15- Corra, corra do inferno

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Max ficou sem reação, paralisado onde estava, encarando Uriel. Antes mesmo que ele podesse pensar numa possível resposta, todas as luzes do local se apagam. A música para.

— o que foi isso? — ele murmura.

    As luzes se acendem dramaticamente no centro de um palco. A batida volta, agora em um ritmo muito mais passarela da vogue. A sensação ruim volta, agora como um enjôo fortíssimo, Max até precisou levar a mão a boca para evitar um acidente. Uma voz extremamente charmosa fala do palco, fazendo subir um arrepio pela espinha dos dois. As pessoas se amontoaram na frente impedindo a visão, gritando histéricas de emoção, agitando as mãos para o alto.

— não acharam que a noite acabaria antes do meu espetáculo não é? — falou. Não precisava de microfone, sua voz já era alta e potente para que também não precisasse gritar.

   A figura andrógina alta, no centro sorriu vitoriosa, elu gostava da glória, da atenção que estava recebendo, gostava de ser notade. Estava vestindo uma roupa de couro preta colada no corpo esbelto. A pele pálida e o cabelo em um topete loiro platinado refletia as luzes pressas no teto.

— bem-vindes ao antro da perversidade — anunciou.— onde suas almas são libertas das amarras da vida, para aproveitar sem culpa de seus prazeres.

    As luzes do teto mudam de cor assumindo tons de vermelho e azul e a pessoa no centro do palco começa uma performance de Gods & Monsters de Lana del Rey, a agitação aumentando cada vez mais, dançarinos ao seu lado executando uma coreografia sensual.
  Os meninos encaravam impressionados, como elu era capaz de transpassar uma sensação inebriante, enquanto dançava em um pole dance, conforme cantava cada letra da música. As mãos deslizava pelo corpo e a barra. Era impossível não olhar, impossível não prestar atenção na história que contava com cada gesto.

" Me and God, we don't get along "

  " No one’s gonna take my soul away "

    Em um canto escuro do local um vulto rápido é notado pelos meninos. Alguém sendo carregado por um cara tatuado e uma mulher com um corte de cabelo punk.

— É ele! — Max reconheceu a figura desnorteada, o homem do seu sonho, o mesmo do cartaz de desaparecido.

    Uriel o encara surpreso, em seguida corre o puxando em encontro com os três que sairam por uma porta lateral. Uriel chuta a porta com força fazendo a mesma se escancarar ela dava em outro beco. O cara do sonho jogado ao lado no chão, sangue escorrendo de cortes pelo rosto.

— larguem ele! — Balbuciou Uriel lentamente.

    Os outros dois lhe lançaram um sorriso macabro, mostrando os dentes longos e pontudos, era assustador e sobre tudo não era humano.

— o que querem? — indagou Max, Uriel a sua frente como uma barreira não o deixava passar.

— Nós temos pendências com ele, não é mesmo?— disse o tatuado, levantando o homem do chão pelos cabelos.

— que pendências? — perguntou Uriel franzindo o senho, os punhos serrados prendendo ao lado do corpo.

— sabe como é né, Elu manda e nós obedecemos — disse a do cabelo punk.

— chegamos! — Zack e Lyla passam correndo pela porta aberta.

— vimos vocês correndo para cá, então resolvemos ver o que estava acontecendo — Lyla explicou se aproximando.— puta que pariu mais que bichos feios!

— vocês são demônios não é? — Balbuciou Uriel. — Eu já devia ter notado.

— Garoto esperto ele.— zombou o demônio piscando os olhos, as pupilas sumiram, um tom de preto como piche preenchendo cada centímetro.

A Resistência: Legados Onde histórias criam vida. Descubra agora