4- Verdades quase secretas

9 4 0
                                    

  Max olhava atônito a espera de alguma resposta e para ele não importava de quem viria.

— tem algo a dizer velhote?— Deimos fez um movimento de mão novamente e a faixa que tampava a boca do senhor acorrentado se soltou.

Assim que foi solto o velho começou a gritar:

— NÃO ACREDITE NELE!, Fuja enquanto á tempo!

— creio que ele tenha muitas dúvidas para fugir...— argumentou o mascarado — e mesmo se tentasse não conseguiria.

- o que ele disse é verdade?, Meus pais estão vivos?- indagou o menino.

Max estava confuso, eram muitas informações para digerir de uma só vez. Agora ele não conseguia destinguir uma verdade, de apenas palavras vazias e distantes.

— seus pais?— Deimos fez uma pausa então soltou uma risada debochada e muito exagerada— eu morto? Ah faça-me o favor. Estou vivíssimo e pretendo ficar por um bom tempo.

— o que ele quer dizer com isso?- questionou o menino encarando-o.

O velho senhor olhou para Max por alguns segundos, sem dizer nada.

— vamos lá velhote!, Diga a ele! — ordenou Acaronte impaciente— diga a ele toda a verdade!

— s-seus pais... Eles... Não morreram quando você era um bebê, sua mãe ela é — Ele engoliu seco— Hécate.
Ela me designou para cuidar de você, pois achava que séria melhor se vivesse como um humano. Longe do seu pai, Longe dele você poderia ser alguém melhor.
Acredite em mim quando digo, que ele não é uma boa pessoa. Ele fez coisas ruins e quer fazer coisas ainda piores, viemos para cá na esperança de que ele não o encontrasse ou que tivéssemos tempo o suficiente para treinar sua magia.

— magia?, Pai?, Hécate?—  repetiu em choque.

— eu lamento não termos tempo para uma reunião familiar ou talvez um passeio de pai e filho- debochou o mascarado— agora me dê o amuleto moleque.

—  não dê nada a ele Max! Fuja!

— já estou cansado de você velhote.

   Acaronte estalou os dedos e as correntes sumiram, Max viu quando seu suposto avô caiu de joelhos no chão.
   O homem mascarado andou até o velho, o suficiente para olha-lo de cima.

— É sua última chance, me diga onde está o amuleto!

— Eu nunca vou entregar-lo a alguém como você Deimos, nem que isso custe a minha vida.

— se assim deseja.

     Deimos levantou seus dedos lentamente e no mesmo instante o senhor começou a se erguer no ar. Era como se estivesse levitando.
Subitamente fechou a mão que apontava, o velho homem levou as mãos ao pescoço, desesperadamente procurando por ar, seus chiados eram nítidos e seu rosto vermelho denunciava a falta de oxigênio.

     Acaronte seria acertado em cheio pelo taco de baseball se não tivesse sido rápido o suficiente para parar o ataque de seu filho vindo pelas costas, sem se sequer sair do lugar. Despedaçando o taco em milhões de farpas com sua magia.

— É uma vergonha que não saiba o básico de magia. Sendo meu filho e filho de sua mãe isso é inaceitável.

— P-por favor, para ele vai morrer!— implorou o garoto enquanto chorava, caído de joelhos no chão.

— que tal fazermos um acordo.

— que tipo de acordo?

— você me dá o que eu quero e eu poupo o velho de uma morte lenta e dolorosa— propôs ele.

— o que exatamente você quer?— o menino perguntou.

— não tire a minha paciência! — berrou— A chave das almas, um cristal vermelho como sangue, me dê agora e o velho vive.

    Max emfim se deu conta de que o que seu pai procurava, estiva com ele o tempo todo. Desde que se lembrava por gente carregava com sigo pendurado em seu cordão, uma pedrinha vermelha ambar do tamanho de um botão médio.
  Ele imediatamente levou sua mão até o objeto por dentro da blusa pela gola e puxou o cordão. O cristal vermelho balançava e cintilava ao sol.

— É isso que você quer?—  Max gritou.

O garoto viu os olhos do homem brilharem e mesmo mascarado ele o sentia sorrindo.

— isso!, Dê ele para mim!— ordenou estendendo a mão.

  Exitante por um momento ponderou, até ver seu avô flutuando. Ele não tinha escolha. Caminhou até ele para entregar o colar, que agora não brilhava mais, e assumia uma cor escura.

— garoto esperto, fez a escolha certa eu diria.

— solta ele primeiro.

— você não confia na palavra de um homem?, Ainda mais se esse homem for seu pai?

   Max entregou o amuleto a ele. De perto conseguia ver bem seus olhos e agora entendia de onde viera a cor dos seus, e por isso os odiava ainda mais.

— agora solta meu avô!

— uhm, deixa eu pensar... Eu acho que não.

— mas você deu sua palavra. Você disse que soltaria ele —  o menino entrou em desespero.

— nunca confie na palavra de outra pessoa garoto—  ele se virou friamente para o senhor e estralou os dedos. O pescoço do velho foi quebrado então ele caiu. Max correu  até seu avô, mas era tarde. ele estava morto.

—  pessoas mentem e são cruéis e você vai entender isso um dia.

— você é um mostro! Eu te odeio!

— não, eu sou o futuro, e o futuro exige mudanças. Exige perdas. Fique grato por estar vivo, se não fosse meu filho ou me apresentasse alguma ameaça, provavelmente não teria tanta sorte.

   Max viu seu pai caminhar até ficar frente a frente com ele. Fez um movimento com as mãos fazendo um livro surrado em tons de preto e roxo e acabamentos em dourado se materializar em sua mão.

— tome é seu agora. Estude, aprenda e não se limite apenas a ele, pois da próxima vez que nos encontramos, pode ser que não tenha sorte assim— Acaronte se virou começando a caminhar — porquê eu sei, que uma hora ou outra você vai me procurar. Seja para me matar ou para se juntar a mim. O futuro é inevitável filhinho.

     O menino ainda chorando olhou para o livro em duas mãos e quando tornou a levantar o olhos seu pai não estava mais lá, assim como o corpo de seu avô que se encontrava atrás dele.
Tudo não passaria de uma alucinação  se não segura-se aquele livro, ele era a única coisa que provava que tudo fora real, que Max não estava louco e que muito coisa a partir de agora mudaria.
Seja para melhor ou para pior.

A Resistência: Legados Onde histórias criam vida. Descubra agora