Capítulo 14 - ruínas

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✧*:.。. Sasuke .。.:*✧

"Certo"

Observei a caligrafia torta de Itachi no pequeno pedaço de papel. Eu havia dado um jeito de lhe passar informações e esperava por sua resposta a dias e tudo o que ele me diz é "certo".

Acariciei as penas do gavião mensageiro que Itachi havia mandado, eles eram animais muito inteligentes e leais. Gostava dele, não era tão ruim quanto parecia. Quanto ao papel, o amassei jogando na pequena lixeira do quarto em que estava hospedado.

Não fiz questão de sair da instalagem do velho Sarutobi e já estava há alguns dias aqui. O velho havia entendido que eu não queria conversar, por tanto não me importunava com perguntas, principalmente quando eu chegava tarde da noite.

A segurança do reino do fogo era formidável e eu contava com a ajuda de Itachi, mas meu irmão parecia não estar do mesmo lado que eu, embora sempre fizesse de tudo para me proteger. Segurei o medalhão que carregava sempre comigo por baixo das roupas. A lembrança de Mikoto ainda era viva em minha memória, mesmo que minha amada mãe tenha morrido há alguns anos atrás.

A forma como tiraram sua vida foi cruel e impiedosa. Mikoto não merecia uma morte assim e todos aqueles que estavam envolvidos no atentado ao reino do trovão irão pagar com a vida. Não terei piedade, se necessário irei até os confins da terra e arrastarei todos os meus inimigos comigo para o inferno.

Mikoto é uma rainha caída, sua coroa ainda flameja abandonada junto ao túmulo. Eu sou o rei da nova era, aquele que trará paz e prosperidade, e junto com meu reino iremos nos reerguer e eletrocutar todos a nossa volta. Porque não teremos piedade.

Minhas mãos faíscam de ódio.

Aperto o medalhão em meu peito tentando sentir um pouco de Mikoto ainda comigo. Esse era seu medalhão da sorte.

Itachi não quis assumir esse papel. Eu não deveria ser rei, mas Itachi não quis carregar esse fardo como um dos últimos Uchihas. Meu irmão era medroso e pacífico demais. Sonhava em poder se reerguer com apenas o que temos, mas no fundo sabemos que não é o suficiente. Precisamos de mais, muito mais. Por isso, eu era aquele a sentar no trono e a usar a coroa. Era meu destino.

Quando a ganância e a ira ameaçavam consumir-me, sentia como se fosse queimar por dentro, minhas vistas ficavam turvas, a cabeça doía e perdia todos os meus sentidos, deixando o ódio dominar-me por inteiro e destruir o que quisesse. Queimei muitas coisas assim. Konan e Itachi ajudavam- me a controlar meus problemas, eles eram as únicas coisas boas que eu ainda tinha - fora minha coroa e meu trono.

Quando sai de casa me fizeram prometer que escreveria uma lista das coisas mais belas que já vi. De certa forma, Itachi e Konan achavam que passar exercícios bobos iriam me manter controlado. Eu conseguia entender o que eles queriam. Não queriam que eu me entregasse ao ódio - infelizmente, eu já possuía a marca da maldição. Esta era como um selo que atraia todos os sentimentos ruins fazendo-os se acumular dentro de mim. Talvez, quando me pediram isso, queriam que eu me agarrasse a algo, a algo bom que me desse motivos para querer viver e ser feliz. Algo para proteger e cuidar. No último ano consegui preencher com apenas três itens.

1- Minha mãe.
2- Minha coroa.
3- Eu mesmo.

Não consegui pensar em mais nada. Nada mais parecia fazer sentido. Nada mais preenchia-me por dentro. Nada mais fazia-me querer amar. Eu estava me tornando um homem deprimente, mas desde que meu reino saia vitorioso, nada mais importa. Essa é a minha ambição.

O pássaro continuava a me encarar, abri as janelas o dispensando e o animal voou para longe deixando-me sozinho. Uma onda de vento atravessou as cortinas fazendo-me olhar para o céu estrelado. A noite estava quieta e silenciosa. Vesti um casaco apenas por precaução e resolvi sair um pouco do quarto. As vezes era bom respirar ar fresco.

Por Konoha Onde histórias criam vida. Descubra agora