9- Aparições

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A noite estava escura e silenciosa na cidade de Washington, quando os moradores de um predio velho e mal trapilho começaram a ouvir estranhos grunhidos animalescos vindos da rua a frente. Logo, gritos de terror ecoaram pelas casas e, em questão de minutos, o casal do apartamento 211 estava morto. Sangue escorria da grande janela refletindo em um espectro vermelho as luzes da cidade em uma verdadeira penumbra sem lua.
Os corpos, jaziam estraçalhados por toda a parte.
Para a polícia que chegara na manhã seguinte ao chamado de uma velha senhora vizinha de porta, ela se levantara para comprar pães logo á esquina, mas ao invés disso acabou se deparando com uma poça de sangue que sinuosamente escorria por debaixo da porta recém pintada de tinta branca barata. "Aquilo era mais um caso de algum louco Serial killer" deduziu um policial. O que até certo ponto não deixava de ser verdade.
O problema era que isso ia muito além do imaginário dos polícias, do imaginário de qualquer pessoa. Mesmo que as vítimas continuassem aparecendo, aparentemente elas não tinham relação
alguma umas com as outras, o casal definitivamente feliz no apartamento velho ou a jovem mulher dona de uma loja de chás.

Alguns dias se passaram, e a notícia de um serial killer a solta já tinha sido transmitida pelos canais de televisão.
E as mortes continuavam acontecendo, ainda sem algo que ligassem as vítimas umas as outras. Nenhuma câmera conseguiu capitar uma imagem nítida do assassino, as poucas imaginas que tinham eram de borrões e silhuetas.
    O treinamento de Max continuou em um ritmo agradável durante algumas semanas, o progresso tem sido notável e sua relação com Uriel e os outros integrantes do grupo vem se desenvolvendo bastante ao longo dos dias. Ele tinha a impressão de que eles estavam aprendendo a lidar com a sua personalidade reclusa, assim como ele também aprendia com a individualidade de cada um, era um tanto quanto difícil, o que ele mesmo também buscava.
     Embora agora o menino já não passasse tanto tempo trancado no quarto, de vez em quando ainda se sentia um pouco deslocado, como uma figura estranha invadindo todo um espaço desconhecido e já povoado, um fardo que eles só carregavam por obrigação. Não sabia o quanto disso era coisa da sua cabeça. Metade? Menos que isso? Tudo, ou Talvez nada.
   Por isso sua mente um tiquinho danificada muitas das vezes sentia a necessidade desesperada pelo silêncio e pela monotonia, enviando sinais que indicam quando ele precisa de um tempo sozinho.

- Ah pronto! Um serial killer?! - Zack esbraveja caminhando em meio ao grupo. - não era nem para gente tá andando na rua a essa hora.

Eles voltavam de uma cafeteria que  descobriram e começaram a frequentar recentemente. Os outros três se entre olharam antes de encarar o garoto.

- nós somos tipo... um grupo de super heróis? - Lyla observou. - não tem porquê ficar com medo.

- vocês são! Eu não! Eu sou só um saco de carne, frágil com óculos, fácil para ser picado em pedaços. - disse ele olhando em volta como se a qualquer momento alguém fosse aparecer das sombras com uma motoserra para ataca-lo.

- fica calmo. Tá com a gente tá com Deus. - Max brincou.

- É maninho eu sou literalmente um anjo. - disse Uriel rindo do próprio comentário.

- não achei graça.

A algumas ruas não muito longe de onde estavam, uma homem solitário caminhava pelas ruas desertas daquela parte da cidade. Ele voltava de mais um dia no trabalho, um médico. De repente, um vento forte soprou, e as luzes da rua piscaram antes de se apagarem completamente, de onde estava Zack deu um pulo se agarrando ao braço do amigo.

- o q-que foi isso? - murmurou entre o gaguejo.

- deve ter sido só um apagão - Max tentou acalmar o amigo. Mas a verdade era que o frio que lhe subiu a espinha não o agradou nadinha.

A Resistência: Legados Onde histórias criam vida. Descubra agora