12- Sonhos ou Pesadelos

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Durante noites seguidas Max tem acordado ofegante de frequentes pesadelos. Eles nunca eram iguais, embora fossem bem semelhantes. Sempre assustadores e terríveis. As vezes sonhava com o encontro no parque e em como deixou o garoto escapar com um estoque surreal de magia, as vezes sonhava com o pai. Não com o rosto dele mas sim com aquele máscara horrível e se lembrava da que estava guardada no fundo do seu armário. A máscara de seu irmão, Daren.
    Está noite, no entanto, ele viu algo diferente das anteriores. No sonho, havia uma pessoa gritando alto e ela sentia muita dor. Estava em um beco escuro, vazio e úmido pela chuva. Suplicava por misericórdia. Teve medo de que fosse Daren novamente, atacando pessoas por ai e arrancando suas essenciais mágicas para fins malignos. Medo de que Deimos o estivesse forçando a isso. Medo de que ele não pudesse negar. O que o diferenciava esse dos outros sonhos e o que o tornava ainda mais perturbador, era o quanto parecia extremamente real.
Foi isso que o fez acordar está madrugada, se vestir e ir até o quarto de Zack.

- você acha que foi... real? - seu amigo perguntou sentado na cama de frente para o mesmo.

- não acho que Foi. Mas que Talvez ainda vá ser - respondeu.

- tá dizendo que foi algum tipo de visão, ou premonição?- Zack indagou levantando.

- Talvez, eu não sei. Depois que comecei o treinamento com Uriel e daquele dia no parque, eu me sinto mais... Sensível a essas coisas. Entende? - Max revelou.

— acha que pode ser ele de novo — Zack tentou ser o mais delicado o possível. — o seu irmão.

— eu torço para que não.

- acho deveríamos investigar! - Sugeriu Zack motivado.

- mas onde?, Não sabemos em que lugar isso vai acontecer, muito menos quando.

Zack que usava apenas uma samba canção e pantufas, se levantou pegando alguma roupa na gaveta, vestindo sobre o sobre o corpo. - Talvez possamos descobrir algo se dermos uma olhada no que está acontecendo nas sombras da cidade.

- o quer dizer?- Max perguntou intrigado.

- Que temos que olhar o que não querem que saibamos.

Zack caminhou até uma mesa no quanto do quarto, pegando um cartão em uma das gavetas. Seu quarto era, talvez, exageradamente arrumado demais, Max até já chegou a se perguntar se seu amigo não teria algum tipo de TOC, e em sua conclusão, não. Ele só era minuciosamente organizado.

- Temos que ter cuidado, se formos vistos ou pegos estaremos em problemas. Principalmente eu - Zack brandou.

Max concordou com um aceno positivo.

- merda - Ouviu Zack murmurar antes de abrir a porta. - As câmeras. Daqui não posso fazer nada.

- acho que consigo cuidar delas.

- como? - Zack o encarou com uma das sobrancelhas arqueadas.

- Tem alguma coisa no Latim, que quando eu falo com intensão as coisas acontecem - explicou desajeitado. - eles meio que viram Feitiços.

- vale a pena tentar. Não temos muitas opções, eu ainda tô estudando o lance com o metal - Zack deu de ombros esperando que ele fizesse alguma coisa.

Abriram a porta devagar. Max e Zack colocam apenas as cabeças para fora do cômodo, olhando para os dois lados verificando se estava limpo. Encaram um ao outro então Max sussurra para a escuridão:

- averte all.

A luz vermelha da câmera de segurança, pressa no teto que antes piscava, para com um leve estalinho que ecoa pelos corredores vazios.

- É disso que eu tô falando! - Zack murmura bagunçando o cabelo do amigo.

Max e Zack seguem caminho corredor a fora, se movendo nas sombras como espiões, os ouvidos atentos a qualquer barulho que poderia denunciar que seriam pegos. Passos, um espiro, o cintilar de um chaveiro, a Luz de uma lanterna, literalmente qualquer coisa.
Geralmente estes corredores não são vigiados, mas as alas principais tem uma rotina de guardas patrulhando para evitar exatamente o que estavam fazendo. Os guardas trocam de turno depois de um determinado tempo, mas nem mesmo isso sabiam exatamente quando isso acontecia. Eles teriam que pegar um elevador até a parte do laboratório onde ficava a maior central de arquivos digital de toda Boston. Assim conseguiriam acesso a documentos da polícia, mídia, hospitais e até mesmo certidões de óbito.
Enquanto corriam silenciosamente de pijamas, a luz da lua cheia refletia pelas enormes janelas de vidro, suas sombras projetadas como vultos nas paredes.

- para onde vocês vão? - a voz serena ecoou.

Os garotos pararam de correr congelando onde estavam. A voz vinda de trás dos mesmo, passaram tão rápido que provavelmente nem notarão a presença de alguém ali. Se viraram lentamente encarando Uriel, que sorria sentado no batente de umas das grandes janelas. Seu rosto iluminado pela luz da lua, a jaqueta vermelha sobre o ombro, os olhos dourados brilhando.

- que merda Uriel! - Max esbravejou levando a mão ao peito.

- vocês ainda não responderam a minha pergunta - lembrou ele com um sorriso sínico.

- porque não é da sua conta! - disse Zack com a cara fechada. - além do mais poderíamos te perguntar a mesma coisa. O que faz acordado a essa hora ahn?

- calma aí, não estou aqui para dedurar vocês - disse o mesmo levantando do batente com um impulso.- eu tenho dificuldade para dormir. Mas sabe, se me contarem, talvez eu possa ajudar em seja lá o que estão fazendo.

- acho que não tem problema contar para ele - disse Max.

Zack encarou o amigo descrente do acabou de ouvir.

- não tá falando sério né? - indagou ele indignado.

- eu só acho que...

Zack o puxou para um canto no corredor, sussurrando para que Uriel não os ouvisse.

- olha eu sei que você tem uma quedinha nele e tudo bem. Só que...

- pera, o que? Quem disse que eu tenho uma quedinha nele? Eu não tenho uma quedinha nele! - Max disse com uma voz esganiçada.

- maninho você sabe que tem. Mas esse não é o foco agora- Zack fez uma pausa dando uma olhadela perversa para Uriel, que lhe deu de ombros - você acha que dá para confiar nele?

- eu confio.

- eu nem sei porquê eu ainda pergunto - Zack disse com um suspiro.

Eles se voltaram para Uriel exitando por um estante. Então contaram todo o plano para ele que escutou atentamente.

- tô dentro! - Uriel disse quando terminaram de contar o que planejavam fazer.

- você tá dentro? - Zack repetiu.

- É. vou ajudar vocês a descobrir se isso realmente aconteceu ou vai acontecer.

- então temos que ir logo. Já perdemos muito tempo - Zack olhou para Uriel como se ele fosse o motivo de ainda estarem alí. E de certa forma ele era - se contar o que estamos fazendo para alguém, eu vou esquecer que você é um anjo, tá legal.

- Zack! - Max chamou sua atenção dando um soco em seu ombro.

- Podemos ir pelo refeitório - Sugeriu Uriel se apressando pelo corredor. - tem uma porta na cozinha que dá a um elevador para o subterrâneo. Assim não precisamos pegar a ala principal e correr o risco de sermos pegos.

- certo! - os meninos confirmaram em um coro sussurrado enquanto corriam pelos logos corredores.

   Mesmo que Uriel fosse de grande ajuda Zack nunca diria isso a ele. Uriel já tem ego de mais, e não seria ele o responsável por cultiva-la até que não desse mais para podar.

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