26- Respostas

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Uriel dormiu no quarto de Max naquela noite, a companhia dele era algo de que Max não se encomendava. Muito pelo contrário, a presença de Uriel o trazia uma espécie de acalma, ou alguma coisa desse tipo, talvez porque ele era um anjo, ou talvez porque se sentia protegido perto dele.
Pelo visto Uriel era do tipo emocionado. Quando Zack deixou o quarto ele não se aguentava em sorrisos, e encara Max como se ele fosse a única pessoa do mundo.
Não havia acontecido um pedido de namoro nem nada, mas o simples fato de Max ter declarado que eles dois estavam juntos, para ele já era o bastante.
Jason, o corvo, mudara a personalidade assassina, como da água para o vinho e agora aparentava ter o temperamento de um papagaio. Max ainda tinha dúvidas a respeito de sua índole ainda imaginava que no meio da noite ele pegaria uma faca de serra e terminaria o serviço da noite passada. Mas como medir a índole de um pássaro?

Naquela manhã Zack terminava de transcrever as últimas palavras dos escritos encontrados, enquanto eles esperavam rodeando a seu mesa. Ele já tivera que brigar com eles incontáveis vezes pedindo mais espaço.
Enquanto isso em canto, Lyla empanturrava Jason com migalhas de pão.

- você sabe que ele não é um pombo né? - Zack parou o que estava fazendo para provoca-la por um instante.

- contínua fazendo, o seu trabalho - ela retruca, ele ri volta atenção aos papéis.

Depois de um tempo ele finalmente terminou de transcreve-los . Me sento em frente a eles pegando a tradução do primeiro, três parágrafos curtos, algumas palavras riscadas provavelmente traduzidas erradas. Uma letra caprichada.
Era um tipo de história, talvez relato, ou até mesmo lenda. Max a narrou em voz Alta:

- "Ele consumia tudo o que tocava e nunca estava satisfeito. Quando as primeiras coisas foram criadas, ele estava lá. Quando o primeiro homem andou sobre a terra ele continuava lá. Corroendo e destruindo. E quando o último homem da terra suspirar, ele terá conseguido o que tanto deseja.
Unidos pela mesma causa e guiados pelo desejo de liberdade, as três grandes raças: Os celestiais, Os divinos, e os espirituais aprisionaram o vazio em uma grande fenda. Cada raça usando um importante artefato de imensurável poder. Antes tentaram lutar o que foi inútil. Das cinzas seus mortos se levantavam, da vida eles bebiam e pelo fogo eram guiados, num ciclo sem fim e até então imparável.
Assim se originaram os três artefatos da imortalidade, dando fim a imensa guerra contra as criaturas sombrias, que dele saiam.
Os planos se unificaram em apenas um mundo, espalhando seus genes entre diferentes seres, perambulando por aí entre os humanos.
Mas ele ainda estará lá, esperando o momento certo para retornar."

Max pega a próxima folha em mãos, quase uma cópia da primeira em quesito aparência.
Mas a original se parecia mais com uma carta, em estrutura e conteúdo. Ele tornou voltar a ler.

- "Meu amado filho, Talvez demore um pouco até que consiga ler isto.
Quero que saiba que sinto muito por não poder estar com você. Designei um de meus discípulos mais leais para cuidar de ti por mim. Tenho total confiança nele. Você é muito importante para permanecer comigo, precisamos de você vivo. Lamento mas Acaronte está cada vez mais próximo de nos encontrar, ele sabe que a chave está comigo ___________ precisarei sumir por um tempo. Não me arrependo de ter o conhecido porque ele me deu você... ______________
Tentei impedi-lo, convence-lo de que isso era uma má ideia, mas ele não era mais o mesmo, aquele não era mais ele.
Estamos fazendo o possível para evitar o pior.
A profecia parece bem clara, " o bem e mal assim como Pais e filhos lutarão em uma guerra maçante, e apenas o último filho da magia será capaz de mudar o destino do mundo, mesmo que para isso seja necessário sacrifício."

Com você eu deixo a chave das almas, confio em você para proteger este artefato, sei que será capaz porque é meu filho. Sempre estarei com você."

Quando ele terminou as lágrimas já rolavam em seus olhos. A sensação de fracasso lhe invadindo o ser.

- quando Acaronte foi até minha casa, ele queria uma coisa. - começou contar se lembrando do dia.

- o que era? - envolveu os braços em seus ombros acolhendo-o.

- era um cordão que eu tinha a muito tempo - Max fungou. - não era nada valioso, pelo o menos era o que eu achava, Mas ele queria tanto, que era capaz de fazer qualquer coisa até mesmo ameaçou matar meu avô.

- e então?

- então eu dei a ele! - Max disse. - dei a ele um dos artefatos da imortalidade e mesmo assim ele matou o meu avô.

Uriel o apertou ainda mais nos braços.

- o Vazio? - Zack indagou. - como eles aprisionaram o vazio?

- essa é uma antiga história que meu povo também compartilha, eles usaram o poder dos três artefatos para aprisionar o vazio, uma força maior do que o bem, um mal que apenas vive para destruir. Como ele era imortal era a única forma - Uriel Balbuciou.- Uma das raças em questão era a minha.

- os anjos? - Max, o jovem narrador perguntou.

- sim, os intitulados como Celestiais. Não me lembrava dela, porquê é muito antiga, até mais do eu.

- o quão antigo você é? - Lyla pergunta descrente.

- mais quê um milênio - ele diz. Lyla engasga com o suco que bebia.

- a senhora tá bem conversada - ela zomba fazendo Uriel lhe fuzilar com os olhos.

- e esses artefatos da imortalidade? Você sabe quais são os outros? - Zack perguntou relendo o escrito.

- mais ou menos - Uriel pensou um pouco. - nosso povo dizia que um deles era a espada do fogo sagrado. Era quando a espada do lider dos anjos era consumida por um fogo divino que purificava tudo o que tocava. Mas a muito tempo um anjo não é capaz de empunha-la. Virou uma lenda.

- agora tudo faz sentido - Zack exclamou, era como se uma lambada tivesse se acendido em sua cabeça. - ele quer traze-lo de volta!

- como assim? - Lyla perguntou meio perdida.

- Acaronte, quer trazer o Vazio de volta! - ele explicou como se fosse óbvio - ele só foi atrás do Max porque ele estava com um dos artefatos.

- se for realmente isso ele irá atrás dos outros dois. - Uriel atestou.

- então precisamos encontra-los primeiro.- retrucou o menino de óculos. - qual outro artefato na história tem uma conotação espiritual envolvida? - ele ponderou caminhando de um lado para o outro sem rumo.

- pelo o menos uma dúzia deles - ele mesmo concluiu.

-mas pera aí. Temos uma guia espiritual entre nós. - Max observou os lembrando desse detalhe crucial.- não se lembra de nada que nos possa ajudar?

Lyla olhou para os lados procurando, se eles não falassem dela.

- quem eu? - apontou para o próprio peito.

- não! Eu! - Zack murmura impaciente.

Lyla para por um instante o ignorando totalmente. Procurando na memória algo que fosse útil.

- tem um lenda que minha vó me contava quando criança, a respeito de um objeto muito importante para nós. - ela pondera.- acho que vocês podem conhecer talvez como a lenda... do santo... Graal. É um objeto, em algumas religiões é retratado como um prato, mas na realidade segundo ela, se tratava de um cálice, onde quem dele bebesse ganharia a dádiva da imortalidade.
Ela sempre me contava sobre ele. Dizia que era muito importante para nós guias pois era ele que dava a vida eterna para nossos ancestrais, como era tão cobiçado acabou sendo roubado algumas vezes, passando por algumas nações. Assim como a espada, ele está perdido a muito tempo e acabou se tornando apenas uma lenda.

- tem muitas vertentes desse "mito", o cristianismo por exemplo diz que era o cálice onde o salvador derramou seu sangue, e tem muitas mais religiões espalhadas pelo mundo com suas próprias histórias de objetos ditos normais, que tem suas devidas importâncias. - Zack pontuou após uma análise na internet. - de fato acho que ele pode ser o que estamos procurando.

- O santo Graal - Max repetiu. - temos que encontra-lo antes de Deimos.

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