25- Pais de pet

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- quando você disse "ele" eu não achei que era um corvo - Uriel disse encarando a ave.

- eu já tentei de tudo, mas ele NÃO VAI EMBORA! - afirmou o garoto.

- não sei o quanto abrir a Janela é tentar de tudo, mas... - ele brincou se aproximando do pássaro que subiu em seu ombro. - olha ele gostou de mim!

- consegue se livrar dele? - Max perguntou com um toque de esperança.

- me livrar dele? - Uriel encarou Max incrédulo. - como assim você quer se livrar dele?

- querendo ué! Leva ele pro abrigo de animais, sei lá.

- eu tenho quase certeza que eles não abrigam corvos.

- para que eu te chamei aqui? - Max soltou um grunhido.

- para te fazer aceitar a realidade - Uriel se sentou ao seu lado na cama, o pássaro ainda repousado em seu ombro. - ele te adotou, baixinho.

- Uriel eu NÃO vou ter um corvo! Eu não tô brincando- Max levantou em um salto, puxando os cabelos entre os dedos.

- tem que dar um nome para ele.

- você tá me escutando?

- que tal Clóvis? Ou Júnior! - o moreno sugeriu. - pera aí, é um menino né? - indagou tentando achar algo que entregasse o sexo da ave.

- é macho - Max se pegou respondendo involuntariamente.

- ótimo? Qual vai ser?

- Oh meu senhor! - Max exclama impaciente. - o que eu fiz para merecer isso?

- qual é!? Você não gostava tanto de corvos? - Uriel observou. - o que te fez mudar de ideia?

- esse aí é o próprio demônio! É uma fera um assassino.

- não fala assim do Jason - disse fazendo carinho com o polegar nas penas da cabeça do pássaro. - ele é muito fofo.

- com você ele tá se fazendo de bonzinho. - retrucou. - E que história é essa de Jason?

- aquele personagem do sexta-feira sabe? Já que ele é um assassino — disse Uriel rindo.

Max assentiu descrente de que Uriel estava dando o nome de um psicopata para um corvo, embora Max devesse admitir que combinava com a ave cujo cujo praticou a tentativa de arrancar seu dedo na noite passada.

- se vai ficar com ele precisa levá-lo ao veterinário - Uriel observou.

- eu tenho quase certeza que é ilegal ter um corvo nos EUA.

- supondo que vá ficar com ele - ele começou.- eu posso te ajudar a cuidar dele.

Não importa o que ele dissesse Uriel não iria deixar que ele se livrasse do pássaro, estava tão apegado emocionante a ele que mais parecia o animal tinha invadido o seu quarto na noite passada, e não o de Max.

- se descobrirem e fizerem algo com ele, eu não vou te perdoar - Max sibilou caminhando até a cadeira e se aboiando nela.

- eles não vão fazer nada. - Uriel garantiu. - é só mais uma regra idiota que Patrick inventou porque ele não gosta nem da própria presença quem dirá de animais.

- tudo bem. E isso foi terrível - Max cedeu se desmoronando em um suspiro.

- isso! - Uriel comemora dando soquinhos no ar, mais parecia que era ele quem tinha acabado de concordar em adotar um pássaro silvestre e ilegal. - ouviu isso carinha? você pode ficar!

- sei quando eu perco uma luta - Max murmurou . - acho bom o senhor me ajudar mesmo.

Uriel se levantou lhe abraçando pela cintura, Max fez uma tentativa falha de escapar de seus braços.
Uriel sorria como uma criança que acabara de ganhar um bichinho, o dele tinha penas negras e grasnava.

- não acredito que vamos fazer isso - eles ficaram em pé, Max levantou o rosto brincando com os cachinhos dele, seus olhos se encontrando com os de Uriel. Observou um sorriso se formando no rosto dele. Uriel deu um beijinho na ponta do nariz de Max. As bochechas do menino assumindo tons rosados.

- o que? ser pais de um corvo? - Uriel indagou brincalhão.

- É. - Max riu lhe dando um celinho. - saiba que se ele não me deixar dormir essa noite, ele vai pro seu quarto.

Uriel gargalhou.

- sem chances.

Na mesma tarde Uriel foi até um pet shop e comprou um poleiro para ele, que mais parecia uma arvore morta, instalou mais alguns outros presos no alto das paredes, o quarto de Max pouco a pouco se transformava no quarto do Jason.
No fim da tarde Zack bateu em sua porta encontrando Max deitado lendo um livro com o título " como cuidar da sua ave" onde uma calopsita estampava a capa. Uriel estava deitado no tapete assistindo alguma série na Tv. As costas encostadas na cama.

- Ei! - disse ele entrando no cômodo com um olhar desconfiado. - atrapalho?

- não, na verdade eu já... Ahn... tinha que ir mesmo - disse Uriel se levantando.

- não precisa ir se não quiser - Max disse o encarando. - na verdade eu queria que ficasse mais.

Com um sorriso Uriel voltou se jogando ao seu lado na cama.
Zack os observou atento, provavelmente sanando todas as tudos que ainda restavam, se é que restava alguma dúvida.

- poderia perguntar porque veio já que não quis me prestar socorro quando precisei - Max começou seu discurso levemente vitimista. - mas sou um ótimo amigo.

Zack revirou os olhos para ele.

- vim para dizer que já tô quase terminando a tradução das escrituras, bem provável que amanhã eu já tenha terminado - ele se explicou. - e também porque queria ver se sobreviveu ao corvo.

- conseguiu se livrar dele? - olhou em volta sem encontrar o pássaro.

Max apontou para a haste acima deles na lateral da parede, onde o pássaro repousava em um sono leve com a cabeça pendida para frente.

- aquilo é uma coleira? - Zack perguntou aprontando para o pingente prateado no pescoço da ave.

Uriel estava tão empenhado nesse lanche de pai de pet que até mesmo uma coleira ele comprou. Com direito a crachá de identificação e tudo, tipo aquelas plaquinhas de cachorro com o nome Jason digitado na frente e os nossos números de celular no verso.

- Achei que ele não deixaria Uriel colocar - Max observou.- mas ele deixou sem problemas, por algum motivo ele gosta dele.

- eu tenho manha com animais - Uriel falou inflando o peito.

- não só com animais - Ele lhes lançou um olhar duvidoso. O silêncio pairando no ar um dos raros momentos em que Uriel ficava desconcertado.
- então quer dizer que agora vocês estão juntos?

Max hesitou por um instante evitando contato visual com o amigo, Zack encarava os dois a espera da respostas como uma cobra espreitava sua preza, não adiantava contornar a pergunta ou tentar se esquivar dele, depois que Max lhe contara sobre o beijo e depois contar como foi o encontro.
Zack já tinha uma ideia formada dos dois, que só precisava ser confirmada.

- talvez - Era a única coisa que Max iria responder, mas mudou de ideia quando viu Uriel lhe encarar esperançoso, Max nutria sentimentos por ele, e ele por Max. Então por que não permitir que isso rolasse, talvez no meio de toda essa confusão isso se desenrolasse de uma forma boa. Ele queria que pelo o menos isso desse certo.

- É. estamos sim - concluiu, arrancando um sorriso de Uriel.

— tipo namorados?

— bom ninguém pediu oficialmente ainda mas...

— então você desencalhou?

— vai a merda.

A Resistência: Legados Onde histórias criam vida. Descubra agora