03 | Reencontro

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BRIAN BROOKS
𝟮𝟬 𝗱𝗲 𝗔𝗴𝗼𝘀𝘁𝗼, 𝗤𝘂𝗶𝗻𝘁𝗮

Fazia cinco dias desde que aquela garota sem senso aparecera para me fazer a tal proposta inviável e eu
ainda estava sem conseguir acreditar.

Trinta mil dólares por um simples papel em uma peça qualquer de escola?

Só podia ser brincadeira.

Nem nos meus maiores devaneios já cheguei a imaginar que algo desse porte poderia me ser ofertado um dia – até porque, para começo de conversa, nunca esperei que fosse dever tudo isso de dinheiro ou sequer supus que minha voz pudesse valer tanto.

Mas sério...

O que se passava na cabeça daquela garota? Para me abordar daquele jeito super bizarro e me propor esse acordo como se fosse a coisa mais normal do mundo?

Ela comia cocô com colher?! Porque não era possível!

Juro que fiquei tentado a perguntar isso, no momento que se aproximou de mim feito uma surtada. Só que, por no fundo ter medo de quem ela era – filha do patrão do meu patrão – e o que representava, resolvi me conter.

Vai que de repente, da mesma forma inusitada que surgiu para me importunar, ela decidisse fazer ameaças com o meu emprego?

Não poderia me dar a liberdade de perdê-lo!

Então, ainda que ela merecesse, tive que segurar qualquer vontade que surgiu de ofendê-la ou agir de uma maneira mais ignorante diante aquela sandice.

Meu pai, depois que o contei, afirmou de pé junto que ela jamais me aterrorizaria com a ideia de demissão.

Disse que às vezes ela podia exagerar na falta de noção, mas nunca prejudicaria ninguém dessa forma, ainda mais se a pessoa estivesse na mesma situação financeira que a minha. Ele também confirmou que realmente tinha uma certa amizade com ela e que houvera, sim, relatado algumas coisas sobre o que aconteceu e estava acontecendo comigo.

Fiquei muito puto ao saber disso, porque porra, ele não tinha que sair por aí contando particularidades da minha vida aos outros, principalmente a uma garota louca, que adiante considerou usar isso contra mim na tentativa de me convencer a fazer parte da sua loucura.

Se queria ultrapassar os limites da estranheza para ser amigo dela, que fosse, mas que me mantivesse fora disso e deixasse para compartilhar apenas questões suas.

Como desculpa, se é que podemos chamar assim, para esse tal disparate, ele simplesmente falou:

— Não era como se pudéssemos esconder, filho, porque veja bem, eu costumo contar tudo para Marian, a Marian, por ser tia do Simon, costuma contar tudo a ele, e o Simon, por ser melhor amigo da Alina, costuma lhe contar tudo também, ou seja... ela ficaria sabendo de qualquer forma.

Detalhe, no momento que isso foi dito ele não estava nem um pouco sério ou concentrado, pelo contrário, parecia estar se divertindo horrores à custa da minha indignação.

A cada palavra que relatava sobre o acontecido, ele,
sem se limitar, soltava uma gargalhada, totalmente descontraído.

Não conseguia entender o motivo dele ultimamente estar sempre de tão bom humor e feliz da vida. Tinha dúvidas se era porque seria pai novamente, ou se era porque, devido ao período de convivência com aquela menina, havia ficado moloide.

Só tinha noção que nos últimos tempos ele andava super de boa, e isso de certa forma passou a me incomodar, em especial, por ele ficar a todo instante tentando me fazer entrar nesse estado contemplativo, quando, na verdade, não queria e não possuía motivo algum para estar.

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