foda essa merda.

Mesmo tentando resmungar e protestar da forma mais silenciosa que podia fazer, Ava se viu vencida enquanto ele mudava de posição na cama estreita. Ash simplesmente se virou de frente agora e se encostou contra suas costas. Ele suspirou apoiando a cabeça no travesseiro logo atrás do cabelo da menina, preso agora em uma confusão de fios no topo da cabeça. Ash suspirou com o cheiro, adorando a fragrância e agradeceu por ela não ter visto aquilo.

_Ash... – ela choramingou. – Vai dar bosta isso. Acho que é melhor eu ir pro sofá.

_Ava, para de bobeira. Não vou te arrancar um pedaço. Até parece que nunca dormiu comigo antes.

_Dormimos e você sabe muito bem que eu tenho tendências a tentar – ela pausou pra pensar na palavra que poderia usar agora. - ...me encaixar em você e acaba dando bosta. E não pode dar bosta aqui. – O riso baixinho contra a nuca dela, a fez arrepiar mais do que queria admitir. Maldita voz naquele tom predatório que mesmo quando não devia, a fazia querer ele falando qualquer coisa bem baixinho e perto do ouvido dela. Ela prendeu a respiração quando ele apoiou o braço em sua cintura e ajeitou o rosto em seu pescoço.

_Bom, eu não vou sair daqui e nem deixar você sair também. Vai ter que aprender agora a não se esfregar em mim enquanto dorme, gatinha. Ou prefere me deixar morrer de hipotermia e renite naquele quarto bizarro? – Ava resmungava ainda enquanto ele se encaixava nela de vez. – Shh, relaxa. Sem surpresa... já estou aqui. Já colei em você, agora é só nanar. Prometo me comportar aqui atrás, só preciso me esquentar pra sentir meus pés de novo. Meus dedos estão dormentes. Só vamos dormir. Soninho, naninha... pestana. Vamo de base... de berço. Na santa paz de Deus. – ela ria de sacudir a pequena cama agora.

Os risos baixos se emaranhando, enquanto eles formavam a conchinha mais perfeita que podia existir. Ele até tinha razão, não demorou muito pra que a proximidade aquecesse os dois, começando pelos pés entrelaçados em meias grossas, pernas, braços e todo o corpo. Ava já tinha fechado os olhos quando ele falou outra vez a fazendo se encolher um pouco por reflexo com a sensação gostosa da voz dele ali.

_Tenta manter essa bunda quietinha e vai dar tudo certo.

_Tá Tá... Shh. – ela suspirou cedendo ao conforto inegável, adorando aquele calor gostosinho crescente que só sentia estando grudada nele daquele jeito. O silêncio durou por um momento longo agora até Ava quase sussurrar. – Ash...

_Hm. – ele resmungou já em um tom mais baixo, saindo quase como um ronronar. Completamente relaxado ali, sentindo o sono se aproximar e se entregando de vez a ele.

_Já tá dormindo? - um sussurro.

_Uhm...

*

 Ela podia sentir o sol no rosto dançando pelo seu pescoço e escorrendo pelos seus braços, um sorriso quase permanente pela paz do lugar mágico. Aquele som gostoso de conchas e cantos longínquos em uma língua tão amigável e desconhecida. Ela flutuou um pouco mais pra dentro na esperança de que aquele som a invadisse por completo, que as ondas irradiassem pela sua pele a fazendo brilhar como as rochas que guardavam aquele segredo. Flutuou se contorcendo entre as correntes geladas da água que a envolvia enquanto sentia tudo, e deslizou os dedos pelas escamas cintilantes de sua longa calda em tons de verde e azul. O manto celestial de mar acima de sua cabeça lhe tocando e fazendo acreditar na existência de um bem maior. Se mexer era gostoso, era certo e parecia ser cada vez mais necessário. Se virou em diagonal e se lançou mais profundamente. Queria chegar até a luz, queria tocar aquele cristal e sentir mais ainda aquela sensação que a sinfonia lhe causava, queria ela a invadindo, a tomando por inteiro, fechou os olhos esticando mais o corp-

A Melhor parte de mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora