Capítulo 26

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Princesa Shahnaz POV:

— Alteza, precisa se levantar, não é bom que se entregue ao sofrimento dessa maneira. – Lila diz, ao me ver prostrada na cama ao entardecer.

— Onde está a Princesa altiva, vivaz e forte que conhecemos? – Pari pergunta.

— Aquela que é guerreira e não se deixa vencer? – Zena pergunta.

Dessa maneira me fazem levantar e enxugar as lágrimas, afinal elas têm razão, se eu não me permiti vencer por um casamento arranjado, por que Jahangir não faria o mesmo por mim?

Há uma grande diferença entre nós dois, o Imperador é meu pai, enquanto para ele é apenas a autoridade máxima sobre ele e seu país.

Mesmo assim não me darei por vencida e lutarei pelo general e contra a Marjan, enquanto eu tiver o amor e a dedicação de Jahangir Azimi.

Minhas damas preparam meu banho e me arrumam, em seguida me vestem e adornam, sigo para o salão do banquete e encontro com os Imperadores, familiares e nobres, o general não comparece, nos alimentamos em silêncio, assim que terminamos, retorno para a minha alcova e enfim descanso.

Pretendo conversar com o general amanhã, precisamos de um bom plano.


General Jahangir Azimi POV:

Recebo mensagens dos espiões que estão no Egito, leio e entendo a urgência em relatar ao Imperador todos os acontecimentos, farei assim que me for dada a oportunidade.

Retorno para a minha alcova perturbado com os novos acontecimentos e não consigo dormir, caminho pelo jardim e vejo a árvore que Shahnaz tanto gosta, parece que seu delicioso perfume está impregnado nela, sinto as lágrimas vindo e não tento segurar o pranto.

Há quem diga que homens não choram, mas os Azimi choram.

Tudo o que sei é que meu futuro é incerto, óbvio que todas as ordens do Imperador devem ser cumpridas e jamais questionadas, ainda mais para uma pessoa como eu, um cidadão comum que muito lutou para entrar no exército imperial como guerreiro de terceira classe, mas que em um golpe de sorte foi promovido a comandante e logo após a general.

Preciso lembrar bem de onde eu vim e de todas as agruras passadas até os dias de hoje.

Desde menino via meus pais lutando na lavoura sob qualquer circunstância e tempo, seja no sol escaldante ou no frio congelante, mas lá estavam Feroze e Banu batalhando, plantando, colhendo e tentando vender para conseguir um prato de comida.

Em algumas ocasiões a situação não era tão ruim e tínhamos até mesmo tecidos para as nossas roupas e fartura na mesa, com três refeições por dia, quando as plantações e colheitas eram boas, mas aí os impostos aumentavam e nos empobreciam novamente.

Conforme fui crescendo, meus pais se dedicaram a me ensinar todos os seus saberes, passei a ajudar na lavoura e começamos a criar animais, mas a nossa vida continuava difícil e cada vez mais precária, nossa pequena casa velha precisava de reparos e não nos sobrava uma peça de bronze sequer para o conserto ou para qualquer necessidade, por mais que trabalhássemos.

Houve a guerra e Persépolis foi tomada pelo Imperador Babar II, então meus pais tinham a esperança de que tudo ia mudar para melhor, mas não foi o que aconteceu. Eu era apenas um menino quando a província foi invadida, mas admirava o exército e passei a desejar integrá-lo e expressei essa vontade aos meus pais, que não acreditaram no princípio, mas logo viram que eu estava obstinado.

Comecei a treinar sozinho, corria por longos períodos, carregava pesos, ia na cidade e observava os homens fazendo exercícios para aprender e fazer igual, um ferreiro teve pena de mim e me fez uma espada, por longos dez anos treinei sozinho e toda a cidade me conhecia com o soldado solitário.

Shahnaz - Orgulho do ImperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora