06 | Começo De Uma Bela Amizade

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ALINA HAMILTON
𝟯𝟬 𝗱𝗲 𝗔𝗴𝗼𝘀𝘁𝗼, 𝗗𝗼𝗺𝗶𝗻𝗴𝗼

— Ainda não consigo acreditar que deixei mesmo você me convencer a essa loucura — disse ao Brian na hora que passamos pela entrada da pista de boliche. — Se eu me tornar uma desleixada por conta disso, você vai me pagar.

— Relaxa — o moreno respondeu de um jeito bem tranquilo. — Não tem a menor chance disso acontecer, pilhada do jeito que você é... duvido. Mas, se for o caso, antes desleixada do que surtada, né?

Perguntou ao me olhar com as sobrancelhas erguidas.

Franzindo a minha testa por não ter gostado nem um pouco da sua fala, o respondi:

— Não! Antes nenhum dos dois — fui taxativa. —
Só que para o surto pelo menos se tem tratamento psicológico fundamentado. E pro desleixo?

— Se tem as consultas com os coaches motivacionais — ele ironizou, com os lábios um pouco repuxados. — Bem coisa de burguês... sua cara — finalizou, ainda com o tom irônico, e eu achei muito do serelepe, para quem estava há alguns dias me dando resposta atravessada.

Mas isso não era uma reclamação, muito pelo contrário, era uma felicitação, porque gradualmente ele estava começando a se soltar comigo, o que era muito,
muito bom.

— Não acredito em coaching, pelo menos não fora do esporte — informei, enquanto esperávamos na fila para pegar os calçados adequados para pista. — E para sua informação, eu não sou pilhada. Só sou muito focada e determinada — disse incisiva, o que o fez debochar de novo de mim.

Aham. Agora se enfiar em rotina, atrás de rotina e não separar nem um tempo para descansar porque acha isso um absurdo catastrófico, se chama: foco e determinação. Não tem nada a ver com pilha. Entendi.

Revirei os olhos mais uma vez no dia.

Já havia perdido a conta de quantas doses foram. E tudo por conta desse assunto, que de forma nenhuma ele conseguia assimilar.

Hoje, pela manhã, estávamos fazendo aquecimentos vocais e treinando técnicas de afinação na cobertura. Como Brian estava liberado do serviço no restaurante, liguei para ele, pedindo para que fosse até a minha casa
a fim de darmos início a pelo menos o básico dos
nossos trabalhos.

Em uma das pausas para beber água, ele fora futricar a minha lousa móvel após avistar o seu nome escrito nela. Na mesma continha – agora de maneira mais atualizada, já que o Sr. Brooks havia o matriculado e os horários das aulas e atividades extracurriculares foram liberados – como seria a nossa rotina de estudos, ensaios e treinos.

De segunda a domingo, até em feriados.

Por perceber que entre um horário e outro não havia nenhuma espécie de refolgo prolongado, Brian deu um show – algo parecido como um ataque de pelancas.

Para mim esse negócio de folga era o caminho exato para o declínio da dedicação. Tínhamos a chance de começarmos a desleixar por isso, querendo sempre
um tempinho aqui e ali e deixando para fazer nossos deveres depois.

Só que de jeito nenhum o bonito entendeu esse pensamento.

Afirmou que aquilo era maluquice. Que não existia isso de ficar fazendo tudo regrado, sem nem ao menos poder tirar um tempo para relaxar. Que estava puxado demais, que com certeza surtaríamos, e... muitas outras coisas exageradas.

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