10- Eu odeio máscaras

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Na noite seguinte os quatro foram separados, e mais um esquadrão estava espalhado pela cidade vasculhando becos ou monitorando tudo dos telhados.
Max e zack formaram a equipe B responsáveis pelo perímetro oeste, Uriel e Lyla equipe A pelo Leste. Segundo Patrick séria mais eficiente assim, já que Uriel e Lyla tinham uma velocidade mais elevada e cobririam uma área maior em menos tempo. Ninguém questionou a decisão, afinal de uma forma, ou de outra, eles sempre acabavam juntos.

- grupo B qual a sua posição? - Lyla perguntou levando a mão ao aparelho de comunicação.

- estou próximo ao parque central - A voz de Zack soou mecânica pela orelha deles.

- algum sinal do mostro ou movimento estranho? - dessa vez foi a voz de Uriel quem perguntou envolta por um ruído constante, como se o vento batesse na entrada de áudio.

- nenhum - Max suspirou olhando em volta. - você estão no alto de um prédio? - indagou curioso com o ruído.

- Eu estou. O Uriel tá um pouquinho mais alto que isso - Lyla observou.

- o quão alto?

- digamos que precisávamos de uma visão aérea mais ampla.

- ele tá voando? - Max indagou absorto.- não acredito que eu perdi isso.

- E vocês? encontraram algo? - Zack indagou.

- Nada, sem rastros até agora - relatou a menina saltando de prédio em prédio oculta pela noite.

Mas deveria ter deixado rastros. Todo mundo, querendo ou não, deixa rastros sem que perceba.
Esses rastros são altamente perceptíveis assim que você retira a venda dos olhos e se se permite enxergar. E eles, eles iriam encontra- los custe o que custasse.

- okay, equipe B nós encontramos em 20 min. - Lyla instruiu.

- ainda acho uma má ideia terem me deixado sozinho - Zack balbuciou. - não é como se eu fosse o mais apropriado para enfrentar um monstro caso eu encontre.

- não é para ninguém enfrentar ele sozinho. Ainda não sabemos do que ele é capaz - Ela argumentou. - é por isso que vamos nos reunir.

- certo.

O menino seguiu o caminho até a entrada do parque pelas ruas escuras e noturnas da cidade. Aquela hora da madrugada ninguém era louco de andar por andar por aquelas ruas. Bom talvez os quatro se classificassem como loucos, mas não neste sentido.
Ele se dirigiu hesitante caminhando pela estrada que as pessoas com o mínimo de condicionamento usam para praticar suas corridas e caminhadas. Com a lua quase desaparecendo entre nuvens escuras carregadas da chuva que a meteorologia prometera, as árvores mais do nunca pareciam saídas diretamente de filmes de terror. Zack ouviu um galho se quebrar em algum ponto entre elas, seu coração palpitou descompassado, a adrenalina e o medo o fez levar a mão até uma arma de choque na cintura. Patrick havia lhe entregado antes dele ir.

- fica calmo é só algum animal - sussurrou para si mesmo engulindo o seco.

Ele deu um salto quando um vulto se moveu atrás de uma das árvores a sua frente. Ele parou e olhou em volta, mas não viu nada. Foi então que ouve outro vulto, vindo de outra direção. Zack começou a se sentir nervoso e decidiu sacar a pistola, recuando alguns paços para atrás até esbarrar em uma estátua de ferro em monumento, o fazendo parar.

Ele levou uma mão trêmula até o comunicador então sussurrou como se isso ajudasse a esconder a sua localização: - g-gente... Eu acho que não tô sozinho.

Uma gargalhada perversa ecoou pelo parque, a mesma gargalhada da noite anterior.

- Venham para para cá agora!

Foi então que a sombra atacou. Era uma criatura escura e assustadora mas não a mesma do dia anterior, essa se movia com rapidez e agilidade devido a sua forma pequena e esguia. Zack tentou correr, mas tropeçou em uma raiz de árvore e caiu, ele a acertou com o taizer que não surtiu muito efeito, logo ele já estava cem porcento em alerta. Aquilo não sentia dor?
Ele se levantou parando a mordida com a arma entre os dentes da espécie de cão/pantera.
Pânico o atingiu e um instalo ensurdecedor percorreu por seus ouvidos. O mostro abocanhou arma a jogando longe. Zack acertou um chute no estômago da fera que cambaleou alguns metros para trás.
De repente, algo estranho aconteceu. Zack sentiu uma energia peculiar percorrer seu corpo, como se uma chama ardesse em seu interior, uma chama dura e resistente se transformando em aço. O monstro sombra atacou novamente em um salto que com certeza arrancaria sua cabeça em cheio.

- Não! - No milésimo de segundos que a fera saltou e ele fechou os olhos, como em uma reação involuntária gritou jogando os braços pra frente. A espada da estátua gravou empalando o mostro de um lado ao outro.

Ele não sabia o que estava acontecendo, mas sentiu que tinha sido ele quem fizera aquilo de alguma forma.

Outra criatura se aproximou, pronta para atacar da mesma forma da outra, quando uma luz branca ofuscante surgiu a atingindo e envolvendo Zack como uma barreira protetora.
O mostro se afastou, parecendo confuso e assustado. Zack olhou para o lado e viu seu amigo se aproximar correndo.

- Você tá bem? - Max o ajudou a se recompor, posicionando-se ao seu lado. - o que foi aquilo? - indagou inclinando levemente o rosto.

- a parte do mostro de sombra, ou a do ferro que o atravessou?

- acho que as duas tem haver uma com a outra.

- Bom a coisa não sei de onde surgiu. - alegou. - e muito menos como fiz aquela barra voar.

- aquilo foi foda.

- valeu.

- acha que consegue fazer de novo? - questionou Max com um sorriso.

Foi então que uma figura não muito mais alta que eles, vestida de um sobretudo negro surgiu das sombras chamando a criatura de volta, ele usava um marcara com pequenos chifres que cobria seu rosto, deixando apenas algumas mechas de cabelo escuro e seus olhos com heterocromia a mostra. Um de um tom verde profundo e outro semelhante aos de Max e consequentemente aos de Deimos.
Max serrou os olhos lembrando-se da fatídica tarde que descobrira que seus pais estavam vivos e que infelizmente aquele homem era seu genitor, lembrou-se de como perdeu o seu avô. Da máscara que Deimos usava.
Seu mandíbula se contraiu. Automaticamente soube que aquela figura mascarada não era alguém que eles pudessem ter qualquer brecha e que teriam que tomar muito cuidado.

A figura encapuzada deu outra uma risada sinistra então prosseguiu se aproximando:- parece que vocês estavam me procurando, embora tenha sido eu a encontrar vocês. - disse com um tom sarcástico.

- você trabalha pra ele não é? - Max cuspiu sua acusação.

- para Deimos, o seu pai? - parecia que ele sabia o quanto isso o afetava.- Eu não diria PARA ele, e sim, COM ele.

- o que me denunciou, ãhn? - ele olhou para si mesmo como se procurasse por algo em meio a toda sua imagem exagerada.- foi a máscara? Ou minha entrada triunfal?
Aposto que foi a máscara! eu falei para ele...

- você parece só mais um capanga medíocre - Max observou. - um ajudante de vilão nos quadrinhos.

- eu sou medíocre? - os olhos por de trás da máscara faiscaram. - você não domina um terço do meu poder, tem a seu alcance dons inimagináveis e se quer tem coragem de usar, eu posso destruir montanhas ou conjurar um exército feito do nada com um estalar de dedos, e eu sou o medíocre?
Você me chama de ajudante de vilão porque acha que isso tudo é uma historinha onde você é o personagem principal!
Porque acha que nós os "vilões" sempre acabam perdendo de alguma maneira, não é? - com movimento de mão, cerca de outras cinco criaturas idênticas as outras surgiram a sua frente. Os olhos brilhando nas mesmas cores que os seus. - Mas não desta vez.

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