A Resistência: Legados

19- Aquilo era uma flecha?

   Estava tudo correndo bem e como se em um piscar de olhos um mês já havia se passado entre mostro sombra assassinos, meio irmãos mascarados e relacionamento conturbados.
E para completar o combo perfeito, uma das piores datas comemorativas do ano chegaria em todo seu vigor, trazendo consigo uma onda de amor incondicional e declarações para cidade de Washington. Espalhando por todos os lados decorações feitas de papéis vermelhos, buquês de rosas e caixas de chocolate em formato de corações. Além de casais melosos estampando todo seu amor, ou as grandes ilusões que tinham para
Distribuir. Mais rápido do que Max gostaria.

   O menino não odiava o amor, ele apenas não gostava do dia de são Valentim, que assim como no dia de ação de graças, as pessoas simplesmente esquecem que odeiam umas as outras, então saem por ai desferindo elogios em cartões baratos comprados em lojas de convivência. Os namorados planejam encontros cafonas e declarações desnecessárias como se isso fosse o bastante para demostrar o amor que sentem um pelos outros.
Na realidade o motivo de Max desprezar esse dia era outro, entretanto no momento ele não queria compartilhar isso com mais ninguém.

- mano eu odeio como a cidade fica nos feriados - Max ouviu seu amigo se queixar enquanto encarava a fila enorme da cafeteria. - fica difícil até para comprar um café.

- eu odeio como as pessoas ficam melosas hoje - Max contorceu a cara para o casal que se engolia na mesa ao lado.

- é o dia dos namorados ué, o que você queria? - respondeu Lyla truculenta.

- que todos se enfiassem em buracos, pra que assim meu estômago podesse sair desse carrossel enjoante, que me dá vontade de expelir as minhas tripas.

- eu gosto da energia - disse Uriel ameno. - eu não sei, gosto de como as pessoas ficam carinhosas.

- eu não ligo na verdade - Zack Balbuciou. - Mas Max só não gosta porquê não tem um namorado.

- você tá maluco - Max retrucou.

- sei muito bem do que tô falando — Zack estreitou os olhos como uma ameaça. — ou vai me dizer que você não gostaria que o...

- então quem vai se voluntariar para encarar a fila e fazer os pedido!? — brusco Max interrompeu a frase do amigo, cinicamente mudando de assunto.

- eu que não! - Zack foi o primeiro a tirar o dele da reta.

- eu também não vou - Uriel disse calmamente, levando a atenção aos que sobraram. Eles encararam Max com esperança.

O jovem torceu a cara antes de cruzar os braços de forma provocativa.

- Nem pensar! pensei que tinha ficado explícito de que não seria eu a ir quando fiz a pergunta.

- deixa que eu vou - Lyla se ofereceu, levantando de seu acento. - cês vão querer o que?

- um Cappuccino - Zack pediu.

- café preto, gelado e bem amargo. - Max pediu o seu.

- milkshake de morango - foi o pedido de Uriel.

- milkshake? A essa hora da manhã? - Max indagou descrente.

- uhum. — ele sacudiu a cabeça despretensioso. — melhor do que café amargo.

— o que está insinuando?

- que você também deveria pedir algo mais doce - Zack sugeriu. - já basta você de amargo.

- acho que a diabetes ainda não me é uma opção.

Lyla deu as costas para eles indo em direção a fila quase que quilométrica que por pouco não se estendia até a porta, a cada minuto a sineta pendurada no batente emitia um som fino e agudo pelo espaço, mais uma adição ao tumulto em direção ao balcão.
Pedidos e mais pedidos do menu especial eram selecionados enquanto ela esperava pacientemente sua vez chegar.
   Na mesa onde seus amigos residiam, um clima um tanto quanto enfadonho pairou sobre eles. Max e Zack se entre olharam.