Capítulo 27 - O valor de cada um

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O pior veneno que existe, é aquele implantado no coração.

✧*:.。. Sakura .。.:*✧

Sasuke está sentado em uma cadeira em frente à escrivaninha do quarto. Ele está lendo um bilhete que seu irmão enviou — um bilhete que desisti de tentar ler, pois a letra era horrível e não consegui entender as palavras.

Ele suspira e passa a mão pelo cabelo, o deixando ainda mais bagunçado.

— O que Itachi disse? — pergunto curiosa.

Sasuke se vira para mim e pede para que eu me aproxime. Me levanto da cama e o obedeço, ele se agarra a minha cintura, dando-me um abraço apertado.

— Meu irmão vai vir nos ver. — engulo em seco com a resposta.

— Ele virá aqui? Não é muito perigoso? Quer dizer, a guarda real está tomando medidas severas e...

— Não se preocupe. — Sasuke me interrompe — Ele consegue dar um jeito.

Suas mãos puxam-me com mais força e me sento em seu colo. Ele passa a mão pelo meu rosto, acariciando minha bochecha e leva uma mecha de cabelo caído para trás da minha orelha.

Alguma vez já disse que amo seus olhos? — as palavras saem como un sopro de sua boca, ele não me dá tempo para responder e une nossos lábios.

Os beijos de Sasuke são bons.

Toda vez que ele une nossos lábios, sinto meu interior queimar. Não de um jeito ruim, porque quando isso acontece sempre desejo por mais, e Sasuke tem o costume de me dar o que eu quero. Criamos uma atmosfera só nossa, aonde só existe seus lábios dançando sobre os meus e suas mãos passeando pelo meu corpo.

E definitivamente odeio o final dos beijos.

Sasuke separa nossos lábios em busca de ar e me lembro que pertencemos a realidades diferentes.

Em um impulso estou no chão e Sasuke se levanta alongando o corpo.

— Temos muitas coisas para fazer, preciso me preparar para a chegada de Itachi. Tenho certeza que vocês se darão bem — ele sorri — Agora preciso ir. — ele se despede com um beijo rápido.

Simples assim, ele sai do quarto, deixando-me sozinha enquanto planeja uma guerra. E eu me sinto cada vez mais inútil por não conseguir fazê-lo mudar de ideia.

Os sorrisos de Sasuke são raros. Ele tem a alma quebrada e consigo sentir isso. Por isso, não consigo odia-lo. Ele lembra a mim mesma no passado e tudo o que posso fazer é sentir pena. Sim, pena. Sasuke precisa de ajuda e não tem ninguém que possa ajuda-lo. Por isso, estou aqui por ele. Ajudando-o a se recuperar.

Certa vez no passado, Yukki — minha irmã mais velha — e eu brincavámos no lago. Era verão, todas as crianças se reuniam para brincar — isso quando seus pais não as proibiam — mas, graças aos céus, Yukki e eu tínhamos pais legais. Eles não nos proibia de sair para brincar e nem estudar, e ainda sempre tivemos uma mesa farta de comida em casa. Nosso vilarejo era pequeno, não haviam muitas possibilidades para nós mulheres — ou tínhamos que ser donas se casa ou poderíamos cuidar de outras crianças e servir como empregadas — mas, Yuu e eu sonhavámos alto. Minha irmã queria viajar o mundo e eu ficaria feliz apenas de acompanha-la, já que na época não conseguia me decidir o que queria fazer.

No entanto, o destino reservou outra coisa para a gente.

Yukki escorregou e caiu no lago. Ela não sabia nadar, na verdade morria de medo de se aventurar em águas muito fundas. Por isso, ela ficou lá gritando desesperada, enquanto se debatia na esperança de chegar a superfície. Eu também não sabia nadar e tudo que pude fazer foi gritar por ajuda. Lembro-me de sentir o ar escapar dos meus pulmões, tudo doía, mas estava tão desesperada para salvar minha irmã que não me importava comigo mesma.

Por Konoha Onde histórias criam vida. Descubra agora