35- A batalha final

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No calor da luta Max abre uma brecha que permite que Deimos se aproxime o apanhando pelo pescoço. O menino se debate com os olhos faiscando de determinação, Mas nada acontece. Seus ataques não surtiam efeitos, seus feitiços eram consumidos pela aura negra que o rodeava. O coração dele disparou no peito. Seu pai, estava à sua frente e o ar ficava cada vez mais escasso em seu pulmões.

Deimos, com seus cabelos negros bagunçados e olhos carregados de maldade, lançou um sorriso sádico na direção de seu filho. E com uma voz firme disse: - Não há mais o que fazer garoto. Ele não está mais aqui. Faz muito tempo que não está.

Uma lágrima teimosa escorreu pelo rosto do menino.
Max apertou os punhos envolta do pulso do pai, seus dedos trêmulos revelando sua agonia interior. Ele sempre teve a imagem de seu pai como um homem cruel desde seu primeiro encontro. Desde que matou e feriu pessoas que ele amava, mas nunca imaginou que a escuridão pudesse se apossar dele dessa maneira. Será que ele lutou? Se não pelo filho porquê não por ele mesmo?

- sempre a algo a se fazer - Max respondeu com uma voz rouca, mas determinada. Tentando recolher o máximo de ar possível. - Você se tornou um fantoche. Eu lutarei contra você até o fim.

Deimos soltou uma risada descontrolada,
Que se espalhou pelo campo: - Ah, Maximilian. Você não entende. Eu sou a chave para um mundo melhor. Se você me matar, tudo será o mesmo. Guerras e Mortes continuaram, a destruição e a única arma que vocês humanos conhecem. Tudo que acaba recomeça, e eu vou garantir que desta vez seja melhor.

As palavras do Vazio penetraram na mente de Max como punhais afiados. A ideia de um mundo melhor era tentadora, mas ele sabia que havia um preço alto a ser pago. A escuridão estava se agitando dentro dele, buscando uma brecha para escapar.

Uriel voou pelos céus com suas asas carmesins brilhantes, descendo velozmente em direção aonde os dois se encontravam. Seu coração pulsava com a determinação de proteger seu amado a todo custo. O ar estava impregnado com o cheiro de suor, sangue e fumaça, enquanto os soldados lutavam em uma dança mortal.
No centro da confusão, Uriel viu o corpo de Max ficar cada vez mais mole.
Deimos sorria com satisfação, sabendo que estava prestes a tirar a vida do único capaz de impedi-lo.
Sem hesitar, Uriel brandiu sua espada em chamas e avançou em direção ao feiticeiro. No entanto, antes que ele pudesse atingir seu alvo, uma barreira negra mágica o envolveu, impedindo seu avanço. Uriel bateu com força contra a barreira, tentando desesperadamente rompê-la, mas seus esforços foram em vão.

Acaronte gargalhou malignamente, apreciando a aflição de Uriel. Ele ergueu as mãos e murmurou palavras arcanas, evocando uma magia negra para reforçar a barreira. A luz brilhante que envolvia Uriel começou a enfraquecer, enquanto a escuridão se espalhava ao seu redor.

Enquanto lutava contra a magia opressora, Uriel olhou para Max e viu o medo nos olhos do amado. Seu coração doía de angústia e desespero. Ele sabia que precisava encontrar uma maneira de romper a barreira e salvar Max antes que fosse tarde demais.
Concentrando-se, Uriel invocou todas as suas forças restantes. Seu corpo tremia com a energia sagrada que fluía através dele. Com um último grito de determinação, Uriel canalizou a luz em sua espada e golpeou a barreira com toda a sua força.
Uma explosão de luz intensa irrompeu da espada de Uriel, rompendo a barreira mágica em pedaços. Livre da prisão que o mantinha afastado, ele voou em direção ao feiticeiro, sua espada brilhando com a fúria divina.

Com a visão turva os olhos do garoto encontraram as órbitas vazios de seu pai uma última vez, antes de se fecharem completamente.

- NÃO! - Ao longe pode-se ouvir o grito alto e desesperado de Uriel. Os olhares dos membros da resistência se voltaram para cena. O corpo de Max caído ao chão, agora sem vida.

A onda de destruição começou a consumir o mundo em uma velocidade avassaladora. E a cada momento o vazio ficava mais e mais forte.
Uriel correu até o corpo de Max o tomando nos braços colando o franzino corpo dele contra o seu, alisando seu rosto com o próprio rosto. O coração já não batia mais.

- Eu prometi que te protegeria - sussurou o Serafim. - e não consegui comprir... - as lágrimas de Uriel pingaram sobre a bochecha de Max.

O Uriel sentiu o corpo ficando leve até começar a flutuar para longe de seu alcance. O corpo de Max flutuou até um ponto no céu, que fez parecer que estava no meio do eclipse.
Todos observaram absortos inclusive o corpo possuído de Deimos.
O poder dentro Max explodiu em energia. As manchas negras em seus braços subiram por toda a extensão de seu corpo, envolvendo-o em um casulo roxo tempestuoso. As formas envolta dela brilharam como raios em uma noite de tempestade, enquanto ele se transformava na pura personificação da magia.

As sombras dançavam ao redor de Max enquanto a escuridão se espalhava pelo céu. Um feixe de luz intensa iluminou o jovem, destacando cada traço de seu rosto. Seus cabelos negros como ébano brilhavam com um tom avermelhado, enquanto seus olhos se tornavam profundos poços de puro poder. O ar parecia vibrar com eletricidade, e uma aura mágica o envolvia, estendendo-se por toda o campo.
Um vento forte soprou, erguendo uma densa nuvem de poera que fez com as pessoas levassem a mão aos olhos pra conseguir enxergar minimamente. Os tecidos das vestes e armaduras balançavam em uníssono, como se saudassem a manifestação do poder de Max.
Uma expressão determinada tomou conta do rosto de Max. Ele sabia que precisava subjugar Deimos, aquele que havia ameaçado seu mundo e aqueles que amava. A energia mágica que fluía através de seu corpo era uma arma para proteger os inocentes e fazer justiça.

Max flutuou na direção do antagonista, sua figura luminosa irradiando confiança e coragem. Ele desceu ao chão, com cada passo trazendo poder e autoridade. Seu toque era um fogo celestial, e o inimigo se curvou diante dele, subjugado pela grandiosidade do poder que Max agora possuía. Deimos, momentaneamente sobrecarregado pela presença imponente do vazio, lutou para retomar o controle. E talvez fosse ação do novo poder que sentia, mas ele pode por um momento ver em seus olhos um pouco de sanidade. A voz de Deimos era apenas um sussurro rouco quando ele disse: - Liberte-me do domínio dele. Acabe com isso.

Max hesitou por um instante. Abatido pelo resquício de controle do pai. Mas então, ele lembrou-se de todos os males causados pelo vazio, de todas as vidas perdidas em nome de sua ambição desmedida. Ele firmou sua determinação e ergueu a mão apontando-a para o coração de Deimos.

- Eu te perdoo, pai - sussurrou Max, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. - Mas eu não posso permitir que o mundo acabe.

- Faça isso, Maximilian. Por favor.

Deimos gritou em agonia, caindo de joelhos, incapaz de resistir à força mágica que o envolvia. O corpo dele desintegrou-se em milhares de partículas que se desfizeram no ar.
Max agora se transformará em uma entidade mágica, portadora de toda a magia e esperança. Ele havia ascendido além de suas próprias limitações, tornando-se um símbolo de poder e justiça para todos aqueles que precisavam dele.
Tremendo e aliviado. Uriel envolveu Max em suas asas protetoras. Uma algazarra de gritos de vitória e estalos de armas comemoravam um fim de um mal milenar. O menino retribuiu o forte aperto. Ele estava envolto em uma mistura de felicidade e tristeza.
Do local corpos eram recolhidos pelos que tinham condições de carrega-los, ainda haveria muito trabalho pela frente. O mundo precisaria ser praticamente reconstruído, e sempre necessitaria de ajuda e proteção. E agora o menino tinha mais uma carga sobre seus ombros. E como um grande sábio disse uma vez " com grandes poderes vem responsabilidades ainda maiores" ou algo do tipo.
Mas quer saber? ele não ligava mais para isso. Max passou a vida toda se importando com como as coisas poderiam acontecer, que simplesmente esquecia de viver o presente. Ele viveria o presente, viveria a vida que o universo permitiu que ele vivesse. Seu destino não era matar o próprio pai, destruir o vazio ou salvar o mundo. Seu destino era amar aqueles que mereciam ser amados, ter uma família, era se conhecer como indivíduo, respeitar seus limites e acima de tudo sentir a felicidade que merecia sentir.
Ajudar as pessoas seria como um bônus, porquê afinal a resistência sempre irá existir dentro de cada um quê persistir, que continuar de pé.

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