14- Noite profana.

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Ótimo, agora eles precisavam deixar um dos prédios mais vigiados de Washington, e já havia sido difícil passar despercebidos por um guarda.
A verdade era que o plano, era não ter um plano. As coisas estavam funcionando na base do improviso e continuariam assim se dependesse deles.

- podemos pegar a saída de incêndio - Uriel sugeriu. - Não tem câmeras, nem é vigiado.

O elevador os deixou em um ponto do térreo. Esperaram até que tivessem certeza que está tudo limpo, Max sempre desativando temporariamente as câmeras, então se esgueiraram até as portas vermelhas em um canto, em cima delas as letras garrafais diziam "saída" e logo a baixo, uma plaquinha verde com o desenho de um bonequinho correndo - o porque de um bonequinho correndo sempre foi uma das duvidas mais banais que percorreu a mente de Max. Se a recomendação é sempre que não haja pânico ou tumulto, porquê colocar uma pessoa correndo?
A saída ficava na lateral do prédio, perto das caçambas de lixo, o que era perfeito porque mesmo que alguém passasse a aquela hora da madrugada, estavam ocultos por elas. Era uma noite escura e carregada de nuvens escuras.

- esse sistema é muito falho... - Comentou Zack. - qualquer um consegue entrar ou sair, se quiser.

- Lembre-se que nem todo mundo tem um feiticeiro na equipe - disse Uriel dando dois tapinhas em seu ombro, Max sorriu sem graça.

O metrô os deixou em uma estação em...
Essa parte da cidade costuma estar morta a essa hora da noite... Se você não é um gangster ou um polícia, é claro, recomendamos que fique no conforto da sua cama e proteção subjetiva de sua casa. Não seja como esses adolescentes. Eles podem ter habilidades excepcionais, mas juízo lhes faltava um pouco. De longe podiam sentir a vibração da música alta ecoando em seus corpos. Em uma distância razoavelmente considerável, conseguiram ver que um homem alto e extremamente bombado esperava a porta de um prédio velho já caindo aos pedaços, permitindo ou negando a passagem. Aquele lugar não emanava uma boa sensação, era pesado e boa coisa não viria dali.
Com toda a certeza o local era ilegal, provavelmente um prédio abandonado de alguma empresa falida, que alguém transformou em uma boate.

- Temos que entrar rápido. Achamos quem estamos procurando e saimos o mais de pressa possível - Uriel instruiu. - Max pode descrever como ele é? Vamos nos separar em duplas para não chamar atenção.

- como se já não fossemos chamar atenção. Um bando de adolescente enfiados em uma boate - Zack resmungou.

- A qualquer sinal de que vai dar merda, saiam de lá. - completou. - Lyla você vai com o Zack, belê? Não deixa ele se machucar.

- afirmativo - Lyla respondeu de volta. - seremos rápidos e silenciosos.

- Eu sei me cuidar sozinho tá bom?!

- É, a gente sabe disso - Uriel respondeu sarcástico.

- como vamos passar pelo grandalhão alí? - Max indagou.

Uriel caminhou em direção a grande fila formada do lado de fora, passando por todas aquelas pessoas. O seguiram exitantes, expressões apavoradas invadindo suas faces escurecidas. As pessoas das filas soltando palavrões e xingamentos.

- o que você vai fazer? - o jovem feiticeiro sibilou em pânico.

- não gosto muito disso, mas não temos muitas escolhas - disse Uriel contorcendo o rosto.

O segurança os encarava seriamente com uma das sobrancelhas erguidas. Sua cara de poucos amigos e a grande cicatriz que atravessava seu rosto, mandava um recado muito claro: "não mexa comigo" ou "posso te matar se eu quiser".

- vocês não podem passar - disse ele seriamente.- e mesmo se pudessem, acham que podem sair passando assim na frente dos outros?

- na verdade eu achei que você poderia nos ajudar liberando a passagem - Uriel declarou simpaticamente.

- você achou? - o homem repetiu de um jeito debochado, mostrando um pouco dos dentes amarelos quando deu um sorriso sinistro.

- Uriel... - Max exitou puxando Uriel pelo ombro.

- só um minuto - Uriel suspirou para o amigo. Voltando a atenção ao segurança. - vamos seja bonzinho... Não me obrigue a fazer isso.

Aquele homem não estava nenhum um pouco desposto a ajudar um adolescente estranho no meio da noite. Ele não tinha nada a ganhar com isso, e esse tipo de pessoa não quer saber de outra coisa, se não, do próprio benefício. Max tinha medo do que aquela situação poderia se tornar, eles não sabiam quem eram aquelas pessoas ou do que elas seriam capazes.

- vaza daqui garoto, antes que eu faça uma besteira - O segurança voziferou em um tom ameaçador

Com um suspiro pesado Uriel repousou a mão no ombro do homem, um brilho dourado refletindo dos seus olhos.

- acho que você não entendeu. Então vou explicar só mais uma vez - disse Uriel com uma seriedade fora do comum.- você vai nos liberar a passagem entendeu?

- como quiser - falou o homem de repente. Mudando totalmente de expressão, abrindo caminho para que eles passassem.

Adentraram o prédio mal conservado, a música ficava ainda mais alta conforme se aproximavam do interior, retunbava nos ouvidos dificultando a audição. Com um sinal de cabeça eles se dividiram, uma dupla para a direita e outra para a esquerda. Se esgueirando entre as pessoas sorrateiramente, procurando o indivíduo do sonho de Max. Os olhos deles se acostumando com a iluminação baixa, com a promiscuidade do local, o nariz retorcendo pelo cheiro de bebida suor e perversidade.
Observavam tudo em silêncio sem se distanciar um do outro. As pessoas que dançavam compulsivamente, as que bebiam desenfreadamente para aliviar seja lá o que estivessem sentindo. Mal sabia eles que no dia seguinte os problemas voltariam. Talvez nem se Max bebesse um barril, poderia esquecer de seu objetivo, de que se que não fizesse nada, tudo estaria arruinado.

- Eí! - Max chamou desviando de algumas pessoas se beijando, por causa da música gritar e tocar seu ombro, para que Uriel escutasse.

Ele se virou o encarando, seus olhos ainda dourados como ouro lapidado e polido, não brilhavam mais. Ele se inclinou aproximando o ouvido da boca Max, que engoliu em seco.

- O que foi aquilo com o segurança?- Max indagou.- Ele não parecia nem um pouco disposto a ser simpático. Sei lá, de repente nem pareceu o mesmo.

- acreditaria se eu dissesse que tenho uma boa lábia? - O anjo gritou dando de ombros.

- talvez não, se eu não soubesse quem você é.

Ele sorriu e se inclinou novamente, mas dessa vez para falar bem próximo de seu ouvido, próximo o suficiente para que Max sentisse arrepios quando a respiração dele tocava seu pescoço.

- devo me ofender? - Uriel deu um passo para atrás o suficiente para encara-lo.

- sabe que não.

- nós temos uma habilidade, não muito digna - outro suspiro em meio ao barulho.- chamamos de persuasão ou lábia.

- entendo. Isso é bem útil não acha?

- não funciona com todos e isso tira o poder de escolha das pessoas então prefiro não usar... não é muito ético.

Ele deu de ombros.

- Mas sabe o porquê de ter escolhido fazer dupla com você? - Max o viu morder levemente o lábio.- Não me perdoaria se algo acontecesse com você.

- você vai me proteger?

- enquanto eu puder.

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